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RAP: A voz e a vez da comunidade do Morro do Borel

Thi Camps através do hip hop vem levando o nome do Borel para além de suas fronteiras

A cultura Hip Hop, que nasceu nos bairros periféricos de Nova York no final dos anos 70, traz consigo um manifesto através de expressão cultural: os sons nos becos e ruas dos DJs, as cores e ilustrações do grafite, os movimentos do break, e as rimas cheias de conscien zação do rap. O rap, inclusive, é a abreviação em inglês para ‘ritmo e poesia’ (rhythm and poetry), o que define muito bem esse estilo musical que carrega militância e arte por meio de seus versos. E é através dos versos mixados que o morador do Borel, Thiago Campos, pretende levar o nome da comunidade para além de suas fronteiras.

Thiago tem 25 anos e é conhecido na cena cultural como Thi Camps. A primeira música escrita por ele, quando ainda estava no ensino médio, foi uma homenagem a um amigo morto em uma operação dentro da comunidade, confundido com um traficante. De fato, através da arte, muitas vezes, pode-se entender melhor a própria realidade. Naquela ocasião, Thiago não imaginava que a música poderia se tornar algo a mais que uma distração e uma válvula de escape para todas as desventuras que enfrentava.

Uma de suas principais influências foi o rapper americano 50 Cent, especialmente no que se refere ao estilo e à estética dos clipes. Aqui do Brasil, Sabotagem e Racionais MCs foram importantes referências para Thiago construir um discurso preocupado em denunciar o racismo, preconceito e discriminação através de suas rimas. De dentro da comunidade do Borel o MC Didô e o Duda (conhecido pela dupla William e Duda) o apoiam, além de serem precursores em levar o nome da comunidade para outros lugares através da música.

Foi em 2013 que Thi Camps encarou a possibilidade de ter uma carreira no rap. Nessa época ele conheceu o DJ Alex Lopes, que nha um projeto dedicado exclusivamente ao hip hop. Foi quando Thiago foi convidado para fazer seu primeiro show nessa nova fase, mais profissional. O rapper do Borel também já experimentou cantar funk durante um breve período, mas o rap sempre foi mais forte. “Para mim a única diferença são as palavras que são ditas, porque o rap é muito mais conscientizador, para colocar a galera para pensar. Já no funk não tem tanto isso, é mais para fazer a galera dançar e se distrair”

“Que venham muitos outros! Pensar só em moto, de cima para baixo, não dá. O mundo fora da comunidade é bem maior.”

afirma Thiago, que reforça ainda gostar de funk e defende que não existe disputa entre os dois ritmos.

É com a intenção de levar o nome da comunidade do Borel para fora, através do hip hop, que Thiago escreve suas próprias letras de rap. Ele também garante que é fundamental ter parcerias nas composições, como por exemplo ocorre com Cee Jay e Max 87, que também são da comunidade. Incentivar outros a trilhar o mesmo caminho é uma das metas de Thiago:

Para o rapper já é uma satisfação ser reconhecido dentro da comunidade, receber elogios sobre suas músicas e clipes e ter um grafite com seu rosto em frente à casa dos avós.

Hip Hop leva nome do Borel, através do projeto do jovem Thi Campos - Foto: Rodrigo Chadí/Voz das Comunidades
Hip Hop leva nome do Borel, através do projeto do jovem Thi Campos – Foto: Rodrigo Chadí/Voz das Comunidades

O que Thi Camps busca passar através de seu trabalho é que as dificuldades não devem impedir ninguém de realizar seu sonho: seja ele no rap, nos estudos, em uma carreira profissional. É fundamental acreditar, dar o melhor de si, valorizar aquilo que você é e o lugar de onde você veio. Respeitar quem chegou antes de você e tem uma história para contar e ser um influenciador na vida de outros. E, acima de tudo, nunca desistir, afinal, a vida é um desafio.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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