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Companhia de teatro na Zona Oeste aproxima jovens da cultura e oferece oficinas

Teatro Megaroc - Foto: Matheus Mesquita
Teatro Megaroc - Foto: Matheus Mesquita

Integrada por atores e atrizes da Zona Oeste do Rio de Janeiro, a Companhia de Teatro Megaroc vem se firmando no seu bairro, com oficinas de teatro experimental todas as sextas-feiras, às 18h, no Espaço Cultural Arlindo Cruz em Realengo, onde fica a sua residência artística.

A Cia. Megaroc nasceu de uma oficina de teatro experimental ministrada pelo ator e agora diretor Rudson Martins, de 26 anos. Morador da Vila Vintém, Rudson se dedicou às artes desde jovem. Sua carreira se iniciou em 2004 e, desde então, fez espetáculos musicais e filmes. Em 2016 fundou a Companhia de Teatro Megaroc, e hoje tem sua primeira experiência como diretor, alcançando muito êxito nos projetos.

“Depois de muitos anos me deslocando da Zona Oeste para a Zona Sul do Rio de Janeiro, em uma busca constante por oportunidades e passando muitas dificuldades de locomoção, comecei a entender por que meus amigos tratavam a arte como algo tão distante da realidade deles. Mesmo quando sonhavam em ser atores, bailarinos, cantores e etc., achavam que nunca teriam essa oportunidade, por vários motivos, principalmente a falta do apoio dos pais” – conta Rudson.

O diretor continua:

“Percebi que faltavam pessoas que incentivassem a cultura de alguma forma aqui na Zona Oeste e, com a bagagem que adquiri com grandes mestres, com os quais pude trabalhar, resolvi iniciar oficinas de teatro experimental no Espaço Cultural Arlindo Cruz. Foi nesse meu projeto que confirmei a ideia que tinha sobre o distanciamento cultural na comunidade”.  E assim, com o sucesso das experimentações, a Cia. Megaroc nasceu.

Rudson Martins, o idealizador da companhia Megaroc. Foto: Arquivo Pessoal
Rudson Martins, o idealizador da companhia Megaroc. Foto: Arquivo Pessoal

O nome Megaroc vem da palavra coragem, que era sempre usada nas oficinas como uma forma de incentivo. No momento da fundação da Companhia essa palavra foi uma inspiração: Megaroc nada mais é do que coragem, escrita de trás pra frente.

Fundada em fevereiro de 2015, a Megaroc vem exercendo atividades sociais e teatrais para crianças, jovens e adultos nas redondezas da Vila Vintém, em Realengo. Sempre com a intenção de agregar valores ar s cos e humanos para jovens que pouco têm acesso a atividades artísticas como teatro, dança, música e outros.

Anna Chaves, 16 anos, atriz da Cia, é prova disso. Ela relata: “Antes de conhecer a Cia. Megaroc, eu não tinha nenhuma experiência no teatro, nem imaginava que um dia me apaixonaria por isso. Aqui na Zona Oeste não tinha nenhuma área dedicada à arte; pelo menos aqui perto de onde moro, nunca teve nada do tipo, e se teve, nunca foi divulgado. A Cia. Megaroc mudou completamente minha rotina e meu jeito de encarar o mundo: antes eu me sentia muito sozinha e desanimada para tudo, com a autoestima lá embaixo e não me encaixava nos “padrões” que me cercavam. Depois da Megaroc eu me descobri e me reinventei, um novo eu nasce a cada dia que passa e mudanças ocorreram diariamente com as aulas. O teatro não me trouxe só mais conhecimento, também me trouxe novos amigos e referências artísticas”.

O grupo que integra a companhia de Teatro Megaroc, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Foto: Matheus Mesquita/Voz das Comunidades
O grupo que integra a companhia de Teatro Megaroc, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Foto: Matheus Mesquita/Voz das Comunidades

Com o objetivo de expandir o conhecimento desses atores, realizou-se um intercâmbio cultural, no qual viajaram para Muriaé – MG, apresentando uma intervenção autoral sobre a cultura do estupro e podendo trocar ideias com artistas locais. Depois da experiência, a sede por conhecimento aumentou e foi criado o projeto Circuito de Troca, que visa convidar pessoas de diversas áreas artísticas para trocar suas experiências com os integrantes da Companhia, tornando-os mais capacitados para trabalhos futuros como profissionais. Já há nomes influentes do meio artístico participando do projeto. Por exemplo, no próximo mês a Companhia irá receber o diretor Cico Caseira.

Com o tempo o esforço foi reconhecido e a Cia. foi convidada para fazer uma parceria com a Rede Globo, onde puderam usar a bagagem adquirida nos projetos realizados, oferecendo uma oficina teatral no Programão Carioca, representando a Zona Oeste.

Em menos de um ano de Companhia, realizaram o seu maior projeto, o primeiro espetáculo, uma adaptação de “Dom Casmurro”. Com estreia na Zona Oeste, onde o índice de pessoas que têm acesso à cultura fica em apenas 12,25% da população (de acordo com a Secretaria de Cultura), a Cia. Megaroc conseguiu, em sua primeira temporada, ter casa cheia em todas as apresentações. Esse foi o primeiro de muitos espetáculos que estão por vir, pois em 2018 a Cia. irá estrear sua peça autoral “Retalhos de uma Favela”.

Ainda este ano a Megaroc abrirá inscrições para novos integrantes: será em novembro, através da página no Facebook: https://www.facebook.com/CiaMegaroc/. Fique atento!

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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