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#Opinião – O cúmulo da hipocrisia

Podem falar que eu sou radical, e até que eu não tenho coração, mas, de fato, eu preciso dizer algo que está me indignando. Essas manifestações de solidariedade por parte desses políticos envolvidos em corrupção, para com as famílias das pessoas envolvidas em diversas tragédias mundo afora, não passam de um teatro sensacionalista, na tentativa de se alto promoverem em cima da desgraça alheia. São meras lágrimas de crocodilos, uma vez que com suas atitudes suspeitas e atividades ilícitas, promovem tragédias bem piores que as atuais. Qualquer um sabe que o aumento da criminalidade, a precariedade na saúde, o desgaste na educação, a miséria e a fome, que matam milhões de inocentes em todo mundo, tem tudo a ver com a corrupção desenfreada que assola o planeta, em especial e com muita força, o Brasil. Radical e sem coração é um político que em prol do benefício próprio, mesmo com tantas regalias, promoções, e salários milionários, saqueia os cofres públicos sem compaixão, deixando o país no estado que está. Posso ser “bom”, mas não bobo. Ver um político corrupto lamentando uma tragédia, seja ela qual for, é o mesmo que ver um terrorista cruel reivindicar um atentado.

De igual modo, é falar que o nosso país aboliu o racismo a partir da lei Áurea. Isso é um absurdo! Porque ainda hoje cenas, e fatos sobre racismo no Brasil são “notícias” constantes. Mas, são notícias somente quando envolve algum famoso ou alguém poderoso. Fora isso, a favela sofre com o racismo diariamente, e pior: como se não bastasse a classe alta nos detonando, tem uma meia dúzia de pobres que discriminam pobres, isso sem falar do tanto de capitães do mato disfarçados de policiais, porteiros, seguranças de estabelecimentos, e por aí vai. Todos pobres. Racismo e preconceito sempre andam juntos e misturados. O racismo e o preconceito tomando forma, uma vez que, se você tem preconceito de algo ou alguém, nem sempre demonstra claramente; mas, quando isso acontece, geralmente você trata algo ou alguém de forma racista.

Alguns até dizem que precisamos aprender a conviver com isso. “Cê tá louco?!” A verdade é que precisamos nos colocar no lugar do outro antes de fazer qualquer julgamento precipitado, antes de espalhar qualquer boato, e antes de acharmos que somos melhores do que qualquer um, quando o assunto é vida. Algo que engana é quando atentamos para a aparência e não para o coração. Somos todos iguais e ao mesmo tempo diferentes; porém, se queremos deixar de sermos preconceituosos e racistas, devemos primeiro respeitar as diferenças, e acima de tudo, tratarmos o próximo da forma que gostaríamos de ser tratados. Sendo assim, indiferente, e /ou independente do sexo, da idade, da classe social, da escolaridade, da cor, da crença, da situação e do local onde cada um se encontra; devemos desapegar do orgulho, da soberba e da hipocrisia, se quisermos viver em harmonia e, mais do que isso: se quisermos ser felizes. Porque, uma pessoa hipócrita é preconceituosa, racista, e consequentemente infeliz; uma vez que para ela se sentir “alguém” precisa diminuir outro, quando na verdade, isso mostra o quanto ela é mesquinha, e mesmo tendo tudo, isso não vale de nada, pois se sente inferior àquela pessoa a qual ela tenta a todo custo diminuir. No caso aqui, ter tudo não vale nada, porque, ter tudo, não implica em algo material, e sim em algo espiritual. Finalizo dizendo que a felicidade não está nos bens que a gente tem, e sim, no bem que a gente faz. E que a hipocrisia só faz mal pra quem a tem, é esse mal só pode ser curado por quem está doente; pois, a cura vem de dentro pra fora.

Esta coluna é de responsabilidade de seus autores e nenhuma opinião se refere à deste jornal.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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