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Conheça a história da Sol, a empresaria inovadora de sucesso do Complexo do Alemão

Solange Pastorinho Monteiro, 46 anos - Foto: Bento Fabio
Solange Pastorinho Monteiro, 46 anos - Foto: Bento Fabio

“Eu me realizei como ser humano. Não tenho muito dinheiro, mas sou bem-sucedida, respeitada, as pessoas reconhecem meu trabalho”. A frase é de Solange Pastorinho Monteiro, 46 anos, que veio da Bahia há 19 anos em busca de uma vida melhor. Solange superou todas as suas expectativas aqui no Rio ao conquistar, além de uma vida melhor, a satisfação pessoal.

Mãe de dois filhos, que permaneceram na Bahia durante muito tempo, Sol, como é conhecida no Complexo do Alemão, nunca poupou esforços para mantê-los da melhor forma que podia. “Quando vim da Bahia, comecei a trabalhar em casa de família, como diarista. Na casa das pessoas, a gente vai conhecendo coisas boas. Eu via que minhas patroas usavam muitos produtos de beleza e fui conhecendo e me interessando. Houve até um episódio em que uma das patroas achou que eu estava usando um produto dela e eu o havia recebido de presente, de uma amiga. Depois disso, quis ter acesso aos produtos e ousei ser consultora da Natura”.

Solange Pastorinho Monteiro, saindo para fazer entrega. Foto: Bento Fabio
Solange Pastorinho Monteiro, saindo para fazer entrega. Foto: Bento Fabio

Sol trabalhou por quinze anos como diarista durante o dia e, ainda, como vendedora de cosméticos à noite, quando chegava do trabalho. Era seu único tempo livre e o momento de encontrar seus clientes em casa. Assim começou a investir no seu trabalho e percebeu que tinha um diferencial com relação às outras vendedoras do entorno. “Eu chegava do trabalho, organizava meus pedidos e ia entregar. Sempre levei até meus clientes e fui criando um vínculo com eles. Depois de um tempo, eles me pediam indicação de produtos para presentear, eu montava os kits e sempre agradava. Até que chegou o momento em que eu quis viver do meu trabalho”, recorda.

Com ajuda do marido, montou um escritório no quintal de casa e se formalizou, tornando-se Microempresária Individual (MEI), e buscou ajuda para a gestão de sua recém-criada empresa. “Depois do processo de formalização, fiz muitos cursos, inclusive na área financeira. Eu sabia vender, e muito bem, mas não sabia administrar. Não separava o meu dinheiro do da empresa, não fazia fundo reserva e nem tirava meu salário desse trabalho. Então eu tinha dificuldades de lucrar. Foi aí que eu busquei o Sebrae, que me deu um caminho. Eu segui, sempre aprendendo, e fui tomando as rédeas do meu negócio”.

Para administrar a empresa, Solange conta com ajuda de seu sobrinho Bruno Pestana, seu braço direito, que também busca aprimorar seus conhecimentos fazendo cursos de gestão e finanças. Em dois anos, Solange aumentou sua clientela de 60 para 200 e o número só vem aumentando.
Após organizar sua empresa e apostar na sua capacidade de crescimento, um mundo de oportunidades se abriu para a microempresária. Hoje ela está num livro entre os 45 casos de sucesso de MEIs no Rio de Janeiro; é convidada a dar palestras e entrevistas sobre sua trajetória e encanta a todos os que a conhecem. Recentemente, Solange foi elogiada pela presidente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde, que em visita ao Complexo do Alemão, quis conhecer os empresários da região. “Eu fui bem arrumada e ela disse que eu era a melhor propaganda para o meu negócio! Imagina a alegria que tive”, conta, sorrindo com entusiasmo.

Solange Pastorinho Monteiro, mostrando seu diploma que ganhou do Sebrae em 2014. Foto: Bento Fabio
Solange Pastorinho Monteiro, mostrando seu diploma que ganhou do Sebrae em 2014. Foto: Bento Fabio

Ao optar por não abrir uma loja e sim um escritório, Solange inovou na forma de trabalho. Para auxiliar na entrega, comprou a Penélope Charmosa, sua moto. Ela acredita que esse diferencial foi primordial para o seu crescimento. “Eu não quis ter uma loja, não nasci para ficar parada esperando ninguém. Meu diferencial é esse. Eu não espero meus clientes, vou ao encontro deles a hora que for. Muitos me ligam às 10h da noite, dizendo que esqueceram de pedir, e eu sempre dou um jeito de atender. Reparei que, da forma que eu trabalho, ninguém mais faz. Acredito que esse tenha sido o motivo do meu crescimento: a inovação”, finaliza.

A história de Solange nos motiva a correr atrás de nossos sonhos e organizar o caminho para que ele dê certo. Hoje a empresária desfruta de um retorno único, que é a satisfação pessoal. “Eu sou convencida, e acho tudo isso um barato. As pessoas me elogiam na rua. Ser reconhecida pelo trabalho que faço e amo é muito bom. Eu digo sempre às pessoas para, antes de colocar o sonho em prática, buscar informação para saber como agir. O mercado é um risco que corremos, por isso precisamos estudar e nos preparar para que esse risco seja sempre calculado. Daí para a frente, é só aproveitar as oportunidades e crescer!”

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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