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Barbearia R-Cortes se destaca por criatividade e irreverência

Raí atende, em média. 100 pessoas por semana no seu espaço na Alvorada, parte alta do Complexo do Alemão - Foto: Renato Moura/Jornal Voz das Comunidades
Raí atende, em média. 100 pessoas por semana no seu espaço na Alvorada, parte alta do Complexo do Alemão - Foto: Renato Moura/Jornal Voz das Comunidades

Empreendedor já estuda a abertura de franquias em outros pontos da comunidade

Apostar todas as fichas em um empreendimento quando até os seus familiares dizem que é uma grande loucura é, no mínimo, uma aventura. Porém, depois de fazer uma pesquisa de mercado e estudar bem o assunto, o jovem Raí da Silva Souza, de 23 anos, resolveu entrar de cabeça no mercado masculino de beleza.

O empresário e barbeiro começou a cortar cabelo como hobby, aos 16 anos, ainda no colégio. “Ficava fazendo pé de cabelo de alguns amigos na rua e, com o tempo, a coisa foi ficando séria “, explica. Curioso, o empreendedor começou a pesquisar na internet sobre novidades e tendências no ramo. Tudo na profissão chamava a sua atenção.

“Naquela época eu trabalhava como jovem aprendiz no aeroporto e decidi investir em mim. O primeiro investimento que fiz foi um curso profissionalizante”, relembra. Raí se preparou para o mercado de trabalho, fez cursos que estimularam sua criatividade, educação financeira e aprendeu a fórmula certa para empreender. “Trabalhava de terno e gravata e larguei tudo para ralar embaixo de uma escada, num espaço de 1,50m x 1,50m. Só cabíamos eu e uma cadeira. Mas pensava: porque não ter minha própria empresa? Não quero mais trabalhar para os outros”, revela.

Raí pediu demissão e ninguém entendia nada, as pessoas lhe perguntavam se estava ficando louco e até seus familiares não acreditavam no que acabara de fazer. “Eles diziam: você vai largar o certo pelo duvidoso? Apesar de não acreditarem, eles não me desmotivaram. Quis tentar e deu certo”, comemora.

Após cinco anos trabalhando num cubículo, Raí conseguiu comprar e reformar seu próprio salão, que fica na Rua Sem Saída, número 6, na Alvorada. “Quando vim para cá senti a necessidade de ter alguém para me ajudar, até porque a clientela aumentou, eu não dava conta sozinho”.

O empresário viu o interesse de Murilo Leandro da Silva, 16 anos, em aprender a profissão e resolveu oferecer-lhe um trabalho em sua barbearia. “Ele começou varrendo o chão, mas foi aprendendo a profissão observando o meu trabalho. Ensinei as técnicas e, passo a passo, ele foi se tornando meu braço direito”, conta Raí.

'Quem não tem criatividade para criar, tem que ter coragem pra criar' - Foto: Renato Moura/Jornal Voz das Comunidades
‘Quem não tem criatividade para criar, tem que ter coragem pra criar’ – Foto: Renato Moura/Jornal Voz das Comunidades

Após um ano e meio trabalhando com Raí, Murilo se considera um barbeiro profissional e deve isso ao amigo e chefe. “Aqui aprendo todo dia. O trabalho me mudou e essa é a profissão que quero levar por toda minha vida, fazendo sempre o que estiver ao meu alcance para contribuir e ajudar no crescimento do R-Cortes”, declara o funcionário.

Muitos clientes acompanham o empreendedor desde o início de sua carreira. Fellype França, morador da Nova Brasília, é um deles, e para o produtor, de 24 anos, não existe melhor barbearia no Complexo do Alemão. “É questão de preferência: o lugar é aconchegante, recepcionam a gente bem e o principal, a qualidade dos cortes. Tanto o Raí quanto o Murilo fazem um trabalho muito bom. Saio da Nova Brasília para cortar o cabelo na Alvorada por causa da excelência do trabalho deles”, elogiou o cliente.

Ocasionalmente, a amiga e admiradora do trabalho do empresário, Claudia Monique Lopes da Silva, 24 anos, ajuda na limpeza e faz a diversão de quem vai à barbearia. “Venho aqui para conversar com os clientes, varro o chão, limpo. Ajudo o Raí sempre que posso e, em troca, peço para ele fazer a minha sobrancelha”, explica Claudinha, como é conhecida.

A decoração da barbearia foi toda elaborada por Raí. O ambiente ficou másculo e característico, com direito a Barber Poles, postes listrados nas cores vermelho, azul e branco, que identificam uma barbearia tradicional. “A prioridade é o conforto dos clientes. Por exemplo, mantenho sempre o espaço refrigerado. Mas o estilo também é fundamental, afinal, o nome completo da barbearia é “R-Cortes no seu estilo”. Inspirei-me numa barbearia muito conhecida na Ilha do Governador, que também tem ‘no seu estilo’. Como costumo falar, ‘quem não tem criatividade para criar, tem que ter coragem para copiar’. Busco deixar o ambiente estiloso e atrativo”, conta o empresário.

A barbearia R-Cortes funciona de terça-feira à  sábado, de 9h às 20h. Com cortes para todos os gostos, luzes, barba e sobrancelha. Em média, 100 pessoas são atendidas por semana.

▀ Raí tem o desejo de abrir franquias da barbearia em outro bairro ou outro ponto da comunidade, mas explica que precisaria ficar apenas na parte administrativa. “O mercado de barbearia e cabeleireiro está aquecido, gostaria de aproveitar esse momento. Mas não tem como estar lá e cá, ter a cabeça em dois ou três lugares ao mesmo tempo. Teria que ficar só na administração”, pondera.

►O empreendedor participou de campeonatos com diversas categorias de cortes e ficou em primeiro lugar no corte disfarçado em 2012, na Batalha dos Barbeiros. “Fui para São Gonçalo e trouxe o troféu aqui para o Complexo” conta orgulhoso.

Para informações sobre a barbearia:

Facebook: R-Cortes 

Telefone: (21) 98762-2663

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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