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“É humilhante, porque estamos abandonados”, diz moradora sobre situação de parquinhos no Alemão

Um dos únicos espaços de lazer para crianças da comunidade, moradores do Morro do Adeus e Palmeiras exigem há anos a revitalização
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

A ausência de áreas de lazer para os moradores de comunidades é uma realidade presente até hoje. E, quando se tem esses espaços, as condições para atividades não são as ideais. É o caso da pracinha na Rua Horácio Picoreli no Morro do Adeus, umas das comunidades do Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio. Há anos os moradores da localidade pedem a revitalização da praça.

O local apresenta inúmeros problemas, como: grades soltas, piso irregular, árvores para serem podadas, manutenção dos brinquedos, como o do balanço, e outras coisas. 

Abandono

A situação há mais de 10 anos é um incômodo para quem mora na localidade. Desde a sua fundação, a pracinha recebeu poucas intervenções públicas e o lugar foi sendo deixado de lado.

 “O um dos poucos reparos que teve aqui foi quando o balanço soltou e eles (secretaria de conservação) vieram prender. E nem isso porque pouco tempo depois ele se soltou e uma das meninas aqui caiu e ficou com um galo na cabeça. Temos medo ainda daquilo ali (grades do campinho de terra) cair, quando venta muito forte isso aqui balança que só. Quando chove aqui vira piscina. Não tem caimento no campo”, relatou a moradora Katia Tavares, de 57 anos.

Katia (ao centro da imagem de camisa florida verde e máscara preta) fala com as outras moradoras da rua. Ela já solicitou intervenções no local em diversos momentos, mas não foi atendida.
Foto: Vilma Ribeiro/ Voz das Comunidades

Indignação

Também moradora da localidade Maria Mendes de 56 anos, comentou a respeito da atual situação. “É humilhante, porque estamos abandonados. Um descaso total conosco. Porque pagamos nossos impostos. Já pedimos para Deus e o mundo e não somos ouvidos”, desabafou a moradora.

Maria Mendes mostra uma das grades soltas do campinho de areia
Foto: Vilma Ribeiro/ Voz das Comunidades

Dona Luciana Farias, de 60 anos, leva a neta para brincar no parquinho, mas fala da preocupação no local. “Aqui tem muitas crianças, mas não tem muito o que elas fazerem. Então, sobra essa praça aqui para elas brincarem. É perigoso. Espero que haja melhoria para elas terem um lazer. Vendo o parque assim nos sentimos rejeitados”, afirmou ela.

Sofia, neta de Luciana, observa o as grades soltas do banco enquanto brinca.
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

Problemas presente em outros lugares

O problema infelizmente não é uma exclusividade da Rua Horácio Picoreli. Próximo dali, na UPA Zilda Arns, na Estrada do Itararé, também no Complexo do Alemão, o parquinho infantil da unidade se encontra em péssimas condições. Observa-se brinquedos sem pintura, escorrega faltando partes e o balanço sem o banco para as crianças balançarem.

Liliane observa os filhos no parquinho da UPA do Alemão.
Foto: Vilma Ribeiro/ Voz das Comunidades

Liliane Cristine, de 29 anos, é moradora do Morro das Palmeiras. Ela ao ir à unidade para receber algum atendimento deixa os filhos na área de lazer infantil. Agora, lamenta o estado do parquinho. “É triste este abandono! Não só aqui mas lá nas Palmeiras também onde moramos vemos a mesma situação de abandono destes espaços. Além do parquinho, a clínica também que tinha lá em cima… Enfim, muita coisa foi se acabando nos últimos anos”.

Em nota, a Comlurb afirmou que irá fazer uma vistoria nos locais citados na demanda, no início da semana que vem, para avaliar os reparos necessários e programar os que forem de atribuição da Companhia. Informou também que uma equipe de revitalização de praças da Comlurb fez reparos em brinquedos da Rua Horácio Picorelli no dia 31/07.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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