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Abandonados pelo poder público, moradores da Travessa Laurinda colocam a mão na massa

A associação colaborou com boa parte dos materiais para a obra e quem mora na localidade do Alemão ajudou com o que faltava, além da mão de obra
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

Cansados de esperar por uma providência das autoridades, moradores da Travessa Laurinda colocaram a mão na massa para dar fim ao problema que assombra as famílias da região há anos. A localidade que fica na Central, no Complexo do Alemão, precisava urgentemente de obras para melhorar o caminho de acesso. Mas, os órgãos responsáveis não resolveram a questão.

Com isso, a Associação de Moradores da Central junto com alguns moradores da Travessa Laurinda se mobilizaram e estão articulando a obra para construir uma passagem mais acessível. A associação colaborou com boa parte dos materiais, enquanto quem mora na localidade contribuiu com o que faltava, além da mão de obra. “Isso me lembrou os tempos passados, de fazer mutirão, porque antigamente chamávamos os vizinhos e batíamos uma laje. Nós estamos perdendo os finais de semana, mas satisfeitos. E, já estamos quase terminando. Teve uma demora dos órgãos competentes, nós adiantamos e Deus abençoou”, afirma Paulo Soares Moreno, 54 anos, presidente da associação.

Relembrando a saga

Desde 2018, o Voz das Comunidades acompanha a situação da Travessa Laurinda e as promessas de melhorias. O caso é complicado. Na Prefeitura, consta que a travessa é uma rua asfaltada. Mas a realidade é bem diferente.

Segundo moradores, há mais de 20 anos a passagem é precária, com buracos, escadas irregulares, lama, esgoto a céu aberto, vegetação alta que atrai cobras e outros animais. Esses fatores prejudicam o ir e vir principalmente de idosos, crianças, gestantes e pessoas com deficiência. 

São incontáveis os relatos de acidentes no local. Angélica Coutinho, 38 anos, conta que os filhos já caíram várias vezes: “Meu filho caiu e tomou dez pontos no pé. Os vizinhos que socorreram ele. A Yasmin, minha outra filha, também caiu. Eu já estava cansada! Eu não aguentava mais! É muito sacrifício pra mim e pensei até em ir embora.”

Yasmim Coutinho tem dificuldades locomotoras e caminha com felicidade ao lado da mãe, Angélica, após reforma da passagem 
Foto: Vilma Ribeiro / Voz da Comunidades

Agora o sentimento é de alívio, mas ainda falta

Após várias quedas e o medo de sair de casa, agora Yasmim Coutinho, 22 anos, pode andar com um pouco mais de segurança e esperança. “Estou feliz que agora está melhorando, mas ainda precisa de algumas coisas que vão sair, eu creio. Aí, vai ficar mais fácil para mim. Vou poder ir sozinha”, diz a jovem. 

Já a mãe, Angélica, se sente aliviada. “A sensação é de alívio porque a gente está conseguindo resolver as coisas”, declara.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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