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Da Vila Kennedy a destaque na abertura das Olimpíadas de 2016, conheça a trajetória de Thawan Lucas

O dançarino mirim começou a carreira com apenas quatro anos de idade e foi descoberto pelo pai de criação; atualmente, vai interpretar Mussum nos cinemas
Foto: Selma Souza/Voz das Comunidades
Foto: Selma Souza/Voz das Comunidades

“Humildade sempre!”. A frase dita pelo ator e dançarino Thawan Lucas Bandeira, de 13 anos, foi repetida algumas vezes durante o bate-papo com a equipe do Voz das Comunidades. Logo à primeira vista, o menino de sorriso aberto e olhos atentos demonstrou personalidade simpática e centrada. O artista mirim é cria da Vila Kennedy, Zona Oeste, e aprendeu a ser pé no chão na profissão com apenas quatro anos, tendo participado aos oito da abertura das Olimpíadas de 2016. Mas, sua história não iniciou neste período.

O dançarino e coreógrafo Marcos Bandeira conheceu o menino Thawan na Vila Kennedy e a partir daí não se desgrudaram mais. O menino permaneceu na vida dele e, como resultado disso, tornou-se pai e referência na vida do artista.

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Thawan e o pai, Marcos Bandeira
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

A avó materna, Solimar, também é outra pessoa fundamental na vida e carreira do adolescente. Ela percebeu o gosto dele pela dança a partir daí, o artista, que já participava de oficinas do Grupo Origens, participou de um teste e tornou-se um dos dançarinos do projeto. Com isso, percorria as escolas de samba em apresentações de quadrilha com o grupo. “Eu tive que fazer um teste pra saber se eu servia ou não. Aí eu servi!”, diz cheio de confiança.

O pai afirma que o filho aprendeu a sambar no Grupo Origens e, a partir daí, começou a chamar a atenção. “A gente se destaca não só pelo samba, mas pelo samba ligado ao afro e ao circo. Aí quando eu levei o Thawan pra fazer a abertura, eles me falaram ‘traz uma criança do seu projeto pra fazer um teste’ e, aí, o Thawan falava, ‘pode deixar que eu vou passar’. Ele se jogava de cabeça pra baixo e sambava”, revela. 

Em tom de brincadeira, o menino diz que o incentivo foi uma promessa feita a ele. ”Eu fui pra um teste, pra abertura das Olímpiadas. Meu pai me falou que se eu passasse, eu ia ganhar um Macdonald’s. Aí, eu falei que ia passar, né?”.

O caminho para as Olimpíadas de 2016 e o convite para ir à China

Nas Olímpiadas de 2016, Thawan Lucas Bandeira dançava ao som de um samba feito em uma caixa de fósforo. Pequenino e na presença do sambista Wilson da Neves, encarou todo o evento como uma grande brincadeira. “Chegou o dia das Olimpíadas e eu conheci muitas pessoas. Conheci a Lelezinha, a Karol Conká, Caetano Veloso, Wilson das Neves. Na apresentação eu não imaginava que seria aquela quantidade de pessoas. Pra mim era um lugar qualquer”, afirma o garoto.

Thawan na abertura das Olímpiadas de 2016, que teve sede no Rio de Janeiro
Foto: Robson Coelho

Depois do evento, o talento do ator e dançarino foi reconhecido em várias partes do mundo. Segundo o pai, no dia seguinte da abertura dos jogos olímpicos, repórteres de outros países estavam na porta da casa de Thawan. “Tinha gente de tudo quanto era lugar. Da França, da Rússia, do Rio”, destaca Marcos Bandeira.

Com isso, portas se abriram. Os dois foram chamados à China, onde receberam homenagens e ganharam um prêmio em dinheiro. Consequentemente, o valor ajudou o Grupo Origens e a carreira de Thawan. “Eles deram um prêmio, para sermos homenageados lá. E, aí, nós conseguimos comprar um local, um espaço e começamos a fazer a obra”, conclui o pai. 

Na China, Thawan recebeu uma homenagem e premiação.
Foto: Arquivo Pessoal

“Mussum – O Filmis”

Atualmente, Thawan aguarda o lançamento do filme ‘Mussum, o filmis’, onde interpreta o humorista na infância. O papel foi conquistado através de um teste. Por causa da pandemia, a seleção precisou ser feita online e, para decorar as falas, treinava com o pai, Marcos Bandeira, que sempre incentivou a carreira do filho. Apesar de Marcos reconhecer que haviam várias crianças talentosas para o trabalho, ele já sabia do potencial de Thawan. “Quando a produção avisou que ele passou, a gente ficou muito feliz”, afirma orgulhoso. 

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Thawan Lucas caracterizado para “Mussum, o filmis”
Foto: Arquivo Pessoal

Contudo, esse não é o primeiro trabalho do jovem no cinema. Ele já atuou no premiado curta-metragem “Lá do Alto” e no longa ”Pixinguinha, um homem carinhoso’’, que estreou em 2022.  Nesse filme, Thawan tinha apenas cinco anos e se dedicou às aulas de flauta para interpretar o músico autor de “Carinhoso”. 

Em Pixinguinha, o menino dividiu o papel do músico com Seu Jorge.
Foto: Arquivo Pessoal

O dançarino, que sempre se destacou pela desenvoltura, disse também que é presença confirmada na Mangueira este ano, onde vai matar as saudades dos desfiles. “Ele nunca foi convidado pra ir como passista. Ele sempre veio como destaque”, revela o pai. Por isso, a identificação com o Mussum foi imediata, pois o comediante também tinha a verde e rosa como escola do coração. “Para mim foi uma oportunidade incrível. Eu adorei! Ele é mangueirense, como eu, e o filme é muito engraçado”, diz Thawan. 

Mangueirense de coração, Thawan aprendeu a sambar no grupo Origens quando mais novo
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Com a idade que está, o jovem artista não mora mais na Vila Kennedy e precisou se mudar para frequentar os compromissos de trabalho com mais facilidade. Vive com a avó Solimar na comunidade do Salgueiro, localizada na Tijuca, e estuda no mesmo bairro. Ao fim da conversa, o artista termina dizendo que nada pode subir à cabeça. Pois, “humildade sempre” é uma das suas marcas registradas. Mas, sem esquecer do talento, é claro. 

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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