Pesquisar
Close this search box.
Pesquisar
Close this search box.

Da favela para as telonas do cinema: conheça a atriz e roteirista Natália Balbino

Nascida na Vila Cruzeiro, zona norte do Rio, Natália escreveu filmes e atuou em várias tramas da cinematografia brasileira
(Foto: Clara Sthel / Reprodução)

Se definir é limitar, então Natália Balbino já rompeu todos as linhas limítrofes do cenário artístico. Nascida e criada na Vila Cruzeiro, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, o talento múltiplo desta atriz e roteirista de 27 anos a levou tanto para frente das câmeras quanto os bastidores de estúdios e locações d cinematografia. Roteirista do filme Escola de Quebrada, que estreou dia 3 de março na plataforma Paramount+, Natália bateu um papo super bacana com a equipe do Voz das Comunidades.

“Eu comecei como bailarina clássica. A primeira vez que eu fiz aula de teatro foi na escola Leonor Coelho Pereira, com o professor Veríssimo. A gente tinha as lições no ginásio.”, relembra ela logo no início da entrevista, quando questionada sobre o seu início. Ela relata que 2007, teve que mudar de escola por conta da ocupação na comunidade, mas não saiu do ballet. Foi nesse meio tempo que se descobriu na área do audiovisual. Com bolsa universitária, entrou para a PUC-Rio, onde cursou Artes Cênicas. “Comecei a trabalhar como atriz de teatro. E partir daqui que percebi o quanto que as nossas oportunidades são muito limitadas, principalmente na TV.” Ela menciona como os papéis de subordinação eram retratados. “Era um olhar embranquecido e racista das nossas histórias. Com as nossas subjetividades anuladas e apagadas. E esse descontentamento foi me incomodando. E eu percebi que não dava só pra atuar. Se eu quisesse tirar esse descontentamento, eu deveria usar atuar em outras frentes”. E foi assim que ela começou a escrever.

Com a larga experiencia na escrita da dramaturgia, Natália chegou a uma temporada da novela Malhação, da Rede Globo. É dela também a produção escrita do reality LOL: Se rir, já era, reality de humor disponível no Prime Video. Entre seus últimos trabalhos, estão o filme “Medusa”, que estreou em 2021 em Cannes, na França e entrou na última quinta (16) no circuito nacional de cinema, e Escola de Quebrada”, um longa metragem que se muito próximo da série Todo Mundo Odeia o Chris. Sobre o Escola de Quebrada, Natália segura os spoilers, mas fala sobre a trama. “A gente vai conhecer o cotidiano de uma escola localizada na periferia de São Paulo a partir da perspectiva do Luan, que é o nosso protagonista. Ele vai fazer uma revolução no seu jeito de vestir para ser visto na quebrada.” Sobre o Medusa, a atriz relata que o filme surfa entre os gêneros terror, músical e comédia. “Ele conta a história da Mari que faz parte de um grupo de dança de uma igreja neopentecostal. Junto com outras meninas, elas ficam muito incomodadas com mulheres que ameaçam esse universo delas. Mas só a Medusa será capaz de quebrar esse conservadorismo.

Escola que Quebrada está disponível no exclusivamente no Paramount+ (Imagem: Paramount / Divulgação)

O Escola de Quebrada foi um desafio, porque eu comecei a escrever o roteiro a partir da minha vivência, como mulher negra vindo de uma favela carioca. Quando eu recebi o convite pra fazer o filme, tinha tudo a ver comigo, mas em um território totalmente diferente! Foi muito desafio muito divertido fazer! Uma favela de São Paulo é muito diferente de uma favela carioca.

Natália Balbino

Sobre a representatividade que carrega, justamente pelas suas raízes (mulher preta, da favela, para grandes produções cinematográficas que rodam o mundo todo), Natália relata que as oportunidades estão se ampliando e de como isso impacta novos atores de origens semelhantes. “É muito grande o fardo de representar uma classe de pessoas. É gratificante ver o quanto a gente consegue ser o ponto otimista para pessoa, e essa pessoa se identificar do local de onde eu vim e ver onde eu quero chegar. Natália fala que se sente feliz demais quando consegue, através dos trabalhos atuais, corrigir tudo que identificou lá atrás, como a falta do protagonismo negro em papéis de relevância. “É abrir possibilidades para quem vir depois de mim.”

Foto: Clara Sthel / Reprodução

Como despedida, Natália faz um convite ao público que assistam Escola Quebrada, Medusa e consumam bastante o cinema brasileiro. “Que vão ao cinema e nos assistam. Estamos produzindo coisas interessantes, com muita responsabilidade, com muita representatividade. Quanto mais a gente puder assistir e comentar sobre isso, melhor.”

Compartilhe este post com seus amigos

Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram
WhatsApp

Veja também

EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

Contato:
[email protected]