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74% dos estudantes da Maré afirmam ter aprendido pouco ou nada na pandemia, diz pesquisa

Pesquisa 'Covid-19 e o acesso à educação na Maré', feita pelo Redes da Maré, revela que estudantes, responsáveis e professores sofreraram com a falta de estrutura no ensino online
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

74% dos estudantes afirmaram ter aprendido pouco ou nada sobre os conteúdos passados nas aulas online no período da pandemia de Covid-19. Esse número alarmante foi divulgado pelo Redes da Maré, na pesquisa “Covid-19 e o acesso à educação nas 16 favelas da Maré”. 

O estudo reuniu 18 escolas das 16 favelas do Complexo da Maré em 2020 e 2021, incluindo estabelecimentos de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e uma de Ensino Técnico. A análise verificou os efeitos da pandemia na educação e contou com parceria do Instituto Unibanco. Foram usados dados a partir das experiências da campanha ‘Maré diz Não ao Coronavírus’, mas foram também recolhidos dados da pesquisa ‘Educação de Meninas e Covid-19 no Conjunto de Favelas da Maré’, de atuação conjunta com a Fundação Malala.   

Imagem: Reprodução

O Redes da Maré ouviu estudantes do 6º ao 8º ano do Ensino Fundamental e do 1º ao 3º ano do Ensino Médio. Além disso, profissionais da educação também responderam as questões sobre as condições de trabalho e dificuldades do ensino online. 

Realidade dos estudantes

De acordo com os dados divulgados, a maior parte dos alunos se sentiu desmotivada a estudar. E a adaptação ao ensino remoto é o principal motivo do desânimo. Atrás, vêm os problemas na aprendizagem, dificuldade para organizar o estudo e entender o que era pra fazer. Somando-se a isso, o emocional também afetou os estudantes: 21% dos estudantes afirmam que sentiu desmotivação e 9%, tristes.

Apesar de 62% estudantes alegarem que conseguiram acompanhar as aulas durante a pandemia, uma boa parte (38%), não tiveram a mesma capacidade. Segundo eles, a falta de internet e de celulares, bem como computadores ou tabletes prejudicou seu aprendizado. É o que afirma uma mãe, em fala divulgada pelo Redes. “O aplicativo {da rede estadual} é muito difícil. Nem eu consegui entender, nem ela. Não tem comunicação nenhuma, porque só mandam entrar no aplicativo e não tem como entrar no aplicativo”. 

Realidade também dos profissionais da educação

Em relação aos profissionais, foram ouvidos trabalhadores da rede estadual e municipal. A grande maioria (95%) revelou precisar de ajuda para se adaptar às aulas online, mas apenas 64% tiveram cursos de capacitação. E a saúde mental desses sofreu consequências, pois a maioria afirmou se sentir mais desmotivado e com prejuízos na saúde mental e emocional. 

Professores alegam prejuízos na saúde mental
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

Realidade dos responsáveis

Os responsáveis dos alunos também sofreram com os impactos da pandemia. A maioria que respondeu à pesquisa eram mulheres e mais da metade tinham três ou mais filhos. No entanto, 54% disseram que sempre ou na maioria das vezes auxiliavam os filhos, apesar das limitações. É o que afirma uma mãe de uma aluna do 9º ano. “É estressante esse negócio de WhatsApp. Por exemplo, minha filha está no 9º ano e eu tenho até a 4ª série, como eu vou ensinar uma coisa que eu não estudei?”.

Projeto Impacto de Vida

Segundo dados disponibilizados pelas escolas da Maré, 983 crianças e adolescentes abandonaram os estudos. Mas para diminiuir essa evasão, o projeto Impacto de Vida, coordenado pelo Redes da Maré, em conjunto com a Secretaria Municipal de educação quer buscar os estudantes que estão fora da escola. 

“Os números vêm de listas fornecidas pelas escolas públicas da Maré, mas é importante lembrar que, com a equipe em campo, foram encontrados mais estudantes distantes desses bancos escolares”. (Redes da Maré).

Sete articuladores vão às casas dos estudantes e procuram entender a realidade dos que não estão mais nas salas de aula. E os motivos do abandono, de acordo com os dados, são as dificuldades com a tecnologia, falta de aparelhos, obstáculos na realização das atividades, famílias em situação de extrema pobreza, desinteresse pelo estudos e falta de vagas em escolas próximas à residências dos alunos.

Confira mais detalhes da pesquisa que podem ser acessadas no link https://www.redesdamare.org.br/br/info/70/pesquisa-covid-19-e-o-acesso-a-educacao-nas-16-favelas-da-mare

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PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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