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OPINIÃO | O poder da escrita como um instrumento de potencialização para as favelas do RJ

Biblioteca Infantil Maria Clara Machado-Contação de história na Praça Nova Holanda

Foto por: Douglas Lopes – Redes da Maré

As políticas de desumanização, desvalorização de áreas importantes para a elaboração do bem-estar social e a banalização da violência, junto a marginalização das periferias, são obstáculos que fragilizam a democracia e inserem mais medo, ódio e mortes. Os caminhos para refletir e agir sobre tais problemas sociais são diversos e, dentro das favelas, uma delas é a escrita; Uma forma de se comunicar e marcar a sua História no mundo. Tal estratégia é enfatizada pela ação de seus moradores dentro dos territórios que vivem através de poesias, artigos, músicas, livros, entre outros.

“Um livro, uma caneta, uma criança e um professor podem mudar o mundo”, diz a ativista paquistanesa Malala Yousafzai. A leitura faz com que você descubra novas formas de enxergar o mundo mas o poder de registrar aquilo que lê, sente, vê ou escuta é uma maneira de relatar o seu cotidiano e intervir na realidade que o cerca como forma de marcar a sua existência, além de abrir um campo de diálogo dentro de assuntos importantes a serem tratados na sociedade em prol da liberdade, do progresso e da humanidade. As análises realizadas, voltadas para âmbitos relevantes da cidade e os problemas estruturais e históricos enraizados ao longo dos séculos, ampliam o seu papel de responsabilidade e cidadania em momentos políticos, econômicos, religiosos e sociais tão difíceis.

Biblioteca Infantil Maria Clara Machado-Contação de história na Praça Nova Holanda - Foto por: Douglas Lopes - Redes da Maré
Biblioteca Infantil Maria Clara Machado-Contação de história na Praça Nova Holanda – Foto por: Douglas Lopes – Redes da Maré

A disseminação das rodas de conversa dentro das famílias, nas escolas e na comunidade em geral sobre a importância da leitura e da escrita como uma ampliação de um exercício democrático, cujo direito deve ser garantido pela Constituição Brasileira de 1988, artigo 6 e 205 a 207, através do compromisso com a alfabetização e no artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 com o acesso à Educação de forma gratuita, é um dos incentivos para a quebra da ignorância de achar que ambas são privilégios exclusivos de um grupo; É a construção da sua interpretação do espaço através da linguagem e da produção crítica/histórica.

Compreender a vivência que está sendo escrita e a sabedoria ali registrada da melhor forma possível, repassada mediante dessas duas ferramentas de transformação, através das ações de uma criança, jovem ou adulto, é crucial para a formação humana, ética e intelectual de cada indivíduo. São nossas grandes fontes de esperança e luzes que rompem com o silêncio trazido pela violência inserida nas favelas por meio de táticas violentas que colocam em risco a vida de quem está ali e seus direitos como ser humano. Além disto, a produção de narrativas cativa a formulação do senso crítico em combate aos discursos estereotipados sobre as periferias, a valorização cultural e a criação de uma rede de informação onde, mais importante do que apenas escrever, é pensar, agir, mobilizar ideias, fortalecer a própria identidade da sua localidade e ampliar outras vozes. Sejamos referências uns para os outros, principalmente no nosso quintal.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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