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Bora O.C.U.P.A.R porque O RAP É PÚBLICO: A palavra falada como ferramenta de disputa de narrativas

 

A fala é advento da nossa espécie e é por meio dela que conquistamos diferentes formas de nos relacionar socialmente desde que nascemos. E quando eu digo “palavra falada” não me refiro apenas a sua modalidade exteriorizada por meio da voz como também por sinais corporais como é o caso da comunicação das pessoas da comunidade surda.

Falamos para expor nossa opinião, para pedir uma informação, para contar uma história e, dentre outras coisas, para cultivar os nossos afetos. E é na oralidade que se constrói grande parte da história africana; oralidade materializada na figura dos Griots, pessoas responsáveis pela contação de histórias para os mais novos, por meio de poesia, música ou outras formas de uso da palavra falada.

Por meio da palavra, conseguimos nos inserir em diferentes espaços, por meio de diferentes linguagens, sotaques e discursos escolhidos. A palavra é mais ou menos maleável no que se refere a significados a depender das culturas em que são proferidas. Palavra é política. Talvez haja poucas coisas tão ou mais democráticas do que a palavra, especialmente a sua modalidade falada, utilizada por letrados e analfabetos, em qualquer lugar do mundo.

É nesse sentido que acredito no potencial da palavra falada para disputar narrativas, contar nossas histórias e ocupar os espaços que são nossos por direito. Para isso, criei em agosto de 2018 o projeto O RAP É PÚBLICO e seu “braço” O.C.U.P.A.R. (Oportunidade Cultural de Unir Potências Artísticas de Rua), que visa ocupar espaços públicos principalmente para disseminação da palavra falada, mantendo seu caráter público tanto para quem ouve quanto para quem precisa falar, e ampliando oportunidades para artistas, especialmente em início de carreira, e ao mesmo tempo pensando na ampliação da diversidade do público frequentador dos espaços em que o projeto é realizado. Em 4 meses de existência produzi 10 eventos nos seguintes locais: Lona Cultural de Anchieta, Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB) na Gamboa, Arena Jovelina Pérola Negra na Pavuna, Arena Dicró na Penha Circular, Memorial Getúlio Vargas na Glória, bar Rivalzinho na Cinelândia, Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica (CMAHO) na Praça Tiradentes, Centro de Cultura Social em Vila Isabel e bar Urbanito na Praça da Bandeira.

 

Deu, em média, quase 3 eventos por mês, sendo todos realizados sem nenhum orçamento para gestão e produção, com exceção da Arena Jovelina Pérola Negra, bar Rivalzinho e bar Urbanito que disponibilizaram verba para auxílio de custo dos artistas. Tirando o Urbanito, que é muito novo e que, na data de um dos eventos, não tinha equipamento de som e, portanto, houve a necessidade de que eu levasse de outro espaço, as bases estruturais utilizadas sempre foram dos locais em que produzi os eventos. Isso também foi estratégico quando pensei em ocupar, principalmente, espaços do estado/público, por serem mantidos quase 100% com verba pública (nossos impostos, portanto), o que reforça a necessidade de termos que deles usufruir como profissionais e como público consumidor.

Todo evento completo do O RAP É PÚBLICO sempre inclui poesia falada (às vezes por meio de slam – competição de poesia falada – tendo como principal o Slam Vila Isabel, organizado por mim na principal Praça de Vila Isabel), música (com destaque para o rap) e, vez ou outra, palestras e rodas de conversa sobre diferentes temas. Percebe-se que o tripé arte, cultura e ciência sempre estão presentes em suas modalidades faladas no evento, o qual objetiva ter principalmente um aspecto pedagógico/de formação, o que ganha força quando dou palestras e palestras-intervenções (palestras mescladas com intervenções artísticas) em escolas e outros espaços de formação levando o nome e proposta curatorial do projeto O RAP É PÚBLICO/O.C.U.P.A.R. Aos poucos, tudo que faço no campo artístico passa a fazer parte do O RAP É PÚBLICO/O.C.U.P.A.R., de maneira que ele tenha extensões que extrapolem os eventos “oficiais”.

Estou em fase de reestruturação do projeto para 2019, replanejando as estratégias de marketing, ampliando a equipe de produção e captando parcerias, financeiras ou não. O Voz das Comunidades será parceiro do projeto como mídia oficial e estou articulando novas parcerias. Caso interesse ao seu negócio apoiar o projeto O RAP É PÚBLICO ou queira saber melhor sobre possibilidades de contrapartida para a sua marca, projeto ou ideia, basta entrar em contato com a página W-Black: no Facebook.

Transformemos a cada dia o simples ato de falar em forte ferramenta política.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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