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#ArtigodeOpinião: Sustentabilidade e giro de economia criativa na favela

Foto: Espocc Maré

Acredito num conceito chamado “consciência de classe carioca”. Todo mundo sabe a qual lado do Túnel Rebouças pertence. E quando você atravessa essa fronteira, tem certeza de qual é teu lugar. O recado é claro. Mais de duas horas no transporte público no ônibus velho enquanto seus colegas de curso ou trabalho chegam com suas bicicletas elétricas de 5 mil reais. 

A descoberta do mundo sustentável acontece através dessa convivência fora do nosso universo onde tem gente que já até tirou o plástico completamente da rotina. Copos de silicone, canudos de metal, escovas de bambu, absorvente de pano… O copo de silicone é o mais famoso, é prático e retrátil. Produzido no Brasil, promete uma entrega sustentável. O problema é o preço. O mais barato que se encontra na internet é 50 reais. Por mais que o custo da empresa seja alto, na realidade de quem mora nas comunidades não dá pra pagar esse preço num copo. A pior sensação é querer fazer parte de algo e bater de cara na porta fechada. Seria o universo sustentável só para os privilegiados?

Existem formas baratas de estilo de vida sustentável: levar pra rua copos e talheres que já se tem em casa. Abolir o uso de canudo em qualquer situação. Passar a usar garrafas retornáveis de refrigerante. Pedir aquela costureira da sua rua pra fazer uma ecobag personalizada. Dar uma força para as iniciativas orgânicas da sua área. Isso tudo faz a economia do seu bairro girar. Por isso, aqui vai um desafio: ao invés de comprar produtos sustentáveis na Zona Sul e no Centro precisamos fortalecer a galera das favelas e do subúrbio.

A união de inteligência e criatividade geram renda. Esse é o conceito da economia criativa e a sustentabilidade vai caminhando junto, propondo ao consumidor produtos inovadores com impacto ambiental menor. Tem morador muito talentoso nessa empreitada, a crise econômica fez com que muita gente se tornasse empreendedor. Ao invés de dar lucro para uma empresa enorme temos o desafio de fazer a nossa economia territorial girar. Todo mundo se ajuda e todo mundo ganha. 

No mês de agosto, bombou nas redes uma foto de um homem com sua ecobag feita de sacos de ração. Deram vários nomes pra ele até que se descobriu sua verdadeira identidade: Wallace, também conhecido como Pala-Pala, dono do projeto #Sustentacão que confecciona sacolas a partir da reciclagem e também ajuda os cães de rua. A grande maioria do público ficou sabendo porque viralizou. E quando não viraliza? Como descobrimos os empreendedores criativos da nossa quebrada?

Reprodução / Facebook

A Rede Favela Sustentável tem um mapeamento com várias iniciativas sustentáveis das favelas do Rio de Janeiro. É a forma mais fácil de encontrar alguma perto de você. Tem também o Instagram da @suburbanasustentavel que prova que não precisa ser rico para viver sem agredir o meio ambiente. São alguns exemplos que você pode acompanhar e começar sua vida “eco-friendly” hoje.

Se você conhece algum empreendedor criativo sustentável ajude outras pessoas a conhecer, indique para familiares e amigos. A missão é fazer a economia circular dentro da nossa própria casa. Você pode até fazer mais, não só apoiar os empreendedores de onde você mora mas se tornar um deles. A cereja do bolo é criatividade com ela vamos longe. E quanto mais longe melhor. 

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PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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