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Carta aberta aos homofóbicos que derramam sangue inocente

Meu caro homofóbico…

Você sabe o que significa homofobia? Homofobia é o preconceito contra aqueles que amam pessoas do mesmo sexo. É o preconceito contra pessoas que tem sentimentos, anseios, necessidades e esperança como qualquer outro humano. E o que há de errado nisso? Nada. Não devem existir regras para o amor, ele deve seguir apenas o respeito e a liberdade.

Quem me conhece sabe que não sou adeptos a manifestos e que, normalmente não freqüento manifestações em geral. Mas diante de posturas como a sua, é impossível me calar. Muitos acreditam que você não merece mais do que desprezo, mas algumas pessoas acham válido deixar registrada minha pena por alguém tão inútil e pequeno, então seguirei esse conselho, tendo em vista que essas pessoas são algumas das que sofrem as conseqüências da sua deficiência de caráter.

A sua falta de caráter não seria relevante se não afetasse outras vidas. Eu poderia muito bem ficar quieto no meu mundo sem ao menos “perder” alguns minutos do meu dia escrevendo a minha indignação, mas se assim o fizesse eu seria tão sem caráter quanto você. E sabe por quê? Porque algumas pessoas estão perdendo a vida por culpa única da intolerância de gente como você, como meu vizinho ou como aquele artista que é formador de opinião e se cala diante de tanta injustiça.

Sim, a palavra certa é injustiça. É injusto tirar qualquer vida, até mesmo a sua, pobre de afeto e desprezado por gente de bem. Injusto tirar vidas de pessoas que querem apenas sorrir e realizar os seus sonhos.

Agora, diga-me, nobre homofóbico, porque raios o comportamento de pessoas que não pagam as suas contas te importa tanto? Eu juro que não consigo entender. E quando você alega que fulano nunca te enganou? Acha mesmo que você é o centro do universo e que alguém se preocupa em te enganar ou não? Poupe-me, meu caro, esses e outros argumentos, como os religiosos, são apenas uma defesa para a sua ignorância. Falta de educação e de consciência deveria ser crime, mas como ainda não é, você está solto, habitando um lugar com pessoas que você julga inferiores, mas que no fundo são heróis por tolerarem a falta de humanidade em pessoas como você.

O mundo, o Brasil, eu, o meu vizinho e os meus amigos, não precisamos de você, de Ana Paula Valadão, nem do atirador que devastou Orlando. O mundo precisa de gente que luta pela igualdade, sim, precisamos de Lady Gaga, de Bruno Gagliasso, de Jean Willys (estamos falando de combate a homofobia e não política), e sobretudo dos militantes desconhecidos aqueles que dão a cara pra bater quando saem na rua de mãos dadas com seus companheiros, as nossas mães que ouvem comentários pejorativos dos vizinhos ao saberem que seus filhos são LGBT’s e mesmo assim nos amam e nos apóiam.

Querido Homofóbico, o seu ódio ao diferente não ensina e não é exemplo, ele só destrói. Ele não destrói você, ele destrói famílias, ele devasta vidas, ele interrompe sonhos, ele cala vozes e derrama lágrimas. Ele, acima de qualquer coisa, dissemina o ódio e divide a socidade.
Saiba que não vou me calar, não vou esmorecer, não vou atar minhas mãos. Eu vou gritar ao mundo o que sou, o que meus amigos são e sabe porque? Porque tem adolescentes se descobrindo e diante de tanto medo ele já pensa em desistir antes mesmo de começar a lutar. Mas, eu vou mostrar a eles, que não, eles não estão sozinhos. Tem muito mais gente como ele, como a “bicha que usa salto”, como a “sapatão que raspa o cabelo” e também como o bancário evangélico que divide a vida com outro homem e não pode mostrar ao mundo a sua felicidade por medo de pessoas como você. Por medo de ser rechaçado por alguém que não “concorda” com a sua conduta e não aceita a sua felicidade.

Para finalizar, eu te convido a conhecer sem pedras e armas, um pouco da vida do LGBT que sai pela manhã para os seus afazeres diários sem saber se vai voltar para a casa no final da noite. Eu te convido para conversar com a mãe de um LGBT morto por alguém como você, que interrompeu uma vida só pelo fato de “não aceitar” o diferente.

Um beijo grande de alguém que te admira muito. Não, não estou sendo irônico. Eu sei que demanda muito tempo e esforço pra ter certas atitudes, então te parabenizo veementemente por conseguir ser um imbecil de primeira.

Essa é a voz de Luís, Marcos, Gabriela, Larissa,
Flávia, Fernando, Laura, Guto, Samuel e tantos
Outros que são vitimas todos os dias da intolerância.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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