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Empinar pipa, brincadeira com jeitinho carioca

Foto: Bruno Itan/Olhar Complexo
Foto: Bruno Itan/Olhar Complexo

As férias escolares chegaram, e com elas uma brincadeira milenar e barata que faz a alegria de crianças, jovens e adultos de todas as idades: Empinar pipa, também conhecida como papagaios. A pipa é um brinquedo artesanal que voa baseado na oposição entre a força do vento e a da corda e é composta de papel, que tem a função de asa, sustentando o brinquedo. Conforme o modelo, pode contar também com uma rabiola – que na maioria das vezes é feita de sacola – como um adereço preso na parte inferior para proporcionar estabilidade, aerodinâmica e equilíbrio. É uma opção de entretenimento simples e barata que faz a alegria da criançada.

Quem olha para os céus dos bairros e comunidades da cidade, em dia de sol, com suas pipas coloridas que enfeitam as nuvens, não imagina o quanto o mercado já evoluiu. Isso se dá pelo trabalho dos “Pipeiros”, nome dado aos artistas que se dedicam a confeccionar as pipas,  que mantem viva a paixão por essa brincadeira que é passada de pai para filho em meio a evolução tecnológica (internet, jogos e dispositivos digitais) que a cada dia que passa tem afastado as crianças das brincadeiras de rua tão conhecidas , como “pique pega”, “amarelinha”, “pique alto”, “altinho”, “bolinhas de gude” e “empinar pipa”.

Não se sabe ao certo quantas pessoas se dedicam a essa atividade, mas estima-se que mais de duas mil pessoas, entre pequenos, médios e grandes empreendedores trabalhem na produção de pipas, alimentando o mercado interno, mesmo em tempos de crise, e também exportando para outros países.

Wesley, conhecido como “bigode”, morador da Cidade de Deus há 18 anos, sempre teve pela pipa uma paixão que fez dele um “Pipeiro” experiente e reconhecido na comunidade. Procurado por nossa reportagem, nos contou um pouco sobre seu legado, que é passado do mais velho para o mais novo, os perigos com o uso do cerol e rede elétrica e como funciona a produção de pipas.

1- Como começou sua paixão como “Pipeiro”?

Minha paixão por soltar pipa veio de quando eu era criança. Sempre olhava para o céu vendo as pipas passarem no céu.

2- A pipa é uma brincadeira que ultrapassa todas as idades. Como você vê essa paixão entre crianças e adultos?

Para as crianças vejo como diversão, para nós, adultos, não é só uma diversão e sim uma coisa que não tem palavras para descrever a felicidade de estar soltando uma pipa como adultos e crianças

3- Você produz pipas ou apenas mantém viva a prática em grupo?

Não só mantenho viva a prática em grupo, às vezes eu e minha equipe “V8 pawer”  produzimos pipas para festivais ou até combate entre nós mesmo.

4- Seus filhos, sobrinhos, primos têm a mesma paixão pela pipa?

Sim , todos eles seguem o que eu faço!

5- Os “perigos” de se brincar de empinar pipa são de grande preocupação do corpo de bombeiros e da Ligth. Como você vê os riscos do uso de cerol e do contato com a rede elétrica?

O que mais nos preocupa são os carros e caminhões, pois levam a linha das pipas, podendo ferir um dos nossos dedos.

A pipa é uma opção de diversão acessível, barata e simples, mas quando utilizada de maneira incorreta pode deixar de ser uma brincadeira e se tornar algo perigoso. Por isso, é importante tomar cuidado ao soltar pipas perto de redes elétricas e com o uso do cerol (substância feita à base de cola, pó de vidro e outros compostos que são bons condutores de eletricidade), como recomenda o corpo de bombeiros e a Light.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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