Pesquisar
Close this search box.
Pesquisar
Close this search box.

A gente precisa produzir entretenimento de qualidade nos meios de comunicação

‘No que você está pensando, Wesley?’, o Facebook instiga. Todo dia esse safado faz isso com todo mundo.

Mas então, pô, tanta coisa.

Tô aqui pensando no porrilhão de porcaria que tá sendo produzido pro entretenimento de massa. No muleque na banheira de Nutella. No Danilo Gentili. Na imagem da Pugliesi deitada, pensando, enquanto faz terapia pra aceitar que é feliz.

É Dudu Camargo demais pra descer pela goela.

E, cacete, o que a gente faz sobre isso?

Textão.

Toma-lhe chuva de palavra-chave. É o homem feministo. É o “fora hétero”. É o lacre. É a baladinha top depois de amanhã porque sextou. É o Hungria hiphop com mais de MEIO BILHÃO DE VISUALIZAÇÕES com o que ele mesmo chama de ‘rap universitário’.

2 Magro não é a lei.

Enquanto isso, o Dudu Camargo tá beijando a Sônia Abrão. Tá beijando uma senhora da plateia. Tá dando aula de sarrada em rede nacional. Tá fazendo strip às 6:54 da manhã enquanto o Temer acorda pra agradecer Baal por mais um dia curtindo a vida adoidado.

Que merda.

No que eu tô pensando?

Na morte da bezerra, seu Zuckerberg.

Pensando aqui que ‘ocupar todos os lugares’, pra mim, não se trata mais de fazer festival de rua. Não é mais sobre o espaço público da minha Baixada Fluminense.

A parada é ocupação midiática mermo.

Porque nossos textões e festas maneiras não farão o menor sentido enquanto forem só pra nós mesmos. Porque essa geração gender fluid ainda tem algumas décadas de patriarcado pela frente. Porque a minha geração, a turma dos anos 80, agora é quem manda na parada e convenhamos que ainda tá mandando muito mal.

Tirando Stranger Things.

Stranger Things é maneiro sim. Mó medo daquele monstro. Po, tu viu?

Maneirão.

Maneiro mesmo seria a gente não precisar ter o Bruno Gagliasso como exemplo de homem hétero legal – imagina que irado a gente ter um em cada casa do Brasil?

Maneiro mesmo seria a gente poder rir das nossas diferenças numa boa, com respeito, e parar de escutar o Gentili falar que ‘o povo tá chato’. Ou o Rafinha pedir logo desculpas pra Vanessa Camargo, porque aquele dia ele vacilou mesmo e bola pra frente. Ou o Faustão falar de novo que o atual governo toma decisão unilateral sem consultar a sociedade.

Ou o O Tal Show ter uma segunda temporada dinâmica, sem perder nada pra esses talk shows por aí – mas não fale mal do Bial, que o programa dele tá maneiro sim.

Imagina?

Só sei que enquanto tô aqui idealizando demais, o Dudu Camargo tá pegando muito mais gente que eu.

Vem, Sônia Abrão.

Compartilhe este post com seus amigos

Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram
WhatsApp

EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

Contato:
[email protected]