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#Opinião: Como assim meio ambiente e sustentabilidade nas favelas?

Sementeira da horta comunitária do Educap, no Alemão \ Foto: Arquivo Educap

Texto: Beatriz Diniz

Pode ser que muita gente nem saiba quantas iniciativas bacanas pra cuidar do meio ambiente são realizadas por moradores de favelas e periferias Brasil afora. Pessoas que moram em favelas e periferias, que não moram em favelas e periferias, que são ambientalistas, que são jornalistas, empresários. Pode ser. Só que isso não significa que não tão sendo realizadas iniciativas bacanas pra cuidar do meio ambiente em favelas e periferias. E sim, tá tendo! O Voz das Comunidades e a PUC-Rio registraram alguns projetos ambientais no documentário Voz Ecoa, com lançamento no dia 11 de maio.

E por que, afinal, a gente tem que dar mais atenção pro meio ambiente? Porque a gente não sobrevive sem tudo que existe no meio ambiente. Porque a gente precisa de ar limpo pra respirar. As árvores fornecem de graça pra gente o oxigênio necessário pra vida, capturam o gás carbônico da poluição que a gente gera e devolvem oxigênio. Porque a gente precisa de água doce limpa pra beber, tomar banho, cozinhar. Rios, lagoas, lagos, açudes nos dariam água de qualidade se não fossem usados pra despejo de esgotos e lixos variados, usados por empresários que faturam poluindo o meio ambiente, usados com a permissão das “ôtoridades” eleitas que não investem em saneamento básico e despoluição.

O lugar que a gente vive é meio ambiente. Se o prefeito não realiza coleta de lixo eficiente nem investe em coleta seletiva, reciclagem, cooperativas e educação ambiental nas favelas, os moradores precisam agir. Procurar as hortas comunitárias, ver se aceitam lixo orgânico pra compostagem e passar a separar em casa pra levar, colaborando pra tirar lixos do ambiente em que vive. Ver se tem por perto cooperativa de reciclagem ou um vizinho ou uma vizinha que trabalha recolhendo recicláveis, passar a separar em casa pra levar e colaborar pra tirar da natureza materiais que rendem dinheiro e viram outras coisas.

Um dos projetos apresentados no documentário Voz Ecoa é o ECOMaré, realizado pela Juliana Oliveira pra reciclagem de lixo no Complexo da Maré. Ju foi colunista do Voz das Comunidades. A Jornalista Gabi Coelho, coordenadora da produção do documentário e dos colunistas do Voz, acredita que tá mais que na hora do jornalismo comunitário pautar mais meio ambiente e sustentabilidade nas favelas e periferias. E o motivo é simples: “Tem sustentabilidade sim nas favelas, moradores de favelas também empreendem iniciativas sustentáveis nas favelas”.

Gabi começou em 2018 a incluir meio ambiente e sustentabilidade na pauta do Voz, através dos artigos de opinião. Por isso, avaliou que seria oportuno abordar questões ambientais quando surgiu a oportunidade de parceria com a Empresa Júnior da PUC. O documentário Voz Ecoa vai ser exibido no Museu do Amanhã, em outras favelas cariocas e também de Belo Horizonte e São Paulo, depois do lançamento na Casa Voz. E eu, que escrevo sobre meio ambiente e sustentabilidade, tô como? Plena de de orgulho.

Projeto de reciclagem do Birimba Birimbau com famílias do morro e do asfalto em Vila Isabel

Nesse momento em que estudos comprovam que o mundo tá no caminho de um colapso climático e ecológico, ambientalistas precisam olhar pra favelas e periferias e enxergar seus moradores como grandes aliados. Moradores de favelas e periferias são, potencialmente, os cidadãos mais sustentáveis de qualquer cidade.

A resistência forjada na ausência comum do poder público transforma adversidades em oportunidades criativas e inovadoras. A necessidade de dar seu jeito é convertida em habilidades, descobre talentos, realiza soluções chamadas de gambiarras que a elite ironiza e depois imita com nome da modinha gourmet zona sul. Já são resilientes. Já tão há tempos botando valor no ambiente e na sustentabilidade do lugar de morar. Vamo que vamo!

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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