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Síndrome de Al Gore

Brasil, mostra sua cara! E que cara, hein meu Brasil?! …

Hoje pela manha acordei desanimado e melancólico. A causa? Nossa situação. A despeito dos últimos acontecimentos, eu não queria estar vivendo essa crise. Não gostaria de estar, nessa fase da minha vida, vivendo em um pais com uma crise econômica e política de graves proporções. Gostaria de estar em um país forte economicamente e estável na política. Um país que eu pudesse ter o orgulho de dizer que não passou por dois processos de impeachment em menos de trinta anos. Um país “cool”, na qual eu me orgulhasse plenamente.

Mas quem são os culpados? Há gente suficiente nas ruas? E dentro da política, com uma mentalidade diferente para mudar esse país? E os jovens, que tanto participaram no passado em outros acontecimentos, estão igualmente ativos? Bem, ser jovem no atual cenário requer escolhas. E uma delas diz respeito a fazer parte da política ou não.

Já ouvi de muitos amigos (jovens) que a política não presta; que não lhe dão o devido valor; que não adianta lutar por ideais, pois a política brasileira não vive disso; e que o sistema está sujo até o topo. Muitos colegas estão céticos com a política. E eu tomei a liberdade de denominar isso de Síndrome de Al Gore.

Al Gore foi vice presidente dos Estados Unidos na gestão Bill Clinton, entre 1993 e 2001 e candidato a presidente na eleição de 2000. Sua popularidade era altíssima e todos davam por inevitável a sua vitoria na corrida pela Casa Branca contra George W. Bush. Mas ninguém esperava pelos votos do Estado da Florida, que na época tinha como governador o irmão de George Bush, Jeb Bush. Com suspeitas de fraude na contagem dos votos nesse estado por causa diferença mínima de colégios eleitorais do vencedor para o derrotado, Al Gore solicitou a recontagem, mas a Suprema Corte dos EUA negou o pedido, declarando vitorioso George W. Bush. Após essa devastadora derrota, Gore não deu mais entrevistas à televisão e sumiu dos holofotes por um tempo. Logo após ele se engajou no ativismo ecológico, fazendo com ganhasse um Nobel da paz e seu documentário ganhasse um Oscar. Mas a amargura de não ter sido presidente ainda era evidente, como bem notado em uma dificil entrevista que a jornalista Barbara Walters conseguiu fazer. Ao se apresentar a um grupo de alunos em uma escola local do Nashville, ele disse as seguintes palavras:
– Sou Al Gore. Eu deveria ser o próximo presidente dos Estados Unidos da America.

O que levou Al Gore a abandonar a política? Eis uma pergunta sem resposta. Mas através de seu comportamento, podemos deduzir que ele se cansou dos jogos de poder. Cansou da “sujeira” escondida atrás das cortinas. Cansou de ser um jogador que nem sempre ganha, e às vezes quando perde, perde de forma fraudulenta. Gore parecia estar desacreditado com a política, por mais que ele fosse cotado a ser candidato em 2004 e 2008. Esse desapego a política por causa de desilusões, tão notário entre os jovens, eu nomeio como a síndrome de Al Gore: uma repulsão a política por ela aparentar ser suja, corrupta, amoral e sem principios.

Mas eles não percebem que somos nós quem deveríamos limpá-la. Somos nós os responsáveis pelo dever de arrumar essa bagunça; de limpar nossa casa; de livramos de pequenos hábitos que corroem a política brasileira. Somos nós que deveríamos entrar e lutar para mudar esse sistema! Por esse motivo exposto, eu suplico a vós que não sejam contaminados pela síndrome de Al Gore. Sejam imunes a essa doença. Batalhem por um futuro melhor. Seja entrando na política, ou não. Mas nunca desacreditem dela, pois é através da política que podemos mudar esse país.

A parte dos últimos acontecimentos, eu não queria estar vivendo essa crise. Mas creio que posso fazer minha parte para que as futuras gerações tenham períodos melhores. Mas como eu posso fazer? Talvez escrevendo esse artigo…

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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