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Verdade tropical – #Opinião

Foto: Reprodução/Internet

A cidade se anima, pura euforia, os corpos de fora em forma de poesia, pois logo, logo o sol e o calor efervescente já vêm para torrar a pele de todos. A cidade partida se prepara para os longos e bons meses de veraneio. A polícia se aloca nas fronteiras da cidade com armas e força para intervir quando necessári o, sobretudo quando a pequena África “incomodar” a “ordeira”  província tropical.

Os comboios seguem em romaria nos ônibus para as praias de copa, Ipanema e arpoador, descalços, sem blusas, com corpos suados e disformes. Seguem em seus bondes com o qualrasgam as fronteiras da cidade, comboios da Penha, Mandela, Jacaré, Querosene, Irajá, Arará, Maré vêm curti as praias. Eles descem a pista e como corpos em transe, revelam o choque entre “favela-inverno” e o “céu”, uma alegoria em transmutação pois aquele menino que corria nos becos agora é o corre das praias e arte do afano em suas mãos desvendam a rapidez de sua perene vida, pois logo será barbarizado com socos e pontapés e talvez tiros como no caso dos meninos de Sumaré. Um verdadeiro extermínio. Sobem n os ônibus como lagartixas, sentem-se com o os reizinhos das pistas. O menino cresceu entre a ronda e o tiro, a bala e a bola, o progresso midiático e a falta d’água, sente na pele a dor pelos seus irmãos que morrem diariamente, e gritou de angústia pela violência latent e. A cidade entocou-se em  seus bunkers, clamando por ref orços para “despachar o populacho” que ch amam de desordeiros. A favela é marginalizada pela mídia, os  presídios são as senzalas que abrigam quem não segue as ordens da casa-grande e a praia privatizada e “particular”.Toque de recolher, porque ninguém quer ver esse bicho de sete cabeças. E diante disso a província com medo sentia-se paralisada com aquela cena e os julgaram como bárbaros e marginais o qual devem ser jorrados em corsários e levados diretos para Guiné, Nigéria e Benin para serem chicoteados.

O furto ao comando da dor e da agonia, vira manchete e atinge como uma bala a pequena África, que nada poderá fazer pois chora pelos seus meninos e meninas que querem expandir seu quintal. O alvoroço da casa-grande pelos os colares e pulseiras. Objetos materiais não matam a fome e a sede de quem tem e nem muito menos a dor pelo o sofrimento de uma vida castigada pelo os percalços das mãos calejadas. Uma gente virtuosa e humilde que compartilha muitas das alegrias e tristezas, embora seja tratada com brutalidade e violência por aqueles que deveriam ajudar.  Mas não me engano que a lógica cruel e perversa seja essa. Enquanto a polícia invade as pequenas Áfricas com seus fuzis e tanques, os meninos e meninas invadem os ônibus e furam os bloqueios das fronteiras da cidade.

Esta coluna é de responsabilidade de seus autores e nenhuma opinião se refere à deste jornal.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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