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Com Teleférico desativado, famílias removidas para obras falam sobre abandono

Inatividade do Teleférico gera revolta em famílias que perderam suas casas para a construção


Em 2010 com a implementação de um sistema de transporte que corta 3,4 km do Complexo do Alemão, composto de 6 estações, 24 pilares onde o mais alto deles mede cerca de 50 metros de altura da base até a parte de sustentação dos cabos do teleférico, foi preciso preparar todo o território para a construção. A opção escolhida foi o de remanejar todos que viviam nas localidades onde as obras causaram impacto.

De início, os responsáveis pela operação contaram com a ajuda de líderes comunitários das regiões que sofreram mudanças, para conversar com em média 100 famílias que seriam notificadas. “Quando entrou a obra do PAC foi feito todo o procedimento, teve laudos de interdição e a maioria das casas ao redor de onde seria o teleférico foram comunicadas sobre a remoção. No começo todo mundo aceitou, mas agora estão na luta do Aluguel Social. Construíram uma coisa linda e hoje não funciona, ia ser maravilhoso pro morador mas não é mais!”. ­­­­- Disse moradora que não quer se identificar.

Na época, todos que foram notificados com laudos de interdição saíram do local e mesmo depois de serem indenizados puderam dar entrada no Aluguel Social, benefício que faz parte do programa Morar Seguro do Governo do Estado. O auxílio atende a famílias que foram removidas de área de risco, desabrigadas ou que não tem condições de pagar aluguel, com isso, o governo paga durante um ano o valor de R$ 400,00 a todos beneficiados.

“Você já pensou uma família de 6 pessoas sem casa? Lá tinha barraco mas também tinha casas boas e tiveram que sair do lugar. Se você notar, fora os teleféricos muitos também foram retirados por causa dos pilares que sustentam os cabos de aço”. – Relata moradora.

No início, o governo informou aos moradores os benefícios e impactos positivos que o teleférico iria trazer, como: oportunidades de emprego para os próprios moradores, geração de renda e novos espaços para promover trabalhos sociais. Muitos colaboraram no processo de retirada com o pensamento de que estavam fazendo isso em prol do bem de toda a comunidade. O projeto de fato trouxe benefícios, mas temporariamente.

“Fui obrigado a sair do ponto em que fui nascido e criado para dar lugar exatamente onde fica a torre 8, meu pai trabalhou feito um cavalo desde seus 18 anos de idade pra construir nossa casa e dar o conforto que tínhamos, a minha infância e a história da nossa família deram lugar a esse projeto falido.” – Disse seguidor da página do Voz das Comunidades em comentário a um post nas redes sociais.

Atualmente algumas famílias que deixaram suas casas ainda lutam para conseguir receber o Aluguel Social, para isso contam com a ajuda de moradores que acompanharam de perto todo o processo de remoção.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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