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Escolas de samba da Série Bronze fazem a festa na Intendente Magalhães

No segundo dia de desfiles, apresentações tiveram carros luxuosos, homenagens e manifestações relembrando as vítimas de Petrópolis
Componetes da Mocidade Unidos do Santa Marta estavam animados pela volta do carnaval (Foto: Vilma Ribeiro)

A avenida Intendente Magalhães voltou a ser palco do carnaval mais famoso da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Desta vez, quem ganhou a atenção das fotos do público e observação do júri técnico foram as escolas do grupo bronze. Passaram pela Intendente as escolas Mocidade Unida do Santa Marta, Acadêmicos do Jardim Bangú, União Cruzmaltina, Império de Petrópolis, Acadêmicos do Dendê, Acadêmicos do Peixe, Império Ricardense, Vicente de Carvalho, Guerreiros Tricolores, Unidos de Manguinhos, Acadêmicos de Jacarepaguá e Arrastão da Cascadura.

Abrindo a noite de desfiles, a Mocidade Unida do Santa Marta veio com o samba e a bola no pé. Homenageando o ex-jogador Jairzinho, o Furacão da seleção brasileira da década de 70, a escola trouxe momentos da vida do ex-atleta. A comissão de frente, além das arrancadas, comemorou gols na avenida. As cores laranja, azul e amarelo do casal do primeiro casal de mestre e sala e porta bandeira da Mocidade harmonizou a fantasia. As baianas da escola trouxeram o time do Botafogo na saia, relembrando o momento da vida do homenageado. A escola veio bem colorida e o público a recepcionou bem. Fechando o desfile, Jairzinho acenava do último carro da Mocidade Unida do Santa Marta.

Furacão veio como destaque no último carro da escola
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

A Acadêmicos do Jardim Bangú iniciou o desfile prejudicada pelo sistema de som na Intendente Magalhães, este que apresentou falhas desde o primeiro dia de desfiles. Mesmo sem microfones, a escola foi incentivada pelo público na avenida. Palmas e gritos empurraram e animaram os componentes. Com o enredo “Entre lendas, culturas e mistérios, Jardim Bangú deságua num Rio-Mar de Amor”, a escola abusou das cores verde água e o azul marinho e ainda flertou com um vermelho e com o laranja em algumas fantasias. O refrão caiu no gosto do público, junto com a paradinha orquestrada pelo mestre Zumbi, muito aplaudida.  A escola apresentou um grandioso carro alegórico azul com vasos, mas deixou faltar um componente.

Até quem não é vascaíno cantou o refrão da Cruz Maltina, terceira escola da noite. Não bastando o refrão fácil citando o nome do time, a agremiação veio imponente para o desfile na Intendente Magalhães. Com o enredo “O Meu Coração é a Tua Moradia”, a escola homenageou o time carioca do alto da colina. A comissão de frente representou guerreiros com elmos nas cores preto e branco que abriram espaço para um luxuoso casal de mestre-sala e porta-bandeira. Emanuel Lima e Thainara Matias se apresentaram para os jurados com uma fantasia que brilhava nas cores preto e dourado, sobrepostas por vermelho e laranja. Outro ponto alto da agremiação foi o abre-alas da escola. O mascote do time puxava uma gigantesca caravela vascaína, emoldurada por destaques, espelhos e fumaça. As fantasias estavam bem acabadas, mas ainda assim, componentes da ala das baianas desfilaram sem fantasia. Dando show a parte, a ala de passistas da escola agitou o público e os jurados, parecendo sambar em sincronia. Após a bateria se apresentar para o júri, a escola correu para finalizar no tempo de apresentação.

A Império de Petrópolis seria a quarta escola da noite, mas, devido a chuva que atingiu a cidade em fevereiro, a escola perdeu fantasias. Em homenagem às vítimas do ocorrido, componentes da Império da Petrópolis desfilaram sem harmonia, fantasias ou carros alegóricos. Apenas o ritmado bater de um surdo solitário rompia os momentos de silêncio na Intendente Magalhães. O público, por sua vez, aplaudia o pavilhão, apenas com um casal de mestre-sala e porta bandeira que puxava os demais integrantes da escola, que seguravam faixas com os dizeres “#abracepetropolis” e “#todosporpetropolis”

“Uma Viagem Encantada ao Imaginário Infantil”. Essa foi a proposta da Acadêmicos do Dendê para o carnaval de 2022. Exaltando brincadeiras infantis e personagens de contos de fada, a escola levou muitas cores para a avenida. Na ala das crianças, príncipes e princesas vibravam. As baianas giravam como piões. Inclusive, era esse o brinquedo que estava na fantasia delas. Mas, o que mais chamou a atenção do público foi o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Raphael Nascimento e Cassiane Figueiredo. Fantasiados de personagens de Alice no País das Maravilhas, Cassiane estava fantasiada de Rainha de Copas enquanto Raphael, de Chapeleiro Maluco. Em entrevista concedida na concentração, o casal falou sobre a expectativa do desfile depois de dois anos sem pisar na avenida. “Esse desfile significa celebrar a vida. Passamos por um período com muitas perdas com a pandemia e, por mais que a gente sinta muito, temos que celebrar quem está aqui”.

Cassiane e Raphael encantaram as crianças e os jurados na Intendente Magalhães Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

“Nós Vamos Invadir Sua Praia” avisou a Acadêmicos do Peixe em seu enredo. Sexta escola a entrar na Intendente, fez um histórico de como as pessoas frequentavam as praias cariocas, abordando personagens que satirizavam desde burgueses aos farofeiros. Foi a única escola da noite a trazer uma apresentação teatral na sua comissão de frente, onde um casal aristocrata discutia sobre a autenticidade da praia enquanto o pobre tomava banho de barril. A porta bandeira chamou a atenção pela bóia na sua cintura e a ala do guarda vidas divertiu o público. Destaque para a ala de roupas de banho que sacudiu a Intendente Magalhães com a animação.

A Império Ricardense trouxe um enredo indígena para seu desfile. As baianas apresentaram um formato curioso de saia. Ao invés de circular, ela era mais aberta dos lados. A bateria trouxe uma balbúrdia muito bem cadenciada para o desfile. A Império Ricardense trouxe uma novidade para a Intendente Magalhães que foi a exploração do carro alegórico na parte traseira, com uma grande onça pintada deitada. Aproveitando uma parada da escola, o segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira evoluiu bastante para os jurados e o público vibrou muito.

A Vicente de Carvalho falou sobre o samba, vindo do continente africano para o Brasil. A escola animou o público com representações marcantes para a avenida, como o destaque no carro representando a mulher negra africana. A escola foi uma das poucas que trouxe um casal de mestre-sala e porta-bandeira sem esplendor. Além disso, uma ala coreografada animou os foliões da Intendente Magalhães e a bateria chamou na palma da mão durante as paradinhas ensaiadas pelo mestre Papagaio.

O dia ainda não tinha raiado quando a Guerreiros Tricolores entrou na avenida. Com um tema afroreligioso, a escola trouxe uma proposta de homenagem a Ogum, São Jorge no sincretismo. Com muito colorido, a escola também trouxe ala coreografada e carros alegóricos com adereços na parte traseira. A comissão de frente teve muito capricho com saiotes em laranja que se fechavam em sequência por um movimento da coreografia. Para fechar o desfile, a escola trouxe um tripé grande de São Jorge.

Homenageando Maria Helena, a eterna porta-bandeira da Imperatriz, a Unidos de Manguinhos trouxe algumas lágrimas para a avenida, mescladas com sorrisos pela volta do carnaval. A comissão de frente traçou a trajetória de Maria Helena, finalizando com uma bandeira relembrando o nome do ícone da Imperatriz. Celebrando a volta do carnaval, Dona Celeste, de 81 anos, chegava à Intendente Magalhães como baluarte da escola. Em entrevista ao Voz das Comunidades na concentração, ela falou sobre a alegria em voltar para os desfiles das escolas de samba. “Entrei como passista quando era criança e hoje estou aqui como baluarte. Os últimos dois anos foram terríveis, mas ainda bem que voltou!”, comemorou.

Dona Celeste (dir) desfilou como baluarte pela Unidos de Manguinhos Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

Acadêmicos de Jacarepaguá e Arrastão da Cascadura foram as escolas que fecharam a noite de desfile da série bronze. No próximo final de semana, o Voz das Comunidades volta à Intendente Magalhães para fazer a cobertura da série prata. Siga a tag #VozNoCarnaval e acompanhe o carnaval 2022 com a gente!

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Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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