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Fisioterapeuta atende voluntariamente, há 7 anos, moradores do Alemão e precisa de ajuda

“Queria agradecer ao Raízes em Movimento, a cada um de vocês que se sensibilizou, que manifestou carinho,  amor pela vida e, de modo particular, pelas vidas machucadas que a Mônica aqui atende neste pequeno e improvisado consultório há 7 anos.  Mas, mesmo necessitando de um espaço maior e estruturado, muitos milagres já ocorreram aqui.” Assim  o Padre Denivaldo da Paróquia São Sebastião de Olaria abriu a conversa que Mônica Albuquerque conduziu logo a seguir. Mônica tem 45 anos é fisioterapeuta e voluntária do projeto Paloma – projeto que atende pacientes do Conjunto de Favelas do Alemão que sofrem com doenças musculares e nas articulações.

Desde que iniciou o projeto, já no primeiro contato com a Paróquia São Sebastião de Olaria ganhou apoio de outros integrantes da igreja, cultivando um voluntariado fundamental para a melhoria da qualidade de vida e auto-estima dos pacientes que lá chegam. Sem cobrar um centavo, sem patrocínio, faz cerca de cem atendimentos mensais a pessoas com problemas seríssimos nas articulações, com dores constantes nas juntas e desprovidas dos recursos necessários para um tratamento mais adequado.

Homens, mulheres, adultos e crianças já tiveram contato com esta médica do bem. Gente em cadeira de rodas, pessoas se arrastando ou carregadas e com outros problemas foram parar na pequena sala onde ocorrem os atendimentos e foram abraçadas pelas mãos de Mônica que estão sempre destinadas a ajudar.

Para enfrentar uma triste realidade, cheia de obstáculos, particularidades e sem perder as esperanças, Mônica encontra forças para o trabalho não parar envolvendo-se cada vez mais com as pessoas. “Você acaba se preocupando muito com o que está vendo e com a ausência do poder público….o desespero de alguém não poder falar, andar, sentar, a dor….lido com isso constantemente, é muito difícil, você começa a oferecer o que tem para dar”, emociona-se .

Um trabalho incansável e marcante

Para se dedicar voluntariamente a qualquer atividade não basta só querer, é preciso evoluir espiritual e psicologicamente na entrega total do seu tempo e conhecimento em prol do outro. Em alguns casos tratados naquele micro consultório o problema de articulação muscular é resultado de algo mais grave, como o câncer. Fatos que passam a ser uma dor coletiva pela relação afetiva que já ultrapassou o profissional.

São sete anos de histórias de altos e baixos que abalaram estruturas emocionais, deixando cicatrizes dolorosas. Mas, apesar destes momentos – Mônica reflexiva com o olhar no vazio -, o que move esta guerreira é acreditar “que amanhã será melhor”, como ela mesma define sua força.  A satisfação maior é quando ela consegue colocar um paciente para andar, voltar a dar seus passos, recuperando sua vida, “aí eu quero mais”, exclama.

É um modesto ateliê de saúde, onde existe acolhimento humano. O espaço é muito pequeno e com uma série de problemas estruturais, já teve tudo para não estar mais ali, momentos que poderiam inibir o potencial deste trabalho, no entanto a superação é diária e como ela gosta de dizer: “a relação com meu ‘Patrão’ (Deus), tem sido fato relevante para trazer o alívio à dor de muita gente”.   

É necessário fortalecer para avançar

Sem apoio financeiro direto, o projeto conta com doações para não enfraquecer. “Eu tenho excelentes patrocinadores, mas não são empresas, tenho pacientes que se ajudam. Os paroquianos sustentam com doações. Minha briga hoje é por um espaço digno, com banheiro digno para meus cadeirantes e minhas crianças. A gente sabe que tem como fazer…Eu me sinto acuada aqui dentro, querendo fazer mais, mas me sinto muito limitada e isso acaba me desmotivando.”.

O dia a dia é acompanhado por diversos embates físicos e estruturais. O corpo apresenta um cansaço esperado, não é pelo trabalho em si, mas pelos desgastes. Mônica precisa improvisar adequando cada paciente às precárias condições de atendimento. Mas, a iniciativa está amparada por um ciclo forte de companheiros, ao mesmo tempo em que depende de muito mais para dar melhores condições para os atendidos. Todavia, independente de tudo, o carinho dos pacientes garante que Mônica retorne para o pequeno consultório para mais um dia de doação.

fonte: http://www.raizesemmovimento.org.br/fisioterapeuta-atende-voluntariamente-moradores-do-alemao/

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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