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“Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci’’

MORADORES TIVERAM COTIDIANO ALTERADO POR CONTA DE VIOLÊNCIA EM PROTESTO - Foto: Bruno Itan
MORADORES TIVERAM COTIDIANO ALTERADO POR CONTA DE VIOLÊNCIA EM PROTESTO - Foto: Bruno Itan

Violência em favelas cariocas nos últimos meses trazem a tona o fracasso da única política de segurança pública adotada para o estado do Rio de Janeiro

Esta matéria poderia ser escrita inteira só com os nomes das vítimas, entre baleados e mortos, dos confrontos nas favelas do Rio de Janeiro das últimas semanas. Apenas no Complexo do Alemão, em uma semana, sete vidas não existem mais. A equipe de reportagem do jornal Voz das Comunidades cobriu três enterros em uma semana. Mães devastadas de tanta tristeza. Amigos em prantos. O motivo, dessa vez? A implementação de uma base blindada. Depois que esta fosse estruturada, os policiais poderiam desocupar as casas de moradores, como faziam arbitrariamente há mais de um mês, mesmo depois de diversos órgãos, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Ministério Público (MP), determinarem a saída imediata dos policiais.

AUDIÊNCIA PÚBLICA

Em Audiência Pública para falar dos abusos policiais, realizada pelo coletivo Juntos Pelo Complexo do Alemão, o subcoordenador de Polícia Pacificadora, Marcos Borges, chegou a afirmar que a ocupação das casas das pessoas fazia parte de um “planejamento”.

Amigos protestam durante enterro de Gustavo Silva Foto: Betinho Casas Novas
Amigos protestam durante enterro de Gustavo Silva
Foto: Betinho Casas Novas

OUTRAS FAVELAS

Em outras favelas, de diversas áreas da cidade do Rio de Janeiro, como Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, na zona sul, Kelson’s, Complexo da Penha, Tijuca e Borel na zona norte, Vila Kennedy e Cidade de Deus, na zona oeste, só para citar alguns exemplos, não foi diferente. A situação denota o fracasso total da única política adotada para o estado do Rio de Janeiro:  as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

Os números confirmam a tese. Um levantamento realizado pela Polícia Militar mostra que, em cinco anos, os confrontos em áreas com UPPs, como o Complexo do Alemão, aumentaram 13.746%. Em 2011, foram apenas 13. No ano passado, 1.555.

A especialista em segurança pública e gestora de dados do aplicativo Fogo Cruzado, Cecilia Oliveira, confirma o que os moradores do Alemão gritavam na manifestação realizada no dia 27/04, quarta-feira, após a morte de Paulo Henrique, de 14 anos. “Fora UPP, fora UPP”. “Está muito claro que a única política de segurança pública adotada para o Rio de Janeiro, as Unidades de Polícia Pacificadora, não deu certo. Com o estado nessa crise, o que impossibilita qualquer tipo de ação, o  momento é de repensar. Infelizmente eu não estou muito otimista” – lamenta Cecilia.

Enquanto o futuro não desenha nada diferente do que já dizia o “Rap da Felicidade”: “pessoas inocentes que não têm nada a ver / estão perdendo hoje o seu direito de viver”, o jornal Voz das Comunidades segue lutando, através da imprensa, pelos nossos direitos da condição de cidadão.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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