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Zezé di Camargo e Luciano visitaram quadra da Imperatriz Leopoldinense na terça-feira

Foto: Fernando Targino / Povo do Samba
Zezé di Camargo e Luciano prestigiaram ontem o ensaio na quadra da escola de samba de Ramos. Foto: Fernando Targino / Povo do Samba

Imperatriz Leopoldinense divulgou na noite desta terca-feira  (19/5) para a ala de compositores e componentes que lotaram a  quadra da agremiacao, a sinopse para o carnaval 2016.   Zeze di Camargo e Luciano, os homenageados no enredo  “E  o amor que mexe com a minha cabeca e me deixa assim. Do sonho de um caipira nascem os filhos do Brasil”, prestigiaram o evento.  Lido pelo carnavalesco  Cahe Rodrigues , o texto da sinopse intercalava trechos de classicos sertanejos que foram entoados por um trio caipira e emocionou a  todos presentes.  Leia na integra o roteiro  para o proximo desfile da Imperatriz Leopoldinense:

IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE 2016

É o amor…

que mexe com minha cabeça e me deixa assim…

Do sonho de um caipira nascem os filhos do Brasil”

INTRODUÇÃO

  

Embalada por violas enluaradas

e sanfonas arretadas,

a Imperatriz foi buscar inspiração

na Música Sertaneja

pra falar com o coração.

Sem fazer nenhum segredo,

pedimos a ela pra contar

a saga do nosso enredo,

escrito nas pontas dos dedos,

em cordas de dedilhar.

 

Meus senhores e senhoras,

venham pro meio dessa roda

e ajudem a versejar.

Nosso show começa agora,

e antes que a gente vá embora,

Mãe Sertaneja tem muito pra falar…

SINOPSE

1o SETOR: SONHO CAIPIRA

Prepare o seu coração

Pras coisas
Que eu vou contar
Eu venho lá do sertão

Eu venho lá do sertão
E posso não lhe agradar
…”

  • DISPARADA (Jair Rodrigues; Autores: Geraldo Vandré e Theo Barros)

 

Vou abrir o coração

como se fosse a porteira

da fazenda onde nasci…

Canto as coisas de minha gente.

Gente sofrida,

esquecida nas lonjuras desse país.

Gente que trabalha, semeia, ponteia

e encontra na viola,

um caminho pra ser feliz.

Gente que tem raça, que tropeça e levanta,

e ainda faz graça

quando abraça a sanfona,

embalando a vida que vem lá da raiz.

Vou falar de minhas andanças,

de partidas e cheganças.

Venho com as minhas crianças

e trago na mala muita esperança!

Chego com uma imensa saudade

das riquezas que deixei por lá:

da família reunida em casa,

do rádio em cima da mesa,

da santinha que brilha no altar,

do galo que anuncia a certeza

de um novo dia para se trabalhar.

Do alto da Serra Dourada,

a terra parece bordada

com girassóis, soja, sorgo e trigo.

E uma banda de espantalhos

Toca desafinada, espantando o inimigo.

Os corvos fogem, em busca de abrigo

e vão se esconder nos canaviais,

onde moram as abelhas rainhas,

que reinam nesse verde-esperança

chamado Goiás.

2o SETOR: TERRA – SEMEANDO SONHOS

 

E a colheita que encheu a tulha,

Da tulha o grão para a cidade vai.

A terra dorme e ele não descansa

Sempre na esperança de colher bem mais…”

 

– A COLHEITA (Chitãozinho e Xororó; Autores: José Fortuna e Carlos Cezar)

 

Estamos celebrando a colheita

que nasceu em nossas mãos.

Plantamos grão por grão

e é por isso que acreditamos.

Que um sonho jamais será em vão.

É daí que vem a nossa união:

eles tocam, versam e eu canto

a nossa alegria!

Pura magia, doce encanto.

Pois “até o presidente come o que eu planto…” (*1)

Em cada plantação existe um segredo,

um pacto entre lavrador e semente,

do nascente ao poente.

O homem precisa de trabalho

para criar os seus filhos

e torná-los honrados,

dourados como a barba do milho.

 

3o SETOR: MÚSICA – MÃE SERTANEJA

Ponteio da viola, o hino brejeiro

O som brasileiro saudando a nação

Saúda o roceiro, que está na vanguarda

soldado sem farda, herói do sertão!”

 

HINO SERTANEJO (Tonico e Tinoco)

Quando nasci,

ganhei uma sublime missão:
cantar o que o povo sente,

no compasso do coração.
Fiquei amiga das rimas,

das roças e vaquejadas,
ajudei a descrever

tanta terra abençoada

morte e vida Severina
Entendi o amor das pessoas

e a ele sou submissa,
porque a vida é feita de sonhos,

ideais e compromissos.

Amarro as coisas mais simples,

com as cordas do violão.
Já falei de seca, luar do sertão;
já contei muitas histórias, cotidiano banal.
Sou matuta, sou caipira, um rio em curso natural.
Tem gente que não gosta, fala mal do que nem viu.
Mas quem critica o que eu canto,

não conhece o meu Brasil. (*2)

4o SETOR: FÉ E FOLCLORE – PIRENÓPOLIS

Sou caipira, Pirapora, Nossa

Senhora de Aparecida

Ilumina a mina escura e funda

O trem da minha vida”

 

ROMARIA (Renato Teixeira)

Diante do rei, da rainha e princesas,

cristãos e mouros

partem para o campo de batalha.

Nesta luta só existe uma certeza:

não haverá mortos nem feridos.

Ouviremos os estampidos

que anunciam a cavalhada.

Os mascarados fazem alarido,

trazendo muita gente encantada.

O divino Espírito Santo
Chegô aqui nesta morada
Veio guiando a bandeira
Na poeira das estrada
Veio trazer sua bença
Por nóis muito esperada

– DIVINO ESPIRITO SANTO (Inezita Barroso; Autores: Carlos Piavani, Canhoto, Torrinha e Antônio Boaventura))

Vem gente de toda parte,

pagando promessas de toda sorte,

desde os que brilham nas artes

aos que escaparam da morte.

Carregam cruzes, objetos de cera

e se misturam aos que cantam na feira,

corando beatas, bulindo mulatas,

embalando os carreiros

que vêm de longe, tocando a boiada.

A fé se multiplica numa irmandade de santos,

acalentados por Maria e o sagrado manto.

E lá vamos nós, pé ante pé,

numa interminável romaria,

que se espicha pela estrada

em busca de uma estrela guia.

 

5o SETOR: FILHOS DE FRANCISCO… E HELENA

 

Nesta longa estrada da vida

Vou correndo não posso parar

Na esperança de ser campeão

Alcançando o primeiro lugar…”

– ESTRADA DA VIDA (Milionário e José Rico)

 

Todos querem conhecer a cidade

onde nasceram os filhos de Francisco.

Não o santo, mas o caipira

que acreditava num sonho de verdade.

Deu sanfona pro mais velho

e uma viola ao irmão,

rogando a Deus que tivessem o dom

de encantar a multidão

cantando as modas do sertão…

Estrearam num caminhão,

depois na praça e na estação.

Percorreram vilas e vilarejos.

Mas como bons sertanejos

se nada tinham nos bolsos

guardavam a família no coração.

Eu bem queria continuar ali
Mas o destino quis me contrariar
E o olhar de minha mãe na porta
Eu deixei chorando a me abençoar…”

– O DIA EM QUE EU SAÍ DE CASA (Zezé Di Camargo e Luciano)

Longe de casa, enganando a dor,

foram em busca da felicidade

na terra do progresso,

onde só vence quem é doutor.

Os dois filhos de Francisco

superaram sacrifícios

com justiça e autoridade.

Conquistaram o sucesso

e venceram com louvor!

(Um anjo caipira os guiou)

6o SETOR: OS FILHOS DO BRASIL

 

OMaior Espetáculo da Terra

abre portas e cortinas,

mostrando a saga sertaneja

como aqui nunca se viu.

 

Vamos dar Flores em Vida

a duas estrelas tão queridas,

que iluminam o caminho

dos novos Filhos do Brasil!

 

E quando me perguntam:

Como é que eles conseguiram tudo isso, minha senhora?

Quem foi que os abençoou?

Ponteio na viola

e tiro a voz lá do fundo,

cantando pra todo mundo:

Foi Deus, Nosso Senhor….

Porque Deus… é o Amor.

É o Amor…

Que mexe com minha cabeça e me deixa assim

Que faz eu pensar em você e esquecer de mim

Que faz eu esquecer que a vida é feita pra viver…

– É O AMOR (Zezé Di Camargo)

 

Carnavalesco:

Cahê Rodrigues

Pesquisa, Roteiro e Desenvolvimento:

Cahê Rodrigues, Marta Queiroz e Cláudio Vieira

Maio 2015

Em homenagem à Música Sertaneja,

criada, composta e cantada pelos Filhos do Brasil.

 

————————————————————————————————————————————–

(*1) – Verso extraído de “O Lavrador” (Nando Reis)

(*2) – Os versos do 3o Setor (Música-Mãe Sertaneja) foram adaptados da letra de “A Minha História”, de Zezé Di Camargo

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

Contato:
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