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Preço de casas no Complexo do Alemão dobra seis meses após ocupação

Dobrar o valor do imóvel em poucos meses é o sonho de qualquer proprietário. No Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, isso virou realidade seis meses após a ocupação do conjunto de favelas pela Força de Pacificação. Uma casa que valia R$ 10 mil antes da ocupação, em novembro do ano passado, agora custa R$ 20 mil, segundo moradores ouvidos pelo R7.

Criada na comunidade, Aline Martins aposta que os preços dos imóveis devam continuar subindo.

– Antes cobravam de R$ 12 mil a R$ 15 mil por uma casa simples. Agora pedem R$ 20 mil. Tem moradia que até dobrou de preço.

Uma casa com dois quartos, sala, cozinha e banheiro pode chegar a custar até R$ 50 mil na Grota, uma das favelas do Alemão, segundo Tatiana Reis, supervisora do projeto de regularização fundiária da Prefeitura do Rio.

O objetivo da campanha é registrar quantas moradias há na região, o espaço que ocupam e o número de residentes em cada uma delas. Tatiana diz que a maioria dos imóveis tem escritura de posse ou documento fornecido pela associação de moradores.

O comerciante Marcos da Silva aponta o PAC (Programa de Aceleração de Crescimento) como o principal fator para a valorização das propriedades, tanto pelas obras já feitas, como em relação às que estão em fase de planejamento.

– O PAC pagou R$ 20 mil para as pessoas saírem de casas que custavam R$ 10 mil. A partir de então, todo mundo quer mais pelo seu imóvel.

No entanto, uma moradora – que prefere não se identificar – diz que não vê o porquê da valorização.

– Tudo continua igual. Não vejo melhoria ainda, mas as pessoas já começaram a subir os preços. Um cômodo pequeno custa R$ 200 de aluguel.

Dona Marta: aluguel de R$ 600

A alta dos preços em comunidades pacificadas não é uma realidade apenas dos moradores do Alemão. No Dona Marta, em Botafogo (zona sul), a técnica de enfermagem Luzia Campos, que mora lá há sete anos, percebeu que viver numa das favelas mais famosas do Rio ficou mais caro desde a instalação da UPP, em novembro de 2008. Ela paga R$ 600 de aluguel por um conjugado localizado na parte mais valorizada do morro, próxima à rua São Clemente, uma das principais vias do bairro.

– Quanto mais no alto do morro, menor o valor pedido. Porém, há quem pague R$ 400 de aluguel lá no topo. Tranquilidade, amizades e o ambiente agradável fazem valer a pena morar aqui. Viramos ponto de turismo, mas o morador continua com o mesmo salário. Tem eventos aqui na comunidade que custam R$ 70. Assim não dá, estou fora.

Maria da Guia colocou à venda sua casa de três andares no alto da favela. Ela diz que adora a comunidade mas, devido a um problema de saúde, precisa se mudar. Ela não aceita menos de R$ 55 mil pelo imóvel.

– Tive um acidente que me deixou com problemas na coluna. Como moro na parte mais alta do morro, dependo do bondinho. Minha casa é ótima, tem ventilação, uma vista linda, três andares, com cozinha, banheiro, sala, dois quartos, sendo um dos andares uma laje coberta. No Réveillon nem vou à praia. Vejo os fogos todos daqui. É lindo.

Para a moradora Ângela Maria Santos, viver na favela está cada vez mais caro.

– Qualquer buraquinho de um quarto e sala aqui no Dona Marta está custando R$ 400. Todo mundo perdeu a noção. Esqueceram que pobre ainda mora aqui. Um homem que conheci vendeu a casa por R$ 70 mil.

FONTE: http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/preco-de-casas-no-complexo-do-alemao-dobra-seis-meses-apos-ocupacao-20110529.html

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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