Pesquisar
Close this search box.
Pesquisar
Close this search box.

Somos todos iguais

Foto: Reprodução/Internet
Foto: Reprodução/Internet

Nascemos todos pelados, nus, sozinhos.
Todos choramos de fome e de alguma forma fomos respondidos.
Peito na boca de uns, tapa na bunda de outros.
Chorar de fome menino?
Eu também estou com fome.
Todos queremos brincar,
alguns de videogame outros de correr já tá bom.
Mas o mundo chama, o mundo demanda
ele já grita por mim que tenho apenas 8 anos.
Todos acordamos cedo,
6 horas de pé!
Escola, cursinho, natação pra alguns
Sinal, bala, suor pra outros.
Mas todos somos iguais, final do dia estamos todos cansados.
Queremos brincar também!
Final de semana já me vem a nova demanda,
Almoço com a família sorridente, mamãe orgulhosa mostrando as notas da escola.
Sinal, bala, suor pra outros.
E a vida continua, a vida vai seguindo, cheguei aos 18 e agora?
O que fazer?
Engenharia, medicina, direito, arquitetura?
Sonho ou realidade?
Qual será a minha escolha?
Faxina, engraxate ou sinal novamente?
Não tenho muito o que pensar, aparecendo eu fui.
Corre daqui pra lá, corre de lá pra cá, corre menino que a vida ta chamando!
Corre da polícia, que pobre favelado não tem vez.
Corre daqui pra lá, corre de lá pra cá, corre menino que a vida ta chamando!
Faculdade, namorada, mamãe no telefone, festinha com os amigos e a demanda vai crescendo
O dinheiro não vai dando, a busca vai mudando
Oba, um estágio para a solução!
Ganhei roupa, banho, hematoma, comida.
De barriga cheia não reclama, cala a boca menino!
Agora já com 35, meu filho já com 15 seguindo os passos do papai
Podia estar na escola ou então jogando bola,
mas isso é pra ser doutor..
Quem nasce pobre morre pobre, já dizia Gabriela.
De carro parado no sinal, mulher falando, neném chorando, babá agoniando…
Quer uma bala doutor?

AUTOR:

monique_novaimagem-colunista

Compartilhe este post com seus amigos

Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram
WhatsApp

EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

Contato:
[email protected]