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Opinião: 10 Medidas para não mudar nada

Nos últimos dias, tenho lido muitas postagens em tom de revolta e até de incredulidade nas redes sociais, sobre os rumos que estão tomando as famosas “10 medidas contra a corrupção”.

De início, ressalto que, não acredito que 10 medidas, quaisquer que sejam, possam resolver o problema da corrupção no Brasil. Precisamos de algo maior (e menos simbólico e mais prático) que isso, mas esse é um assunto para depois. Por ora, falemos das postagens revoltadas e incrédulas sobre as tais medidas.

Sinceramente, não consigo compreender a incredulidade. O Congresso Nacional é, hoje, representado pelos mesmos grupos (muitas vezes pelas mesmas pessoas) que estão por lá há décadas: o “establishment” político brasileiro, ou simplesmente os políticos tradicionais com os quais a História Brasileira está acostumada a lidar. Esses políticos, ao mesmo tempo que fazem sobreviver o sistema que os garante poder quase que perpétuo, se beneficiam enormemente dele, numa simbiose que funciona muito bem para ambos os lados.

É preciso perceber, então, que para essas pessoas não é interessante mudar o sistema. É do sistema, no sistema, pelo sistema e para o sistema que elas vivem. Mudar não é interessante. Esses mesmos políticos mantiveram as coisas como elas são por anos e anos, e não há qualquer razão específica para acreditar que agora seria a hora de mudar as regras do jogo. O sentimento correto nesse momento não deveria ser o de incredulidade, mas o de conformismo. Não é que devêssemos ficar conformados com a situação, é só que deveríamos tomar a responsabilidade pelo que vem ocorrendo no Congresso Nacional, catalisar o sentimento de revolta até as próximas eleições, e aí sim tentarmos mudar as coisas fundamentalmente.

A realidade é que o que vemos acontecer agora com as 10 Medidas contra a corrupção é bastante previsível, e para essa constatação bastar lembrarmos de que quem está à frente dessa decisão são líderes historicamente pouco zelosos com a coisa pública e que se beneficiam do sistema descuidado e corrupto que os rodeia.

Sejamos realistas: nenhuma “medida contra a corrupção” vinda da atual composição legislativa brasileira poderá mudar fundamentalmente os equilíbrios de poder e acabar com as ilegalidades políticas das quais tomamos conhecimento diariamente. A mudança precisa ser mais forte, vir de dentro, e ter legitimidade popular por meio do voto. É disso que falaremos semana que vem.

Autor:

jose_novaimagem-colunista

Esta coluna é de responsabilidade de seus atores e nenhuma opinião se refere à deste jornal.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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