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Jovem baleada na Fazendinha entra para estatística como primeira moradora morta no Alemão em 2018

A jovem Karolayne foi atingida por uma bala perdida em dezembro de 2017, ficou internada por um mês no Hospital Municipal Miguel Couto na Gávea, mas não resistiu e morreu no início de 2018

O ano de 2017 foi marcado por uma grande onda de violência para os moradores do Complexo do Alemão. Já no início do ano, cinco pessoas foram baleadas no dia 4 do mês de janeiro em um único confronto na região. Karolayne Nunes de Almeida Alves, de 20 anos, estava grávida, quando resolveu ir comprar salgados com seu esposo, Aílton, na comunidade da Fazendinha, interior do Alemão. Eles estavam de visita a parentes que moram na comunidade. “Ela sentiu fome e resolvemos sair para comprar algo para comer…” contou o esposo da jovem que estava grávida de cinco meses. A jovem, segundo relatos de familiares, foi atingida por três tiros que perfurou suas costa, braço e peito, dentro do carro junto com seu esposo. Após ser atingida, Karolayne foi socorrida para o Upa do Alemão e transferida imediatamente para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, Zona sul do Rio.  “Ela sentiu vontade de comer salgados, foi quando resolveram sair para comprar. A comunidade estava, aparentemente, tranquila. Não escutamos tiros antes…” contou um de seus familiares à nossa equipe.

Local conhecido como “Birosca”, onde a jovem foi atingida por pelo menos três tiros, segundo os familiares. Foto: Betinho Casas Novas / Jornal Voz das Comunidades

A situação da jovem era grave, chegando no Hospital com apenas 10% de sangue em seu corpo. Ela foi submetida a uma traqueostomia: intervenção cirúrgica que consiste na abertura de um orifício na traqueia e na colocação de uma cânula para a passagem de ar, mas infelizmente perdeu o bebê por conta das graves lesões. Após seis dias internada em estado considerado grave no Hospital Municipal Miguel Couto, a jovem apresentou melhoras, segundo os familiares. “Ela já começou a mexer os braços e a cabeça. Abriu os olhos e chegou até a pedir um beijo do seu marido…”  Uma campanha chegou a ser feita nas redes sociais, pedindo doações de sangue para a jovem. Ela estava com pouco sangue e precisava de transplante. Sensibilizados com a situação de Karolayne, moradores do Alemão e de outras partes da cidade se reuniram e fizeram um mutirão no HEMORIO.

A jovem, que seguia internada no hospital, morreu na tarde da última terça-feira, 09 de janeiro. Ela completou 20 anos no dia 23 de Dezembro em coma profundo no hospital. Com a morte de Karolayne, a jovem entrou para a estatística como a primeira pessoa morta em 2018, após ser atingida por bala perdida no Complexo do Alemão.

O enterro da jovem atrasou, por conta da falta de um exame balístico, feito pela policia civil que, ainda aguardava, na tarde desta quinta-feira (11), as armas dos policiais militares que estavam na localidade onda a jovem foi baleada. O enterro aconteceu por volta das 14h no cemitério de Inhaúma, zona norte do Rio. Revoltados com a morte da jovem, familiares pediram justiça.

 

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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