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Aos 14 anos, artista prodígio já criou cerca de 50 maquetes em dois anos

Saulo Lima mora na Alvorada com a mãe e os irmãos tem o sonho de ser arquiteto - Foto: Renato Moura
Saulo Lima mora na Alvorada com a mãe e os irmãos tem o sonho de ser arquiteto - Foto: Renato Moura

Saulo Lima mora na Alvorada com a mãe e os irmãos e tem o sonho de ser arquiteto

Um jovem tímido, gentil e criativo, como pouco garotos de apenas 14 anos, esse é Saulo Lima dos Santos, que dois anos atrás resolveu fazer o Templo de Salomão, com materiais recicláveis, e surpreendeu todos que o conheciam. O menino, que mora com a mãe e os irmãos na Alvorada, desenvolveu um talento inusitado e desde então, muitos na região já conhecem seus dons de artista. “Já perdi as contas de quantas maquetes fiz, sei que foi mais de 50. Eu tive a ideia, vi a imagem na internet e fui atrás dos materiais em ferro velho, marcenarias e na rua”, contou o prodígio.

O Templo de Salomão, feito por ele, foi vendido para uma moradora do Complexo, por R$ 150,00, após o menino postar em sua rede social. Logo depois, Saulo faturou o mesmo valor com a venda do Maracanã todo iluminado que havia feito. Algumas outras artes do jovem também foram vendidas, por valores inferiores a esse. Quando perguntado como gasta o dinheiro, prontamente respondeu: “entrego para minha mãe, ela sabe as coisas que preciso”. Alexandra Lima, de 41 anos, fala com carinho e muito orgulho do filho. Ela acredita que serviu de inspiração para o filho, que cresceu vendo a mãe fazendo artesanato, como garrafas e canetas decoradas.


Foto: Renato Moura/Jornal Voz Da Comunidade

Arcos da Lapa, Sambódromo, Esplanada do Ministérios e até o cenário de chaves, essas são algumas das tantas maquetes feitas por Saulo. As obras do jovem chamam atenção pelos detalhes. “As pessoas não acreditam que faço tudo sozinho. Geralmente, uso materiais como madeira, papelão, garrafa pet, tinta, cola, latinha de alumínio e, para algumas maquetes, preciso de lâmpadas e fios”. Além do Maracanã iluminado, Saulo fez um mini paredão de som, apelidado de “Equipe Stronda Tudo”, que toca músicas e o Teleférico do Alemão que funciona. “Fui testando fio por fio, até fazer tudo funcionar”, explicou Saulo.

“Fui testando fio por fio, até fazer tudo funcionar”, explica Paulo sobre o funcionamento da sua maquete do teleférico.

O menino, que sonha em ser arquiteto, usa o tempo livre para criar e leva de 2 a 5 dias para concluir os projetos. Ele contou que suas próximas maquetes serão do Cristo Redentor e do Pão de Açúcar. Quando o assunto mudou para quais disciplinas do colégio ele mais gosta, Saulo não foi tão entusiasmado. A professora da Escola Municipal Professor Afonso Várzea, Livia Maria de Oliveira explicou que Saulo é um menino diferente dos outros colegas de turma. “Sou fascinada por trabalhos artísticos e o trabalho dele me encanta. Saulo fala pouco, falta muito e tem pouco interesse nas disciplinas…isso preocupa. Ano passado, teve um evento sobre a Rio 2016 em que alunos expuseram seus trabalhos. Ele fez sozinho uma maquete do Maracanã. Então, um dia ele me mostrou uma moto feita com material de latas de alumínio. Eu vi uma ciência ali naquele trabalho. Tinha requinte… me lembrou o artista plástico Vik Muniz. Na mesma hora tive um estalo. Aquela criança precisava ser descoberta”, disse a professora.

Foto: Renato Moura/Jornal Voz da Comunidade
Foto: Renato Moura/Jornal Voz Da Comunidade

Saulo é um jovem prodígio que precisa de alguém que lhe dê uma oportunidade, uma chance para aprimorar cada vez mais seu potencial. “A comunidade ainda é muito violenta. Temo pelos meus alunos. Não quero que eles estudem e saiam dessa realidade. Quero que essa realidade seja boa para todos. A favela precisa ser um lugar onde todos possam morar e que os pais não temam pelo futuro de seus filhos. Infelizmente não tenho muito conhecimento. Já falei com Deus e o mundo. Algumas pessoas tentaram me ajudar, mas sem sucesso. Ele pode ser uma grande revelação ao qual o Alemão ainda pode se orgulhar. Como professora da escola já me orgulha. O que for preciso farei por ele”, desabafou Livia.

Vamos juntar nossas forças para que a luta dessa professora agora seja uma luta de todos nós! A comunidade já se orgulha desse artista e espera que Saulo, que sozinho conseguiu fazer tantas coisas, seja apoiado e conquiste tudo que quiser.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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