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Nas favelas, mortes confirmadas por coronavírus passam de 100

Foto: Betinho Casas Novas

O novo Coronavírus é altamente contagioso, e infelizmente no Brasil os números de infectados e mortos aumentam diariamente de forma avassaladora. Segundo dados das Secretarias Estaduais de Saúde, na última sexta-feira (8/5) foram registrados 9.897 mortes provocadas pela COVID-19 e 145.328 casos confirmados. Em 24h, do dia 7 para o dia 8, foram 751 novas mortes confirmadas. No mesmo período na semana passada, foram 6.412 mortes e 92.202 casos confirmados da doença em todo país, ou seja, 53.126 novos casos e 3.485 óbitos em apenas sete dias. 

O estado do Rio contabilizava na sexta 15.741 casos e 1.503 mortes. Na semana anterior, neste mesmo dia, foram 921 óbitos. Os números mostram aumento de 582 mortes em apenas uma semana. Na cidade do Rio de Janeiro, o número aumentou de 1.032 para 1.205 mortes, ou seja, mais de 170 mortes em uma semana. O município do Rio lidera a lista de infectados e de mortes do Estado. 

Mesmo com subnotificação de casos, nas favelas, local de grande vulnerabilidade, o aumento também é significativo. Nesta terça-feira, de acordo com o Painel de Atualização de Coronavírus nas Favelas do Rio de Janeiro criado pelo Voz das Comunidades, foram registrados 47 novos casos confirmados e 14 óbitos nas últimas 24h. Ao todo, são 362 moradores infectados e o número de mortes devido já chegou a 114.

A Rocinha é, de forma isolada, a favela com o maior número de casos. No total, até o fechamento desta matéria, são 92 casos confirmados, 37 óbitos e 69 recuperados. O local tem uma geografia que favorece a proliferação de doenças respiratórias. São becos muito apertados, com pouca ventilação e baixa incidência de sol. Não à toa, a Rocinha tem um dos maiores índices de Tuberculose da América Latina. O Complexo de Manguinhos está em segundo lugar no ranking de contaminação, com 42 infectados, 11 mortes e 18 recuperados. 

Mesmo diante desse cenário nas favelas, nas cidades, nos estados e no país, as ruas continuam lotadas e as recomendações dos órgãos de saúde não são respeitadas. Prefeitos e governadores estudam adotar o chamado “lockdown”, que seria uma forma mais restrita de isolamento, um confinamento total. Apesar de existirem várias pesquisas para desenvolvimento de uma vacina e para utilização de medicamentos, o distanciamento social e higienização constante das mãos são comprovadamente as melhores formas de prevenção contra a transmissão do Coronavírus. Portanto, é fundamental seguir todas as orientações das autoridades de saúde.

Rio tem maior taxa de mortalidade

Estudo feito pelo Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (Nois) – que reúne especialistas de diversas instituições – mostra que a taxa de mortalidade pela COVID-19 no Rio de Janeiro é a maior entre todos os estados brasileiros. Nas últimas três semanas, de 14 de abril até segunda-feira (4/5), a taxa no Rio passou de 6% para 9%, ultrapassando São Paulo, que apresentou taxa de 8,25%. Os dois estados têm mortalidade acima da média do país, que é de 6,79%. 

Outros pesquisadores brasileiros também apontam subnotificação extrema de casos confirmados de infecção pelo novo Coronavírus no país, com o total podendo ser pelo menos dez vezes mais do que o registrado: mais de 1,6 milhão contra cerca de 150 mil confirmados oficialmente. O estudo foi publicado nesta sexta-feira (8/5) no site COVID-19 Brasil, formado por mais de dez universidades brasileiras para monitorar a situação da pandemia por meio de técnicas de ciência de dados. Com base na pesquisa, a contabilização desses casos ocultados das estatísticas pela subnotificação colocaria o Brasil como o país com maior número de infecções, ultrapassando os 1,2 milhão de registros dos Estados Unidos.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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