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Tranças africanas: eis a história!

Texto: Juliana Henrik

A Trança Africana, especificamente a nagô, é bastante antiga na África. Penteados com tranças abrangem um amplo terreno social: religião, parentesco, estado, idade, etnia e outros atributos de identidade podem ser expressados em penteado. Tão importante quanto o desenho é o ato da trança, que transmite os valores culturais entre as gerações, exprime os laços entre amigos e estabelece o papel do médico profissional.

Há uma grande variedade de estilos tradicional de tranças africanas, que vão desde  curvas complexas e espirais para a composição estritamente linear. Pode parecer estranho olhar um modelo de trança e comparar a geometria, mas estes são os estilos bastante tradicionais na África. A matemática faz parte do penteado Africano e, como muitos outros africanos no Novo Mundo (escravidão), o conhecimento sobre ele sobreviveu. 


Termos étnicos como Nagôs, Angolas, Jejes e Fulas representavam identidades criadas pelo tráfico de escravos, e cada termo continha um leque de tribos escravizadas de cada região. Nagô era o nome dado a todos os negros da Costa dos Escravos que falavam o Iorubá. Mas muita gente não sabia que as divisões e reconhecimentos de cada um era feito devido a seu penteado que contém sempre um mapa para ajudar nas suas longas caminhadas e traçados.
Na Grécia, e depois em toda a Europa durante a Idade Média (essa é outra história que vou contar pra vocês depois), a trança foi adotada pela maioria das mulheres.

No início do século XV, com a escravidão das sociedades africanas, o cabelo exerceu a importante função de condutor de mensagens. Nessas culturas, o cabelo era parte integrante de um complexo sistema de linguagem. A manipulação do cabelo era uma forma resistência e de manter suas raízes. Coisa que nos dias atuais vem tendo um grande poder não só nas mulheres e sim na sociedade como um todo.
As tranças serviram como pano de fundo de diversos movimentos como, Marcha dos Direitos Civis nos Estados Unidos, o aparecimento de movimentos negros como o Black Power e os Panteras Negras, que lutavam pelos direitos e enaltecem a cultura afro.

African United movimento que visa a volta dos negros às suas raízes

Na década de 70, em meio ao movimento hippie, a cultura negra ficou em evidência. Movimentos negros originados da reunião de seus afrodescentes mostraram sua marca e cultura. Além do Black Power, as tranças e os dreadlocks, também se destacaram. O movimento Hippie, com sua variedade, possibilitou a diversidade de culturas. E naquela época, os afrodescendentes ficaram em evidência, mas foi pelo ano 2000 que as tranças dominaram, fazendo a cabeça de todo mundo e com isso vieram as apropriações culturais.


Apropriação cultural é a adoção de alguns elementos específicos de uma cultura por um grupo cultural diferente. Ela descreve aculturação ou assimilação, mas pode implicar uma visão negativa em relação a aculturação de uma cultura minoritária por uma cultura dominante. Não é porque está na moda que devemos sair fazendo sem saber de onde veio e sua história. Todo lugar tem sua cultura e deve ser respeitado. Usar tranças designa origem e demonstra o orgulho por sua história.

“Minhas tranças são minha coroa, nunca diga que tá tentando criar coragem de fazer um dia no carnaval, pois minha história não é fantasia.” – Juliana Henrik

Obs: os dreads não vieram da Jamaica, do movimento Rastafári ou com Bob Marley, e sim da Índia. Mas foram os jamaicanos que propagaram o penteado. A palavra dreadlock usada pelos Rastas vem da união das palavras lock (o penteado com tranças) e dread (a pessoa que usa a trança).

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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