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Sem área de lazer, crianças sofrem por não ter onde brincar com segurança

O mês de outubro é conhecido como o mês das crianças. Ações, presentes, brincadeiras e diversão celebram o 12 de outubro e agitam os pequenos. Mas hoje, viemos falar sobre algo que é necessário na vida de crianças, independente de sua cor, crença ou situações financeira de família: espaço para brincar.

O Complexo do Alemão é formado por 15 comunidades: Baiana, Alemão, Grota, Adeus, Nova Brasília, Alvorada, Palmeiras, Pedra do Sapo, Fazendinha, Matinha, Mineiros, Reservatório de Ramos, Casinhas, Areal e Coqueiro e em nenhuma delas temos área de lazer estruturada e suficiente para suprir a demanda de crianças em nossa comunidade.

Entendendo que, brincar, é fundamental na formação, fomos às ruas buscar relatos de famílias com crianças que enfrentam esse problema diariamente. Ana Lúcia Silva, 38 anos, é mãe de três filhos e moradora da Alvorada. Marlon, Isadora e Beatriz. 7, 4 e 3 anos, respectivamente.”É difícil eu deixar as crianças brincarem na rua. Além de não ter um local específico, todo mundo teme a violência.”

A Alvorada, tem sido considerada um dos locais mais perigosos do Complexo. Foco de tiroteios e sem áreas de lazer aparente, ou as crianças brincam no meio da rua, ou trancadas em casa. “Área de lazer deveria ser tão importante quanto escolas, saneamento… Mas fica parecendo que pobre não tem direito de se divertir. E se solicitamos isso, somos vagabundos. É muito triste olhar meus filhos e ter que dizer não para algo que influencia no crescimento deles. Muito triste não ter um parquinho, um balanço, uma quadra para os meninos jogarem qualquer jogo. Somos reféns até nesse sentido.” Finalizou Ana.

Ao chegarmos na Alvorada, vimos muitas crianças brincando na rua, em meio a esgotos e tudo aquilo que parece comum aquele que vê de fora. Brincar, é uma necessidade, e é preciso compreender que as crianças só buscam algo que lhes é natural. Derick Pietro Carvalho Valadares, 6 anos, contou como é em sua comunidade.

“Só posso brincar em casa ou no meu portão. Na rua, minha mãe não deixa. Não tem parquinho aqui. Eu queria que tivesse piscina, uma quadra de futebol mais perto. É chato brincar em casa e eu não posso ir pra quadra que tem perto, lá da muito tiro.”

Área de lazer é um tema que já foi capa da versão impressa do jornal Voz da Comunidade, onde contamos a história da Travessa Sonora, que aguarda uma praça há mais de 30 anos. Até hoje, a solução não chegou.

Recebemos através do WhatsApp do Jornal (021 99535-9185) denúncias de uma moradora sobre o parquinho que fica dentro da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Estrada do Itararé. “Olha o estado do parquinho dentro da UPA. É o único lugar que as crianças daqui tem para brincar, pois os que ficam dentro dos condomínios são proibidos para quem não mora. É um absurdo as condições em que o parque se encontra. Qualquer dia, não dá mais para brincar.”

Entramos em contato com a FPJ (Fundação Parques e Jardins) que é o órgão responsável pelos parques, planejamentos, projetos e tudo em relação a esse tema, mas nossos e-mails não foram respondidos. Esperamos que essa matéria tenha a repercussão suficiente para fazer as autoridades olharem para nossa favela e assim perceber as crianças daqui.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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