Pesquisar
Close this search box.
Pesquisar
Close this search box.

Driblando obstáculos, atleta de basquete da Cidade de Deus consegue bolsa de estudos nos EUA

Antes de ir ao exterior, Thamires Andrade iniciou no esporte aos 9 anos em projetos da CUFA e Basquete CDD
Foto: Universidade Cristã de Oklahoma
Foto: Universidade Cristã de Oklahoma

Uma jovem de 24 anos, cria do campo do Lazer, na Cidade de Deus, é aluna e atleta em uma universidade “da gringa”. Essa é parte da história de Thamires Andrade que joga basquete desde os seus 9 anos, mas, em 2019, conseguiu uma bolsa de estudos na Universidade Cristã de Oklahoma, nos Estados Unidos.

A atleta teve contato pela primeira vez com o esporte em projetos sociais como o da CUFA e Basquete CDD, iniciativa localizada na própria comunidade onde cresceu. Atualmente, ela cursa cinesiologia, ciência que estuda os movimentos do corpo humano.

Foto: Universidade Cristã de Oklahoma

“Em 2010, acabei indo jogar no Botafogo, onde fiquei até 2014, porque o basquete feminino na minha categoria não ia ter mais. A minha técnica do Botafogo conhecia um pessoal em São Paulo, do time ADC Bradesco, no qual me levou para fazer uma peneira. Isso no meio de 2014. Acabei ficando por lá até 2016”, relembra sua trajetória.

Após isso, a jovem jogadora de basquete, com a ajuda de seu técnico, foi para uma escola em Hobbs, cidade do Novo México, nos Estados Unidos, a New Mexico Junior College. Foi lá que as jogadas de Thamires impressionaram o técnico da instituição, que ofereceu uma bolsa de estudos para a carioca. Ela ficou lá por dois anos e recebeu algumas ofertas das universidades do país. No entanto, diz ela que não consegui ir porque tinha que estar em um nível bom nos estudos e, naquele momento, não estava.

“Achei que não iria mais poder jogar, até que uma técnica brasileira que me conhecia me ajudou a encontrar a instituição que eu estou agora. O técnico da Universidade Cristã de Oklahoma viu meus jogos e resolveu me dar uma bolsa de estudos. Esse é o meu terceiro ano aqui”, comenta Thamires. Assim que se formar, a futura cinesiologista quer jogar basquete profissionalmente e começar a trabalhar nos Estados Unidos.

Thamires quando estava jogando no Botafogo
Foto: Henrique Andrade

A CUFA (Central Única das Favelas) é uma ONG localizada em Madureira, Zona Norte da cidade, que, tem como um de seus projetos sociais o Basquete do Viaduto. Foi o primeiro local que Thamires aprendeu a jogar.

Já o Basquete CDD, é um projeto que existe há 10 anos na Cidade de Deus, Zona Oeste, e foi fundado pelo pai de Thamires, o Henrique Andrade, de 55 anos, que sempre incentivou a filha. Ele conta que ele, a esposa Cristiane e a caçula Júlia se sentem muito orgulhosos em ter ajudado a realizar o sonho dela. “Claro que o sonho vai muito além disso. A gente sempre espera que ela seja reconhecida e possa jogar na Seleção Brasileira! Mas, essa oportunidade que ela teve, falando a verdade, não esperava. Quando ela disse que queria ir para lá e apareceu essa chance, a gente fez o possível – porque o impossível só Deus -, para ajudar ela!“, explica Henrique.

Thamires e sua família
Foto: Reprodução

Ele desabafa que agradece muito a Deus porque, sem ele, Thamires não suportaria o que suportou enquanto estrangeira. “Quando a gente olha para trás, vê tudo o que passamos, toda a trajetória e o que nós e ela tivemos que abrir mão… E, agora ela está lá realizando o sonho dela de jogar lá fora, se destacando entre as melhores. Levando para o lado de se espelhar, acho que é bom ter uma boa referência. Eu tenho certeza que ela teve uma referência legal e, agora, ela como uma referência do projeto, para nós é muito bacana! Eles (os alunos) acreditam que também podem alcançar! A visão que passamos para ela é a visão que passamos para os nossos alunos, de que sempre poderão chegar mais longe!“, diz ele, animado. Henrique também ressaltou como é triste que o basquete feminino não tenha tanta visibilidade quanto o masculino.

Compartilhe este post com seus amigos

Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram
WhatsApp

EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

Contato:
[email protected]