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O morro desceu para o asfalto… – Crônicas de Sérgio – 03

Sim, o morro desceu o asfalto. Há muito tempo não fazíamos isso, mas hoje fizemos. Hoje descemos o asfalto.

Descemos o asfalto pra reivindicar. Descemos o asfalto pra derramar ali as lágrimas que vocês produzem aqui.

Descemos o asfalto porque o asfalto resolveu subir as escadas do morro e por aqui matar.

Começou com Amarildo e agora somos todos nós……

Descemos o asfalto porque a violência do asfalto resolveu subir nosso morro.

Queremos paz no morro. Como todo cidadão, queremos segurança e não matança.

Como todo brasileiro, queremos nossos filhos na escola pra aprender, e não pra morrer.

Queremos voltar pra casa após um dia de trabalho e encontrar nossos filhos sorrindo e vindo nos encontrar e não uma poça de sangue a nos esperar.

Queremos de volta o som do batuque do samba do trabalhador, do funk na centro comunitário e não o barulho das rajadas de escopeta ponto 40.

Descemos o asfalto porque não podemos andar mais em nossas ruas, vielas e escadarias. A violência do asfalto fez de nossas ruas, vielas e escadarias um local onde toda bala “perdida” encontra um alvo em potencial.

Sim, a violência do asfalto subiu o morro.

Sim, a violência do asfalto.

Aqui na quebrada tem violência, tem sim. Tem drogas, tem sim. Como em Brasilia tem políticos e helicópteros com “pó”.

Como na PM tem valentes soldados e outros que são aviaozinhos do trafico. Jura que você pensou que só na favela tinha aviãozinho¿! Pois bem, na PM também tem, a Globo mostrou isso esses dias em pleno Jornal Nacional….

Queremos policias no morro cuidando de nossas crianças e não matando elas nas escolas. Queremos ronda escolar e não tiroteio na frente da escola.

Queremos cultivar nossas crianças e não mata las na barriga da mãe.

Queremos policias que cuidem, e não aqueles que se envolvem com crime.

Queremos politica publica, e não parceria com as “bocas”.

Descemos o asfalto, pois a violência institucionalizada do asfalto subiu nosso morro.

Descemos o asfalto. Descemos as lagrimas. Descemos nossos filhos as covas.

Descemos o asfalto

Descemos o asfalto.

O morro desceu o asfalto…

 

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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