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MC Luizinho está de volta!!!

Para continuar sua carreira como MC, Luizinho trabalha 15h por dia como camelô e planeja para montar um estúdio. Foto: Renato Moura/Jornal Voz da Comunidade
Para continuar sua carreira como MC, Luizinho trabalha 15h por dia como camelô e planeja para montar um estúdio. Foto: Renato Moura/Jornal Voz da Comunidade

Um dos MC’s mais queridos do Complexo do Alemão promete retornar no funk em 2017

Nascido e criado no Morro do Adeus, André Luiz Sergio cresceu vendo Mc’s de funk fazendo apresentações nos bailes locais, mas sempre viu como algo impossível pelo fato de ser muito tímido.

Desde 2010, escrevia letras de músicas e deixava outras pessoas cantarem suas rimas na igreja que frequentava. “O funk na igreja era uma coisa diferente, os mais antiquados torciam o nariz, mas foi a maneira que eu consegui de evangelizar muitos jovens. Eles tem que entender que é o meio mais próximo de chegar na galera da comunidade” – Luizinho conta que olhava orgulhoso os grupos jovens, mas a timidez não deixava ele participar e sempre ficava por trás de todas as apresentações.

“Eu não sou um cara dentro dos padrões esperados pela sociedade. Sou preto, gordo, pobre e feio.” Essa foi a resposta ao ser perguntado se esperava o sucesso que fez. O MC sempre sonhou em ser famoso e reconhecido e foi em 20 de maio de 2010, no Morro do Adeus, que sua carreira decolou após se apresentar em uma festa promovida pelos “Moleque Chocolate” (grupo que se reunia para produzir festas nas comunidades).

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MC Luizinho no palco do Arraiá do Alemão, evento promovido pelo Voz da Comunidade. Foto: Renato Moura

“Fui lá e cantei. Consegui me soltar porque era uma festa só com amigos, sabe? Então cantei com a alma. No outro dia levantei cedo pra comprar pão pra minha coroa e foi aí que tive aquela surpresa. Todo mundo falando comigo, ganhei até carona no Moto-taxi. Foi aí que pensei ‘Cara, esse bagulho de funk é maneiro, ta ligado?’ e desde então não me senti mais excluído. Comecei a viver um sonho. As pessoas me chamavam de gordo, as crianças me infernizaram durante muito tempo, me xingavam e foi só eu ficar mais conhecido que essas mesmas crianças pediam para tirar foto comigo para publicar no facebook. Eu não me encaixava em nenhum grupo e o funk trouxe isso pra mim. Num momento ninguém me queria perto, e do nada, depois que comecei a cantar, senti que as pessoas me respeitavam mais. Não só dentro da comunidade, mas a sociedade em geral” – Conta o Mc de 23 anos.

A partir daí Luizinho ia a bailes de Comunidades cariocas pedir oportunidade para cantar, dar a famosa “Palinha”. Posteriormente ele lançou sua primeira música com produção do “DJ gordinho” e bombou conseguindo mais de 30 Mil downloads.


Sabrina Sato gravando na casa do MC Luizinho. Foto: Renato Moura/Jornal Voz da Comunidade

O MC conta que a família não acreditava muito que seu sonho algum dia ia se tornar realidade até receber a visita da ex-apresentadora do Pânico, Sabrina Sato em sua casa. “Nem minha família acreditava em mim, você tinha que ver! Ela só foi acreditar quando a Sabrina apareceu lá em casa para gravar o programa Pânico. Fiquei quietinho, não falei pra ninguém lá em casa que ela ia. Iam dizer que eu estava doidão. Me arrumei e fiquei cheirosão esperando a Sabrina quietinho no meu canto. Eu ganhei muito público fora de casa, mas o de dentro foi o mais difícil de conquistar’.

Além do “Pânico”, Mc Luizinho participou de programas como Caldeirão do Huck, Super Pop , Legendários, entre outros. Luizinho diz que ganhou muito dinheiro com o funk e investiu em 4 carrocinhas, além de comprar uma TV nova para a mãe e conseguir manter a família por bastante tempo. “Comprei também meu primeiro tênis de mil reais. Eu via os caras com um tênis caro e pensava que eles eram doidos, mas três meses depois estava com com um par no meu pé. O funk me corrompeu nesse aspecto”- conta no meio de muito risos. “Fiquei o ano todo com o tênis no pé, tomava até banho com ele”.

“Nem minha família acreditava em mim, você tinha que ver! Ela só foi acreditar quando a Sabrina apareceu lá em casa para gravar o programa Pânico.”

Um dos seus últimos lançamentos foi a música “Rosa eu dô pra quem ta morta” – você pode assistir pelo youtube. A música conta a história de uma mulher que o enganava com vários homens ao mesmo tempo. “Vem uma mina no Face, cheia de ideia torta, falou que queria amor, que gostava de buquê de rosas, mas eu sou MC Luizinho do jeitinho que ela gostam, rosa eu só pra quem ta morta” – Cuiabá, Rio Grande do Sul, Brasília, Manaus, São Paulo, são algum dos estados que já receberam o funkeiro que agradece a parceria e a confiança do Maromba, também MC e morador de Bonsucesso.


Foto: Renato Moura/Jornal Voz da Comunidade

Hoje Luizinho trabalha 15h por dia como camelô e está juntando dinheiro para montar um estúdio e ter condições de continuar sua carreira. “Muitas vezes a galera me vê aqui trabalhando e não entende. A gente tem que ter humildade. É daqui que amanhã sai umas fotos bonitas pra publicidade. É daqui que vou ter um dinheiro pra montar o meu estúdio. Não tenho vergonha nenhuma de trabalhar na rua. Tenho mó orgulho na real, tá ligado?”

“O funk é uma parada muito louca, além de talento o camarada precisa de sorte. Conheço gente que está ai há mais de 15 anos e não viveu o que eu vivi em 6, mas conheço também uns camaradas que chegaram num tem nem um ano e tão ai passando na frente de geral. Mas é o que eu digo: Num­ desisti não, a vida é assim mesmo, a gente que tem que continuar lutando. Isso sim é importante pra caramba!” – Conclui dizendo que “Se o seu sonho é grande demais, é porque a sua fé é pequena demais”.

Foto: Renato Moura/Jornal Voz da Comunidade

Instagram: @McLuizinho_ofc
Youtube: youtube.com/mcluizinhochocolate
SoundCloud: soundcloud.com/mcluizinhooficial
Contato para show: (21) 99205-0590

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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