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Como tornar a quarentena mais sustentável e divertida

A quarentena adotada no mundo inteiro para conter a pandemia de coronavírus alterou a rotina de grande parte das pessoas. Estima-se que ⅓ da população mundial tenha aderido ao isolamento social. Com a redução nas atividades humanas, muitas mudanças no meio ambiente também foram observadas, e a maioria delas positivas.

As águas no canal de Veneza, na Itália, voltaram a aparecer cristalinas, o que não ocorria há 60 anos. Isso acontece pois, sem as tradicionais gôndolas circulando, os sedimentos e detritos se acumulam no fundo do canal, deixando a superfície limpa. Fenômeno semelhante ocorreu na baía de Guanabara: com menos navios atracando, foi possível observar as tartarugas marinhas que, em épocas normais, ficam encobertas pela poluição que flutua na baía. 

Tartaruga marinha Foto: Matteo photos / Shutterstock

Com a maioria da população dentro de suas casas, o tráfego de veículos diminuiu drasticamente, tanto o transporte de pessoas quanto o transporte de carga. No Brasil, o mês de março teve o menor consumo de combustíveis desde 2011. A produção industrial também caiu, contribuindo para reduzir a emissão de poluentes atmosféricos, como o monóxido de carbono e dióxido de nitrogênio. Essas substâncias são geradas durante a queima de combustíveis fósseis, como a gasolina e o diesel nos motores dos veículos, e na queima da madeira no caso das queimadas. Como resultado, uma melhora na qualidade do ar foi registrada em diversas partes do mundo, inclusive aumentando a visibilidade do céu. 

A China foi o primeiro lugar onde a redução de poluentes foi observada, seguido por Itália e Nova York, nos Estados Unidos: a mesma rota dos epicentros de coronavírus no mundo, e onde a quarentena foi mais intensificada. Em São Paulo, a poluição atmosférica diminuiu 50% durante o período de isolamento social. No norte de Índia, país com um alto nível de poluição atmosférica, parte da cordilheira do Himalaia voltou a ficar visível pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial. 

Além da melhora na qualidade do ar, outro impacto da quarentena sobre o meio ambiente é a aproximação de animais silvestres das áreas urbanas. Com menos pessoas nas ruas, os animais tem se sentido à vontade para passear em locais que antes eram frequentados pelos seres humanos. Cervos e ovelhas apareceram nos quintais de residências na área rural do Reino Unido. No Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO), região serrana do Rio de Janeiro, fechado por conta da quarentena, câmeras disfarçadas tem flagrado a movimentação de onças pardas, gato do mato e outros animais passeando pelas trilhas que chegavam a receber de 500 a 1000 pessoas por mês, antes da pandemia. O macaco bugio, espécie que está em risco de extinção, foi avistado nas trilhas do Parque Estadual da Ilha Grande, na Costa Verde do Rio.

Onça parda flagrada na trilha do PARNASO. Foto: reprodução do Instagram

Boa notícia também nas praias: com menos frequentadores, a quantidade de lixo recolhido das areias pela COMLURB diminuiu 90%. Contudo, com muita gente ficando mais tempo em casa, um impacto negativo do isolamento social pode ser o aumento na geração de lixo doméstico. A Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE) estima que pode haver um aumento de 15 a 25% na quantidade de lixo doméstico durante a quarentena. Felizmente, não faltam opções para curtir e ajudar a natureza de dentro de casa mesmo.

Visita virtual às unidades de conservação

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) disponibiliza fotos em 360° para visita virtual a diversos parques naturais e unidades de conservação pelo Brasil. A visita virtual pode ser feita pela plataforma Google Street View neste link, e o PARNASO está incluso na lista de unidades que é possível conhecer.

Reutilização de garrafas PET

O plástico é o material mais presente no nosso dia a dia, e apesar de ser reciclável, a maior parte dele ainda vai parar no lixo comum. Que tal usar a quarentena pra dar um destino diferente pras embalagens plásticas? A garrafa PET pode ser reaproveitada de várias formas dentro de casa, e é uma ótima atividade para envolver e divertir as crianças. Há muitas ideias de artesanato com garrafa PET, aqui sugerimos duas:

Pufe de garrafa PET

  • 18 garrafas PET de 2L ou 1,5L;
  • tesoura ou estilete;
  • lixa;
  • fita adesiva;
  • cola quente;
  • espuma;
  • tecido.
  1. Antes de começar, limpe as garrafas PET com água e sabão e remova os rótulos.
  2. Corte a parte superior (acima do rótulo) de nove garrafas. 
  3. Lixe as bordas do corte para dar um acabamento;
  4. Encaixe a parte superior que sobrou no fundo das garrafas cortadas.
  5. Uma a uma, encaixe uma garrafa PET de cabeça para baixo dentro da garrafa PET cortada. Junte as duas com a fita adesiva.
  6. Faça um quadrado com as garrafas enfileiradas de três em três.
  7. Cubra o quadrado com a espuma, colando-a por cima das garrafas, ou prendendo com a fita adesiva. Se preferir, faça duas camadas de espuma no assento. Se não tiver espuma, você pode improvisar um enchimento com tecido ou roupas velhas, com atenção para deixar os assento nivelado.
  8. Para finalizar, cubra o pufe com o tecido, colando-o sobre a espuma, e está pronto.
Pufe de garrafas PET. Foto: reprodução da internet

Vasos com garrafa PET

Existem muitas opções de vasos com PET: horizontal, vertical, enfileirados, decorados, pintados, pendurados… Aqui vai uma inspiração de artesanato que pode ser usado como vaso para plantar mudas ou como porta-objetos:

  • garrafa PET
  • papel
  • tesoura
  • lixa
  • tinta
  • chave de fenda pequena (para fazer o vaso)
  1. Caso você tenha plantas ou queira usar o vaso de PET para plantar mudas, aqueça a ponta da chave de fenda no  fogão e faça furos no fundo da garrafa. Se for usar como porta-objetos, não é necessário esse passo.
  2. No papel desenhe um molde rosto de um urso, ou de gatinho. Você pode copiar o desenho da internet.
  3. Meça o molde na garrafa para marcar o formato do rosto e das orelhas.
  4. Corte a garrafa PET ao redor da parte de cima do molde, apenas o topo da cabeça e as orelhas.
  5. Passe a lixa para dar um acabamento.
  6. Pinte toda a garrafa da cor que preferir.
  7. Quando a tinta secar, desenhe os olhos e focinho do gatinho ou do urso.

Está pronto seu vaso ou porta-objetos!

Vaso de garrafa PET. Foto: reprodução da internet

Compostagem Doméstica

Cascas e restos de alimentos correspondem à quase metade do lixo que produzimos em casa! Quando vão parar no lixo comum, restos de comida, como frutas e vegetais, saquinhos de chá, borra de café, casca de ovos e folhas secas, apodrecem gerando mau cheiro e atraindo animais nocivos, como ratos e baratas. Além disso, quando jogamos fora restos de alimentos misturados com embalagens, papéis e outros materiais secos, esses materiais, que poderiam ir para reciclagem, acabam sujos e contaminados. 

Em locais sem coleta seletiva, é muito comum misturar o lixo comum com o lixo orgânico. Acontece que todos esses resíduos vegetais que não usamos (ou porque está muito maduro, ou está feio, ou sobraram umas aparas) são fonte de nutrientes para outros seres vivos. 

A compostagem é uma maneira de reduzir o desperdício de alimentos e de gerar menos lixo, devolvendo os nutrientes para a terra. Na prática, isso significa reutilizar cascas e restos de alimentos como adubo para plantas. E o melhor, fazer isso em casa é muito simples! Existem vários modelos de composteira, inclusive alguns que usam minhocas e insetos. O passo a passo a seguir ensina a construir uma composteira só com terra, que por si só já contém diversos microorganismos que irão digerir os restos de alimentos.

Vamos ao passo a passo:

um balde ou pote com tampa (ou sacola grande e resistente, como saco de ração por exemplo) 

um pouco de terra

chave de fenda

matéria seca (folhas secas, galhos, papelão, serragem, madeira, jornal, papel, tecido, pó de madeira daquele móvel velho)

matéria orgânica: agora sim, os restos de comida (cascas, sementes e pedaços de vegetais, casca de ovo, borra de café, saquinho de chá, linha, folhas verdes, restos de poda…)

1. Aqueça a ponta da chave de fenda no fogão e faça furos ao redor da parte superior do balde / pote, para garantir um pouco de ventilação.

2. Coloque um pouco de terra cobrindo o fundo do balde/pote/sacola. Não precisa encher o balde, menos da metade já está bom pra começar!

3. Hora de colocar a matéria orgânica na sua composteira: Faça um montinho de terra de um lado do balde. Do outro lado, coloque os restos de vegetais, frutas, borra de café, saquinho de chá, linha, cabelo, casca de ovo…

4. Cubra bem os resíduos orgânicos com a matéria seca;

5. Por fim, jogue a terra por cima da matéria seca e pronto! Agora é só tampar. Taí, você já fez sua primeira compostagem. Quando for colocar mais matéria orgânica na composteira, é só repetir os passos 3, 4 e 5.

A terra leva um tempo para absorver todos os nutrientes. Após mais ou menos um mês você já deve ter um composto de qualidade, uma terra rica em nutrientes e que pode ser usada como adubo nas suas plantas. E se você não tiver nenhuma, já fica o incentivo pra começar uma horta em casa.

Composteira doméstica. Foto: arquivo pessoal.

Algumas dicas para manter sua composteira saudável e sem mau cheiro:

  • Importante sempre adicionar matéria seca na composteira quando for colocar os restos de comida. 
  • Mantenha sua composteira em um local de sombra e longe da umidade.
  • Não colocar restos de alimentos cozidos nem carnes. 
  • Evitar restos de frutas cítricas e temperos fortes, principalmente industrializados.
  • Se não quiser abrir a composteira todo dia, você pode juntar os restos de comida e guardar no congelador até encher um pote e levar pra composteira. 
  • Não se esqueça de cobrir os restos de comida com a matéria seca! 
  • A poeira da casa, fios de cabelo, pêlo de animais e linha também podem ir na composteira, mas atenção pra não cair nenhum plástico ou vidro junto
  • Remexer a terra de vez em quando, para pegar um ar 
  • Cuidado com calor e umidade. Ficar de olho se aparece mofo, pode acontecer caso a terra que você usou, ou os alimentos, forem muito úmidos. Nesse caso, é só tirar os focos de mofo.
  • É normal aparecerem alguns insetos, mas fique de olho se são inofensivos. Moscas pequenas, tipo aquelas que ficam nas frutas, é comum.

Quando seu balde estiver perto de encher, pode começar tudo de novo num segundo balde. Se a sua casa gera muito lixo orgânico, pode deixar um balde reserva já preparado com os furinhos no topo e um pouco de terra no fundo, mas só comece a adicionar os restos de comida quando o primeiro encher.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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