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Olhar de crianças sobre o Santa Marta em mostra fotográfica

Entre março e abril deste ano, cerca de 30 crianças de 4 e 5 anos, moradoras do Morro Santa Marta, descobriram uma nova brincadeira: mostrar, através de fotografias, como vêem o local onde moram. O resultado poderá ser visto até 11 de maio na exposição A comunidade Santa Marta pelo olhar das crianças, na Unidade Anchieta de Atendimento à Pré-escola (UNAPE), na própria comunidade. A iniciativa faz parte do Projeto Criança Pequena em Foco, conduzido pela ONG Centro de Criação de Imagem Popular (CECIP) em parceria com a Fundação Bernard Van Leer e o apoio do Instituto Pereira Passos (IPP-Rio).
Antes de empunhar as câmeras, os pequenos fotógrafos passaram por oficinas de motivação em que eram estimulados a dizer do que gostavam e também o que não lhes agradava no Santa Marta. O processo continuou em

um passeio pelo morro, no qual, com equipamentos fornecidos pela ONG, meninos e meninas puderam soltar a criatividade. Registros da casa da vovó, aviões no céu, animais e pontos turísticos se misturam a fotos que mostram acessos perigosos e lixo, mostrando parte do cotidiano dos pequeninos na comunidade.

Manoella da Penha de Souza, de 5 anos, e Victor Araújo da Penha, de 4 anos, foram duas das crianças que participaram da atividade. Para a menina, fotografia era só brincadeira – nunca havia feito fotos de verdade. “Eu queria mostrar um galo que achei no mato, mas quando fui tirar a foto ele correu”, conta. Victor preferiu registrar um ambiente familiar. “Eu gostei de tirar foto da casa da minha avó”, diz. Ambos revelaram o desejo de se tornarem fotógrafos profissionais no futuro, ele para fazer mais registros da creche que freqüenta, e ela para fotografar animais.

Na inauguração da mostra, cada criança recebeu um CD com as fotos selecionadas, além de um DVD com o registro dos passeios pelo Santa Marta. Segundo a professora Vivian Hilário os maiores problemas abordados pelas crianças foram o lixo e o esgoto. “Isso apareceu em muitas das fotos que eles tiraram”, revela.

Claudius Ceccon, secretário executivo do CECIP, e coordenador da equipe à frente do projeto, destaca que a opinião de crianças sobre o meio em que vivem raramente é consultada. “As pessoas não se dão conta da importância de ouvir as crianças, um grupo que muitas vezes observa coisas que passam despercebidas aos adultos. O olhar deles é uma contribuição única, é desprovido de preconceito”, enfatiza.

A exposição é uma das atividades do projeto Criança Pequena em Foco, que pretende criar estratégias para incluir a participação das crianças na consrução de políticas públicas para áreas de UPPs. Segundo Ceccon, com o advento da pacificação as crianças podem ter uma imagem diferente da comunidade em que vivem. “As crianças estão nascendo em uma realidade nova. Elas têm, em tempo de vida, quase o mesmo tempo que a UPP está lá”, diz ele, referindo-se ao Santa Marta, onde a Unidade de Polícia Pacificadora foi implantada em 2008.

“Nosso projeto quer trazer o olhar da criança, que é um olhar competente, que muito tem a contribuir, para os tomadores de decisão. O objetivo é que as demandas das crianças sejam ouvidas, e que ajudem a estabelecer mais políticas públicas direcionadas elas”, explica a pesquisadora do CECIP, Marina Dantas.

Das mil fotos produzidas, cerca de 50 foram selecionadas e compõem a exposição.Em breve outras comunidades pacificadas devem receber o projeto. De acordo com Claudius Ceccon, a ideia é levar a iniciativa ao Chapéu Mangueira, ao Morro dos Macacos e à comunidade Nova Brasília, no Complexo do Alemão.

Via: http://www.uppsocial.org

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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