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Agosto Lilás: O mês que reforça a importância de denunciar casos de feminicídio

Por: Jhullyana da Silva

Cerca de uma mulher é assassinada a cada duas horas no Brasil. De acordo com o Datafolha, no ano passado foram registrados cerca de 4.473 homicídios, um aumento de 6,5 % em relação ao ano anterior. Mais de 500 mulheres são vítimas de agressão física a cada hora no Brasil. Além disso, 29% das mulheres brasileiras equivalente a 16 milhões, afirmam ter sofrido ofensa verbal, ameaça, perseguição, empurrão e chute. Já 40%, o que equivale a 23,2 milhões, é o percentual de mulheres que dizem ter sido vítimas de assédio como comentários desrespeitosos na rua, comentários desrespeitosos no trabalho, assédio físico no transporte público e abordagem agressiva na balada.

Os números assustam, mas a verdade é que a violência contra a mulher vai muito além da violência doméstica e violência física, as marcas psicológicas que ficam nas mulheres causam traumas para uma vida inteira. Aquela famosa frase, ‘’entre briga de marido e mulher ninguém mete a colher’’, criada pela sociedade a fim de tapar os olhos e fingir uma aceitação de algo normal, fez com que milhares de mulheres fossem mortas sem nenhum tipo de auxílio e socorro.

Recentemente tivemos o triste caso de Tatiana Spitzner, advogada paranaense de 29 anos encontrada morta após supostamente cair do quarto andar do prédio em que morava com o marido Luis Felipe Manvailer, indiciado por homicídio qualificado pela morte da advogada. Após imagens de conversas serem publicadas, fica claro as condições de violências expostas por Tatiana meses antes de sua morte, relatos de agressões verbais, físicas, palavras de ódio, confirmando a suspeita de que Tatiana como muitas mulheres, também era vítima de um relacionamento abusivo. Todos os dias mulheres  são atingidas também por ofensas e calúnias por seus companheiros, namorados ou até mesmo colegas de profissão. Muitas das vezes acreditam na mudança, mas não há mudanças, e elas acabam não denunciando por medo ou por se sentirem culpadas.

Desde pequenas somos impostas ao machismo da sociedade, crescemos ouvindo ‘’mulher tem que se dar o respeito’’,‘’ lugar de mulher é na cozinha’’, ‘’mulher no volante, perigo constante’’, frases que diminuem a mulher, fazendo com elas sejam tratadas como objetos sexuais e propriedade particular dos homens. Uma pesquisa realizada pela Skol em parceria com IBOPE, revela que o preconceito mais praticados no Brasil é o machismo, indicando também que cerca de sete a  cada dez brasileiros já fizeram comentários intolerantes, mas só 17% acreditam ser preconceituosos. Infelizmente vivemos em um tempo onde o machismo mata, dos 4.473 assassinatos registrados em 2017, 946 casos foram de feminicídio, o que significa que os atos de violência foram cometidos contra as mulheres pelos simples fato de serem mulheres.

No mês que a Lei Maria da Penha completa 12 anos, a campanha Agosto Lilás: uma conscientização da violência contra mulher, ganha força em meio a tantos casos de agressões, estupro e morte. Chegou a hora de pedir ajuda! Vocês mulheres que são maltratadas, ameaçadas ou ofendidas, vocês não estão sozinhas. A culpa não é sua, a culpa não foi de Tatiana. Nem da Maria da Penha. Procure ajuda, é possível ver os primeiros indícios para um feminicídio, uma mensagem de ódio, se você é privada de sua liberdade, peça ajuda, uma atitude simples que pode salvar a sua vida. Vizinhos, ajudem! Denunciem! Não sejam omissos, “metam a colher”, vocês podem ajudar alguém a não ter a vida covardemente perdida.

Para combater a violência contra às mulheres, disque 180.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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