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Sonhos de Papel: projeto mostra como espaço de leitura incentiva jovens periféricos, na Colômbia #IntercâmbiosLatinos

• Esta matéria foi produzida em colaboração entre o Jornal Fala Roça e Voz das Comunidades. Fotos: Artur Lara Romeu 

Recentemente visitamos a cidade de Medellín, na Colômbia, através do projeto Intercâmbios Latinos que promove a troca de experiências entre coletivos de comunicação do Brasil com países da América Latina. Durante a viagem conhecemos um pouco da história da cidade.

Visitamos diversas favelas e em vários momentos quase não havia diferença se comparado com o Brasil. A arquitetura é similar, com muito tijolo aparente e uma lista de coisas que ainda não chegaram como tratamento adequado de esgoto, mas sempre com muita gente sorridente levando a vida.

Incentivo a leitura e a liberdade de criar nas periferias  

Um dos lugares visitados foi a comunidade de La Cruz, localizada em um dos pontos mais altos da cidade. Na casinha mais colorida de todas funciona a Biblioteca Sueños de Papel (Sonhos de Papel), em não mais que 20 metros quadrados. Toda essa temática de ocupar o tempo dos jovens com alguma coisa boa também rola por lá. Nessa comunidade de 10 mil habitantes, esse é o único espaço de leitura e cultura disponível. Além dos livros eles oferecem também oficinas de Arte, Cinema, Rap, Grafite, Educação Sexual, Mulheres e Violência.

“Uma biblioteca é mais que livros”, é o que pensa Vera Tangarife, de 23 anos, idealizadora do projeto, mais conhecida na comunidade como Wendy. Ela conta orgulhosa que essa biblioteca surgiu do desejo de mudar a vida dos jovens de La Cruz, onde ela conheceu meninos de 16 anos que ainda não sabiam ler.

Foto: Artur Lara Romeu
Foto: Artur Lara Romeu

A biblioteca começou com uma estante na casa de um integrante do grupo, usando poucos livros doados e foi crescendo muito rápido, confirmando a demanda que existia em La Cruz. “Um dia um jovem bateu na porta da casa/biblioteca tarde da noite para pedir um livro”, contou Wendy. Naquele dia eles entenderam a necessidade de ter um espaço só da biblioteca e resolveram alugar uma casa exclusivamente para o projeto, dividindo os custos da casa entre os quatro integrantes do projeto. Após dois anos a Biblioteca Sueños de Papel vem juntando dinheiro através de doações para comprar o espaço onde funciona atualmente e segue sendo financiada pelos seus criadores. Todos são voluntários até o momento.

Foto: Artur Lara Romeu
Foto: Artur Lara Romeu

Comunicação comunitária é potência no bairro La Cruz

Esse ano mais um desdobramento aconteceu: a criação do Jornal Comunitário Entrecruzados, produzido por cinco jovens entre 12 e 20 anos, dentro da biblioteca. Por meio de matérias, crônicas, artigos de opinião e contos, os jovens jornalistas buscam mostrar o lado positivo da periferia em moram e trabalham, o bairro La Cruz. Ao realizar uma comunicação alternativa e diversificada, por não se sentirem representados pela mídia tradicional, eles levam conteúdos com outra visão social para os moradores desta localidade de Medellín.

Foto: Artur Lara Romeu
Foto: Artur Lara Romeu

Cerca de 100 exemplares são impressos a cada três meses e entregues pessoalmente nas escolas e para as lideranças comunitárias, por exemplo, sempre conversando, explicando o conteúdo do jornal e envolvendo os leitores nas pautas. Questionados sobre seus sonhos com o jornal, eles foram rápidos na resposta: “Queremos ser reconhecidos”, disse Isaias Caicedo, de 19 anos.

Nossos hermanos são referência de luta e resistência

Medellín foi considerada a cidade mais perigosa do mundo nos anos 90, no auge dos conflitos envolvendo o narcotráfico, alcançando a impressionante taxa de 7 mil homicídios ao ano. Hoje a cidade é reconhecida mundialmente por sua expressão artística e cultural e passou a ser um modelo de urbanização.

É provável que você conheça um pouco da história da cidade que vem sendo mostrada em filmes e séries como ‘Narcos’, uma produção da Netflix, estrelada pelo ator brasileiro Wagner Moura. Alguns projetos criados em Medellín também podem soar familiares pois foram replicados no Rio, como o teleférico do Complexo do Alemão e da Providência, as UPP’s, as Bibliotecas Parque, VLT, entre outros.

Foto: Artur Lara Romeu
Foto: Artur Lara Romeu

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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