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Matheus Correia, o “Samurai” do Alemão que levou sua dança para República Tcheca

Foto: Vilma Ribeiro/ Voz das Comunidades

“O Samurai é resistência, diferença, LGBTQ e veio da favela. Eu sou o Samurai!”

A dança surgiu na vida de Matheus Correia como uma válvula de escape durante o período de adolescência, entre 10 e 16 anos, quando sofria bullying por estar acima do peso. Para se proteger das agressões físicas que sofria, o jovem optou pelas Artes Marciais e começou a investir no esporte, mas foi na dança que ele se sentiu acolhido. Neste ambiente, Matheus fez amigos que ainda mantém contato e diz que foi assim que se sentiu seguro em ser ele mesmo.

“As pessoas têm um padrão na cabeça de que não pode ser gordinho. Eu gostava de danças artísticas e ninguém gostava disso, era diferente de todo mundo. Chorava muito nessa época.” disse Matheus, relembrando a época em que fazia de tudo para ser aceito.

Matheus criava seus próprios passos de dança e ensaiava escondido na escola. Foto: Vilma Ribeiro/ Voz das Comunidades

Sem muito acesso aos locais de dança, Matheus, que hoje tem 19 anos, começou a criar suas próprias coreografias na escola onde estudava no bairro de São Gonçalo, no município de Niterói e pode contar com o incentivo de seu irmão Lucas, que sempre dá apoio ao caçula.

O reconhecimento veio logo após a família do dançarino retornar ao Complexo do Alemão, no Morro do Adeus, comunidade onde vive com os pais, o motorista Geraldo Roberto e a metre Conceição do Santos. Matheus dançava com um grupo de amigos em um canto escondido do Colégio Jornalista Tim Lopes, localizado na Estrada do Itararé, onde completou seu Ensino Médio, quando JP Black, professor do projeto Vidançar o encontrou e imediatamente o convidou para fazer parte da companhia.

Nesse momento surgiu o “Samurai”. Um personagem criado por Matheus para se sentir confortável, respeitado e o jovem afirma que se identifica assim devido a sua resistência. “O Samurai veio desse triângulo: Falavam que a minha postura era de Samurai. Eu tento seguir o caminho de um Samurai porque o karatê exige disciplina, honra e outras coisas. Coloquei um pouco disso na minha dança. O Samurai é resistência. Ele é diferente. Ele é LGBTQ e veio da favela. Eu sou o Samurai”

O dançarino conheceu a República Tcheca, onde aprendeu sapateado e mostrou um pouco da sua arte. Foto: Vilma Ribeiro/ Voz das Comunidades

Uma das grandes conquistas do jovem, além de passar no vestibular e iniciar seus estudos no curso de Educação Física na UFRJ foi à viagem que fez à Praga. Com muita emoção e tom de vitória, Matheus conta que foi convidado pelo programa Fantástico da Rede Globo para aprender um pouco de sapateado e ensinar passos de danças do seu país na República Tcheca.

“Tenho vários projetos saindo do papel e digo para todos que não deixem de ser quem são por causa de ninguém e por nada. Vale a pena insistir!”

Foto: Reprodução da internet

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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