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É por não ficar triste às vezes, que você ficará muito mais

Foto: Reprodução/Internet

Você pode não perceber, mas você quase nunca se percebe… Quando pensa em olhar para si o tempo tapa seus olhos e diz: Não pode… Por que você está atrasado para o trabalho, para o almoço, para a academia, para o encontro, para dormir… Finalmente chega o fim do dia, você fecha os olhos e no dia seguinte os abre, num dia igual a todos os outros… Os abre? De que adianta abri-los se o tempo que passa tão de pressa quanto ontem te impede de se ver como sempre? São muitas obrigações. Ah, mas não importa, o fim de semana chega e eu quero viver tudo o que não pude durante a semana. Bares, cinema, festas, churrasco, só me esqueci de separar um minuto para me ver, minuto que não terei esta semana novamente, pois já é segunda-feira, e eu estou atrasado para o trabalho… Que tipo de dano sofre a alma quando é esquecida? Pergunte a um idoso que vive no asilo, cujos filhos são bem de vida, mas recusam cuidá-lo por que são muito ocupados com suas famílias e empregos. A alma não grita, mas chora, até grita, mas você não a escuta, e quando ela chora você sente. Os amigos esfriam, o relacionamento esfria, o trabalho esfria, a rotina esfria, os sonhos esfriam, seu coração se esfria. E quando você menos espera, nem se reconhece mais, passou a ser como os minutos corridos do tempo, e se tornou como todos os humanos, como qualquer minuto, sempre na mesma medida, iguais, proporcionais, escravos do tempo… E escravos do lamento em questão de tempo… A não ser que você separe um tempo para olhar para si de vez em quando… Mas, se no mito da caverna, olhar para o mundo causa tamanha dor aos olhos, garanto que olhar para si provoca o cêntuplo da dor, por que julgar a si mesmo é cem vezes mais difícil que as coisas em volta, as coisas fora da caverna… É por não ficar triste às vezes, que você ficará muito mais…

AUTOR:

Joao_novaimagem-colunista-2

Esta coluna é de responsabilidade de seus atores e nenhuma opinião se refere à deste jornal.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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