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Ele faz a unha e elas AMAM! Conheça a história do manicure pop da Kelson’s

Trabalho que começou como uma brincadeira ganhou fama; perfil no instagram reúne mais de 13 mil seguidores

Todo mundo está acostumado a ver manicure mulher. O que ninguém disse é que a profissão é coisa só de menina. A prova disso é Wallace Costa da Silva Vieira, 27 anos, morador e empresário de beleza da comunidade da Kelson’s, no Complexo da Maré. O salão de Wallace fica na Kelson’s mas o seu trabalho está rodando por muitos lugares. Seu  perfil no instagram reúne mais de 13 mil seguidores.

Wallace conta, rindo, que tudo começou como uma brincadeira. Ele estava em casa com uma amiga que fazia a própria unha. Como ela não conseguia cutilar a outra mão, pediu-lhe ajuda. O bom amigo foi lá e não só cutilou, como desenhou. Ela e todas as outras amigas amaram o resultado. “Elas ficaram doidas” – lembra Wallace.

A partir daí a fama do rapaz, que tinha só 17 anos, foi aumentando, e através do bom e velho boca-a-boca o manicure começou a ganhar clientela. A procura foi aumentando tanto que Wallace teve que sair da varanda da casa da mãe, onde trabalhava, e alugar o próprio espaço. A conquista seguinte foi comprar aquele espaço e agora, a próxima meta é reformar o lugar. “Vou jogar tudo isso abaixo e fazer tudo novo, do jeito que eu quero. Quero dar mais conforto para as minhas clientes, elas merecem.”

O jovem, que acaba de completar 27 anos, diz que sempre gostou de pintura, de desenhar, e que até chegou a fazer cursos quando era criança, mas se denomina autodidata, que são as pessoas que aprendem por si mesmas, com base na observação. Também aprendeu sozinho a fazer cabelo e sobrancelha mas, segundo ele, a procura pela unha é sempre muito maior. Na lista de sonhos, Wallace diz que quer ter a própria esmalteria e sua linha de produtos da área de beleza.

Toda segunda-feira ele dá aula do seu método de fazer a unha e decoração - Foto: Renato Moura/Voz Das Comunidades
Toda segunda-feira ele dá aula do seu método de fazer a unha e decoração – Foto: Renato Moura/Voz Das Comunidades

O sonho pode não estar ainda totalmente realizado, mas a fama já está dando pinta. Daniela Messias, maquiadora e uma de suas 13 mil seguidoras, diz que não conhece Wallace pessoalmente, mas que ama as unhas que ele faz. “Amo a delicadeza e o acabamento”, conta a admiradora.

A rotina já é de grande empreendedor. Todas as segundas-feiras ele dá aula do seu método de fazer a unha e decoração; às quintas-feiras atende fora da favela, em Bonsucesso, e nos outros dias mantém o atendimento no espaço da Kelson’s. A maior parte da agenda já é focada na comunidade e ele diz que quer manter assim. “Às vezes uma pessoa que mora na Zona Sul não paga R$ 200 em uma unha de porcelana. Aqui na comunidade elas pagam. Não que eu não queira abrir uma esmalteria fora, é um sonho, mas a prioridade é dentro da comunidade” – afirma o business man da beleza.

Sobre crise, Wallace não pegou nem marolinha nem tsunami. Mas dá dica de fazer promoções para quem está passando por isso. “Além de cativar o cliente, você consegue driblar a crise. Aí, quando a fase ruim passar, você pode voltar ao preço normal.”

Se por um lado as adversidades financeiras não apareceram, por outro Wallace conta sobre um incômodo: o ciúme. Tanto dos maridos das clientes, por ele ser homem e heterossexual, quanto da própria esposa, que às vezes chega a demonstrar irritação com as “clientes mais atiradas”. No entanto, Wallace diz que consegue administrar bem esse tipo de problema: “o respeito tem que partir de mim”.

Para quem está pensando em abrir um negócio, Wallace diz que é importante ter pé no chão, acreditar e confiar no próprio trabalho. Pelo visto dá para confiar: pelo menos, no caso dele, a fórmula já deu e parece que vai continuar dando certo.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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