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OPINIÃO | Dia da Consciência Negra; Mas que ainda falta reflexão da sociedade

Data que que faz memória a Zumbi dos Palmares, ainda precisa ser posta em prática pelo resto sociedade não negra
Luca Zennaro/EFE
Luca Zennaro/EFE

Nesta sexta-feira, 20 de novembro, é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra no Brasil. A data foi instituída durante o governo Lula através da Lei nº 10.639. O documento inclui o tema “História e Cultura Afro-Brasileira” como componente curricular obrigatório das escolas. Apesar da legislação reconhecer a data em 2003, a sua existência é bem anterior. 

Origem

O dia de 20 de Novembro faz menção à morte de Zumbi dos Palmares, que comandou o Quilombo dos Palmares por quase 15 anos e liderou a resistência de milhares negros contra a escravidão nos anos de 1600. Durante a sua liderança, Palmares enfrentou diversas batalhas para defender o território e a liberdade dos negros no quilombo. No ano de 1694, Zumbi foi capturado por  bandeirantes e um ano após sua captura foi assassinado. Zumbi foi decapitado e a sua cabeça foi exposta em uma praça de Recife, no estado de Pernambuco. Ele morreu na luta por um direito seu que foi negado, a sua liberdade.

Imagem: Reprodução

Pouco mudou

O Brasil foi invadido em 1500 e aboliu a escravidão em 1888. Foram 388 anos de escravidão, e são apenas 132 anos sem. Uma abolição muito tardia, e recente que ainda traz fortes reflexos de racismo e desigualdade social na atual sociedade. Mais de 500 anos de Brasil e o país ainda pouco mudou, porque quase todos os dias uma pessoa negra ainda morre sendo privada da sua liberdade de ir e vir. Uma liberdade duvidosa, pois muitos vivem presos a uma realidade que coloca o homem, a mulher, os jovens, as crianças negras à margem da sociedade. Quantas vidas negras foram ceifadas nessa guerra que vivem as favelas brasileiras, em especial as cariocas? Sangue negro ainda é derramado de forma brutal em pleno 2020. 

Foto: Melissa Cannabrava

Resistência

O cenário ainda é desfavorável, mas existem sinais de luta por melhorias. O funk, o rap, o trap, como formas de relatar o cotidiano da periferia, onde na sua maioria tem pessoas negras. Estilos musicais que servem como uma forma de desabafo para aquelas pessoas, dar voz a tanto sentimentos que são oprimidos por aquela realidade. Contudo, a marginalização destes gêneros musicais é novamente uma forma de tentar silenciar estes artistas da favela.

Ainda assim, com tantas formas de opressão, as pessoas negras se fazem presente na luta pelo mínimo, que são os seus direitos. O esporte se tornou acima de tudo um forte aliado a dar voz à luta por igualdade. Através de manifestações públicas nesta luta, como o “Black Live Matter/ Vidas Negras Importam”, são maneiras de mostrar que algo tem que mudar, o racismo não pode ser mais algo comum.

Foto: Thiago Lima

E o povo negro que surge nesta atual sociedade, mesmo com tantas desigualdades, ainda assim tem algumas oportunidades de ir atrás de seus sonhos e objetivos, de estar ocupando um lugar que muitas vezes é negado.

Neste Dia Nacional da Consciência Negra, antes de tudo, ainda é necessário lutar, para que um dia sim possa se ter o que de fato comemorar. Sem que essa data ainda seja um fardo tão pesado de se carregar, que ela possa ir além da resistência e possa ser sinônimo a igualdade.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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