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Cabeleireiro da Vila Vintém tem objetivo de ter uma ‘cadeira social’ para cortar o cabelo de graça

Foto: Caio Lima/Voz das ComunidadesFoto: Caio Lima/Voz das Comunidades
Foto: Caio Lima/Voz das Comunidades

Aos 18 anos, conhecendo a realidade da favela, Arley Azevedo só queria conseguir chegar aos 21. Quando chegou aos 22 anos, só queria chegar pelo menos aos 30.

Hoje, com 36 anos, Arley é um empreendedor na comunidade da Vila Vintém. Trabalhando desde os 14 anos, Arley só pensava em quanto queria que sua vida tomasse um rumo diferente do que via acontecer com seus amigos de infância.

Cortar cabelo sempre foi uma coisa secundária em sua vida. Tudo começou quando, em 1998, começou a cortar seu próprio cabelo. “Eu levava minha navalha, para fazer o pé do meu cabelo no trabalho, e meus colegas pediam que fizesse os deles também”, relembra Arley. Desde então, começou a cortar cabelo de seus conhecidos, mas sempre levando isso apenas como hobbie. Ele trabalhou em uma adega e também como vigilante, mas queria seguir os mesmos passos dos irmãos, que são tatuadores profissionais. Fez umas cinco tatuagens, mas viu que não tinha o mesmo gosto que seus irmãos por essa atividade.

Foto: Caio Lima/Voz das Comunidades
Foto: Caio Lima/Voz das Comunidades

Arley cortou o cabelo de seus amigos durante 5 anos, sem cobrar e usando máquinas emprestadas. Cortava, em média, de 15 a 20 cabelos por sábado, e ainda não conseguia ver que sua profissão estava ali como um dom. “Na verdade, eu tinha vergonha de cortar cabelo, porque naquela época quem cortava cabelo era sem grana e não era bem visto, principalmente pelas mulheres; tinha receio do que o pessoal que cortava cabelo há muito tempo aqui na comunidade iria falar” – desabafa.

Em 2012, no seu trabalho como vigilante, começou a ouvir de amigos sobre barbeiros que estavam ganhando dinheiro. Isso foi o despertar do que ele não estava querendo ver: “A oportunidade sempre esteve na minha frente, mas eu não queria enxergar”, pondera Arley. No mesmo ano comprou sua primeira máquina e começou a cobrar pelo seu serviço, saiu do emprego e alugou a loja onde funciona até hoje a sua barbearia, Arley Corte & Modelagem, na Rua Belisário – Vila Vintém. “Tudo que eu tenho hoje, minha casa, meu carro, eu consegui através disso aqui”, conta ele, realizado.

Hoje seu maior objetivo é ter sua própria loja num espaço maior, onde possa gerar empregos, e ter uma cadeira social para cortar o cabelo daqueles que não podem pagar. Isso sem falar, claro, da vontade de querer passar todo o seu conhecimento e experiências para outras pessoas.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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