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Moradias precárias preocupam moradores da Fazendinha, no CPX do Alemão

Na parte de cima do morro, há casas com risco de deslizamento
Para além do deslizamento o medo da casa cair. (Foto: Vilma Ribeiro/ Voz das Comunidades)
Para além do deslizamento o medo da casa cair. (Foto: Vilma Ribeiro/ Voz das Comunidades)

Na última quinta-feira (18), o Voz das Comunidades esteve na Rua São Cristóvão, na Fazendinha, CPX do Alemão, mostrando a situação dos deslizamentos com as chuvas de fevereiro. Durante a visita, moradores também relataram que, devido a chuva, o lixo dos vizinhos da parte de cima do morro desciam junto com a água.

Ao acessar a parte de cima, a equipe constatou que eles também vivem a mesma situação. Não só de lixo, mas de total falta de recursos e acesso saneamento básico. É o caso de Adrielly da Silva Alvez Coffrau, de 23 anos, mãe de três filhos e recém separada. A casa dela é muito afetada pela chuva, com mofo e infiltrações. “Vivo aqui porque não tenho dinheiro para pagar um aluguel”, relata.

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Adrielly conta com a ajuda da mãe, a Dona Maria da Penha Félix da Silva,de 48 anos, que vende roupas, frutas e cata materiais recicláveis. “Eu queria ter mais condições de ajudar minha filha mas a realidade é essa que você tá vendo”. Chorando, ela conta que está tentando reformar a casa mas não tem dinheiro, “falta até para a comida”, desabafa.

Adrielly e a mãe vivem de vendas de materiais recicláveis, frutas e roupas
(Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades)

As duas mães e crias do Morro das Palmeiras moram próximo de três homens que, no dia da visita do Voz das Comunidades, estavam cozinhando em um fogão de lenha por falta de gás de cozinha. O responsável pela casa é o seu Sebastião Paiva da Silva, de 63 anos. Por não ter documentos, Sebastião não recebe benefícios governamentais. A casa que ele mora tem apenas um quarto com banheiro e que corre risco de cair, já que a laje tem ferros soltos.

Outras famílias também moram próximo e dividem a mesma realidade de insegurança causada pelos deslizamentos e pela falta de condições. Porém, esse não é o primeiro texto que o jornal Voz das Comunidades aborda sobre a situação das casas na região da Palmeira. No jornal impresso do mês de março, mostramos casas que estão com risco de desabamento na região da Palmeira, no Complexo do Alemão.

Por falta de gás de cozinha o almoço foi feito na lenha. (Foto: Vilma Ribeiro/ Voz das Comunidades)

Mesmo com as dificuldades, os moradores da região se mostram abertos a dividirem a refeição. Perto do meio dia, nossa equipe recebeu um convite, “Querem almoçar?”

Outros moradores do CPX do Alemão também vivem realidades semelhantes conforme estes moradores da Palmeira e Fazendinha. O Plano de Ação Popular do CPX mostra que 72% dos moradores do Alemão consideram as condições ambientais do território como precária, segundo a pesquisa Juventudes em Movimento.

O Eixo 7 do plano aborda a presença de mulheres na linha de frente, como é o caso de Adrielly e Dona Maria da Penha citadas acima. Para resolver a situação, o plano propõe o incentivo aos empregadores para que promovam balcões de empregos voltados para trabalhadoras de favelas, com atenção às mulheres do CPX do Alemão.

O Plano de Ação Popular também chama atenção para a injustiça socioambiental, que é vivida pelos moradores da Palmeira e da Fazendinha. Recentemente, o Secretário Nacional das Periferias, Guilherme Simões, esteve no Complexo do Alemão e recebeu uma cópia do plano.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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