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Coveiros trabalham de forma precária em cemitérios da capital

(Crédito: CadaMinuto)
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Da Redação
Com informações da Tv Pajuçara

Uma reportagem exibida pelo Jornal da Pajuçara, na noite dessa quarta-feira (30), mostrou a rotina perigosa dos coveiros e a dura realidade desses profissionais.

Durante a reportagem, Lucas Malafaia, repórter da Tv Pajuçara, mostrou com o auxilio de uma câmera escondida, a exposição desses profissionais e os riscos constantes devido ao ambiente insalubre, correndo o risco de contaminação por bactérias.

No maior cemitério público da capital, o São José, a situação é gritante. Túmulos estão abertos, pedaços de ossos por todas as partes, ossadas completas em sacolas plásticas e alças de caixões, que também oferecem perigo. Um coveiro, que pediu para não ser identificado, viu uma colega passar por maus bocados depois de se acidentar em um objeto cortante. “Foi se tratar no interior. O médico de lá disse que se ele fosse para o HGE iria perder a perna”, relatou.

De acordo com os profissionais, eles trabalham todos os dias, recebem menos de um salário e não recebem materiais de proteção individual (EPI). “Aqui corremos todos os rico. De uma bactéria, de uma furada num prego”, disse. “Também não recebemos férias, decimo e nem temos carteira assinada”, denunciou.

O órgão da prefeitura responsável pelos cemitérios garante que os funcionários recebem os ‘epi’s’. “Estão todos com equipamentos, com fardamentos”, disse o  diretor de cemitérios/SMCCU, Rogério Barros. Mas, mesmo assim, é possível ver que a maioria não utilizam os materiais ofertados e ignoram os riscos.

Segundo a SMCCU, 30 pessoas foram aprovadas num concurso realizado pela prefeitura. 23 permanecem nos cargos. Isso em tese, porque na prática quem executa todo trabalho são os chamados ‘precarisados’, que não possuem nenhum vínculo formal. Portanto, são muito mais vulneráveis.

Os profissionais relataram para a reportagem que recebem R$ 856. A rotina de trabalho é exaustiva e outros direitos são negados. “Feriado, dia santo, dia de domingo, semana santa, tudo a gente trabalha,” relatou um coveiro.  “Os concursados ganharam no concurso, mas foram para a administração. São três homens. Nós limpamos o cemitério todo, realizamos sepultamentos e são quatro homens para aquela administraçãozinha”, denunciou. Daí, o trabalho pesado sobra para os prestadores de serviços. “Eu estou com vinte anos perdidos. Pra arrumar o dinheiro do pão de hoje, o de amanhã só deus sabe”, disse outro funcionário.

A situação dos profissionais ainda não entrou no radar da fiscalização. “Essa atividade ainda na entrou num tipo de fiscalização programada e ainda não recebemos denúncias,” disse o auditor do trabalho, Elton Machado. Assim, os coveiros trabalham sem garantias, mas com a esperança de um dia sair da escuridão. “A justiça tem que olhar pra gente, nós não somos indigentes”, disse.

A administração de cemitérios da SMCCU informou que nunca recebeu nenhuma denuncia de que os coveiros concursados não trabalham e irá averiguar o caso.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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