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Afinal, por que Fumacê?

Foto: Joalison Reis
Foto: Joalison Reis

Fomos até a comunidade para saber um pouco da história e da origem desse nome tão curioso

Em tempos de crises de zika e dengue, muita gente pode achar que o nome da comunidade Fumacê, na Zona Oeste do estado, está ligado aos famosos carros que lançam, através da fumaça, a substância mata-mosquitos, especialmente o que transmite a dengue. Na verdade, esse fator nada tem a ver com a verdadeira origem do nome da comunidade.

E quem explica essa história é uma das pessoas mais conhecidas da região, o vigilante Wiliam Mendes Pereira. Conhecido como “Car Five”, por ser também compositor e músico, conta que veio da Fazenda Botafogo nos anos 70, bem no começo da popularização da comunidade: “Ninguém queria vir para cá, por ser muito longe, muita gente dizia que era o fim do mundo, então havia  muitos apartamentos vazios”.

Após a pavimentação da Estrada da Água Branca nos anos 50 e, consequentemente, com a melhoria dos serviços de água potável e redes de esgotos, houve um crescimento acelerado na população da região nas décadas seguintes, principalmente em meados dos anos 70. Car Five relata: “A região era conhecida por dois nomes, “Caixotinho” e “Fumacê”. Caixotinho, devido aos feirantes e carros de feira ao lado da quadra; e também Fumacê, pelo fato de lá residir uma senhora idosa que tinha o costume de fazer comida em um fogão a lenha, do qual saía fumaça constantemente, emanada das janelas de sua casa. O apartamento dela, que era bem precário, chegou a ser invadido pelos bombeiros muitas vezes, com suspeita de incêndio” – diverte-se nosso entrevistado.

Uma comunidade onde as pessoas fazem a diferença

A comunidade – que foi por muito tempo considerada uma das mais violentas do estado – recebeu uma Unidade Pacificadora (UPP). A base avançada da Água Branca chegou à comunidade em 2012 e possibilitou a proliferação de projetos sociais. Atualmente o panorama mudou, e os projetos que ainda continuam ativos, se sustentam por meios próprios. É o que acontece com  a antiga sede do Caminho Melhor Jovem, que hoje se tornou Sesi e abriga companhias de teatro e de dança, entre outras atividades desenvolvidas no espaço.

Arimatéria, 44 anos,  vulgo “Matéria”, conhecido no Fumacê por levar atividades sociais e esportivas, enfrenta dificuldades para prosseguir com esses trabalhos voluntários. “Conseguindo mudar uma vida, para mim, já é o suficiente. É por esse objetivo que eu continuo engajado em projetos sociais. A minha luta hoje é essa, de continuar a fazer esse trabalho sem nenhuma ajuda financeira”. “Matéria” está levando para o local aulas de violão e de vôlei. Ele é somente um dos exemplos das tantas pessoas que, na batalha do dia-a-dia, fazem a diferença nesta comunidade.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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