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Do Alemão para o mundo: Conheça as três novas bailarinas do Theatro Municipal

Representando o Complexo do Alemão, Kethellyn Rangel, Ingrid Vitória Mayrink e Bianca Natália são as novas promessas do Balé

Três moradoras do Alemão foram aprovadas na última audição para a Escola de Dança Maria Olenewa (EDMO), núcleo preparatório de Balé do Teatro Municipal, uma das instituições mais tradicionais de formação de bailarinos clássicos. O anúncio foi publicado na página do projeto social ViDançar, onde Bianca, Kethellyn e Ingrid descobriram o amor pela dança.

A coordenadora Ellen Serra diz que o objetivo do projeto é mudar vidas através da dança. “O diferencial do Vidançar é inserir jovens, crianças e adolescentes para profissionalização na dança. Temos várias estratégias e nos preocupamos muito com a questão de inclusão familiar. A gente acompanha as notas na escola, realizamos reuniões bimestrais e cobramos muito a presença do responsável aqui. Além das três meninas, também conseguimos inserir mais oito no Conservatório Brasileiro Dança – CBD. Estamos sempre colocando alunos em audições. A gente dá todas as orientações para quem quer ser um bailarino profissional”.

Kethellyn Rangel
“Foi maravilhoso ser aprovada e quero ser uma bailarina brilhante! Quero ir pra fora do país, conhecer o mundo e brilhar, brilhar, brilhar muito mesmo! O Theatro Municipal é meu sonho e treinei muito para estar naquela escola”, disse Kethellyn Rangel, de 9 anos, quando perguntada sobre como foi ser uma das selecionadas para a nova turma.

“A Ket entrou no Vidançar quando tinha 7 anos mas sempre gostou de balé. Com 1 ano ela já ensaiava alguns passos em casa. Na época em que ela entrou para o projeto eu trabalhava fora e foi uma luta por conta de horário, mudei toda minha vida. Sei como é ter um sonho. Já no primeiro dia ela disse “Mãe, eu quero ser uma grande bailarina” Desde então eu falei que ia fazer tudo por ela”. comenta Rafaela Dias, mãe da bailarina, muito emocionada.

Às 5h da manhã mãe e filha já estão de pé. A bailarina sonha alto e diz que daqui pra frente se tudo der certo vai ser só alegria, acompanhada de muita luta. “Acordamos bem cedo, montamos o belo coque e enfrentamos o metrô cheio. Sempre pergunto se é isso que ela quer e a Kethellyn diz que não liga se estão empurrando ou espremendo”. conta a moradora da Rua 2, na Alvorada. “Quero chegar no teatro fazer minha dança e treinar para ser uma grande bailarina”, finaliza.

Ingrid Vitória Mayrink

Ingrid tinha 5 anos quando entrou no balé e aos 9 anos foi uma das selecionadas para a escola de dança. “Entrar no Vidançar foi maravilhoso. Foi lá que tudo começou e cada ano é um aprendizado. Quando ela pediu para entrar no balé eu não tinha condições de pagar uma escola de dança e fui informada que tinha um projeto que dava aula gratuita na comunidade”. conta Daiany Mayrink, a mãe da bailarina, que não esperava ser uma das selecionadas para fazer parte da academia de dança do Teatro Municipal. “Foi muito emocionante quando eu soube. Fiquei muito feliz eu não esperava que ia  passar”.

A família também conta que no começo foi difícil, já que nunca tinham sequer pisado no Teatro. Diogo Carvalho, pai de ingrid, divide o tempo entre o trabalho e as atividades da filha e é ele quem leva e busca a menina nos dias de aula.

“Não sabíamos como ia ser. Eu nunca tinha ido no Municipal e fiquei com medo, ficava nervosa já que são muitas e uma é melhor do que outra. Não esperava que a Ingrid fosse passar e foi uma surpresa muito grande. Estou muito orgulhosa e agradeço muito a Deus e toda equipe do projeto Vidançar que nos apoiaram e nos ajudaram muito”, diz a moradora da Estrada do Itararé.

Bianca Natália

Bianca sempre gostou de fazer hora extra na hora de acordar, mas ultimamente nem está mais reclamando quando o despertador toca e em um salto já levanta e começa a se aprontar para as atividades do dia. “Depois das aulas de dança nossa vida mudou, desde a hora de acordar ao horário de dormir. Ela nem reclama na hora de acordar cedo!” conta Noemi, mãe da bailarina.

A professora Sabrina foi a responsável por comunicar sobre o processo seletivo para se candidatar a uma vaga para a turma do Teatro e a família está muito animada com a conquista. “Primeiro estamos com muita esperança na carreira dela. Esperamos que daqui pra frente ela seja uma dançarina profissional, que viaje muito ganhando seu dinheiro através da dança e que ajude a realizar sonhos de outras crianças”.

Os pais da menina, que completa 10 anos em maio, dizem que estão muito orgulhosos e que apesar das dificuldades, estão se redobrando para realizar o sonho da filha. “Sei que dificuldade não vai faltar. Como é todo dia, é um grande gasto a gente tá aqui lutando, mas sabemos que tem muito história de superação e ela vai ser uma dessas que lá na frente vai ver o resultado.

Busca por padrinhos

Duda e Iasmin são duas alunas do projeto Vidançar que também já comemoraram a felicidade de passar em uma audição do Theatro Municipal e assim como Bianca, Ingrid e Kethellyn, também estão precisando de apoio. As despesas são altas, e os maiores gastos estão relacionados à locomoção e figurino. As meninas buscam padrinhos para ajudar com as necessidades. “Precisamos de pessoas para apadrinhar as 5 meninas do Alemão que estão no Municipal trabalhando, batalhando e lutando pelos seus sonhos!” finaliza Ellen Serra.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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