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Crianças da Cidade de Deus e Alemão são aprovadas nas seletivas da Escola Bolshoi

Elas serão contempladas com uma bolsa de 100% para estudar em uma das maiores instituições de dança do país
Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

No último final de semana, três crianças, moradoras de comunidades do Cidade do Rio de Janeiro, foram aprovadas na seleção da Escola de Teatro Bolshoi do Brasil, com sede em Joinville, em Santa Catarina. A instituição é reconhecida internacionalmente pelo ensino de ballet.

Pedro Victor Periald, 8 anos, Ana Luísa de Araújo, de 11 anos, ambos crias da Cidade de Deus, são do projeto +ENERGIA, do instituto Arteiros. Já Jenyffer Laura Azevedo, de 10 anos, faz parte do projeto ViDançar, do Complexo do Alemão. Os três foram admitidos pela renomada escola.

Mães que compraram o sonho

Vindos de projetos sociais, os pequenos bailarinos vão deixar suas comunidades para viverem o sonho de serem bailarinos profissionais. Além de todo o talento, os três possuem em comum suas mães, que são as maiores fãs e principais apoiadoras.

Fernanda Oliveira é mãe da Ana Luisa. Ela comentou sobre como é ver a filha superando barreiras e indo para Bolshoi. “Nunca pensei que seria eu, minha filha, família, que ia estar nesse negócio aí. Mas, estamos felizes e ansiosos. Um monte de sentimentos dentro de mim e da minha família. Porém, o mais difícil ela conseguiu. Ela é incrível!“.

A mãe ressalta que o ballet ainda é um esporte muito elitizado e que faltam mais espaços como o Arteiros, Movidos e o curso do +ENERGIA nas comunidades do Rio. Vale destacar que Ana Luísa, há apenas 8 meses, é praticante de ballet e conseguiu ser admitida na Bolshoi.

Foto: Acervo Pessoal

Pedro é o único menino do trio aprovado. Segundo a mãe, Dinie Periald, a paixão pela dança vem desde pequeno, e que foi mais um da Cidade de Deus a ter a oportunidade de desenvolver o seu talento nos projetos sociais do Instituto Arteiros, Movidos e pelo curso +ENERGIA. A mãe fala com o coração apertado ao ver o filho partir para esta nova etapa, mas grata por essa chance. “Como mãe e profissional de educação, eu sei que minha função é orientá-lo para o mundo e educar para que ele viva a vida dele. Então, seria injusto e egoísta da minha parte mantê-lo debaixo das minhas asas, impedindo ele de construir um futuro que ele conseguiu com as próprias pernas”.

Foto: Acervo Pessoal

Do Alemão para Bolshoi

Cria do Complexo do Alemão, a bailarina do projeto ViDançar, Jenyffer Laura, é mais uma das crianças do projeto a integrar a Bolshoi. Ela começou a praticar ballet com 4 anos por meio da iniciativa. Três anos depois, através do projeto social, ganhou uma bolsa na escola Petite Danse, na Tijuca. A mãe Raquel Azevedo fala da caminhada difícil da filha e da família até chegar à admissão. E, celebra o sacrifício e o esforço recompensado. 

Foto: Renato Moura/ Voz das Comunidades

Eu rejeitava empregos e até parei meus estudos para conseguir manter ela no ballet. Aí, a partir dos 7 anos, ela através do ViDançar, ganhou uma bolsa na escola Petite Danse. Foram 3 anos lá. O projeto arrumou uma pessoa que me ajudou financeiramente por 1 ano com passagens pra me deslocar da Fazendinha, onde eu moro, até a Tijuca. Entrou a pandemia, ficou difícil pra todo mundo. ela parou de receber essa ajuda. Mas, mantivemos a coragem. O pai dela começou a trabalhar em dois turnos para conseguirmos seguir o sonho. Assim, ficamos firmes mais 2 anos nessa escola de dança na Tijuca. Neste ano (2021), através da mãe das gêmeas (que também eram do projeto e foram para Santa Catarina) que me motivou, fizemos a inscrição dela com a ajuda da equipe do ViDançar. Ela foi aprovada pela seleção do vídeo, depois a Ellen Serra conseguiu um apoio financeiro pra mim vim pra cá fazer a etapa final e ela passou”.

O início da temporada de aulas na Escola Bolshoi em Joinville está previsto para o dia 03 de março de 2022. As crianças serão contempladas com uma bolsa de 100%.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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