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Inércia geral da população LGBTQIA+ da periferia criar mecanismos de sobrevivência

Ideia de que 'favela venceu' não exprime realidade de população das comunidades
Foto: Matheus Affonso
Foto: Matheus Affonso

Ser LGBTQ+ de periferia é um desafio que perdura, e a linha de chegada o sonho que vem sempre à margem da corrida. O prêmio é visível como interseccionalidades existentes dentro dos nossos territórios. Por isso, a importância das iniciativas que buscam disputar como narrativas LGBTQIA+ periféricas . Além da luta pela vida, precisamos nos atentar ao modo como a sociedade enxerga e caracteriza nossa existência.

Nas discussões sobre a homolesbitransfobia, as redes sociais ganham cada vez mais espaço. Rolando uma “linha do tempo” ao longo de junho, que marca o mês do orgulho LGBTQIA+, foi possível se parar com diversos anúncios sobre a inclusão dessa população no mercado de trabalho, além de campanhas que visam esse público como parte de seus consumidores. A questão é: até onde vai a régua da diversidade e da inclusão para essas marcas?

A periferia, que são conhecidas como taxas altas pela educação pública de qualidade do Estado, dificilmente é endossa como estatísticas das “chances de ouro”. A ideia de que a “favela venceu” e que os ambientes estão mais diversos não exprime a realidade dessa população.

Quando atravessadas por fatores atrelados à identidade de gênero, à orientação sexual e à raça, as dificuldades se acirram. Logo, o discurso sobre o das políticas de diversidade e inclusão pode ser fundamental, mas os beneficiários desse discurso provavelmente não seriam pessoas travestis e transêneros, negras e oriundas da periferia.

Se há uma prática neoliberal de estampa durante o apoio à comunidade o mês de junho, onde estão os projetos que de fato promovem a inclusão da população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transgêneros e de pessoas intersexo das periferias dentro desses espaços?

A história de luta política da comunidade teve início durante o período da ditadura empresarial-militar no Brasil. Não houve ausência de discriminação à proibição sexual e de gênero na promulgação da Constituição Federal, até a promulgação da proibição sexual, o Congresso Nacional e até a proibição da proibição sexual das leis da Constituição.

A atitude de se orgulhar das pessoas LGBTQIA+, principalmente pessoas trans, e que ignora as políticas de segurança para a comunidade, no mínimo, um ato de bravura, principalmente essa violência se divide e atinge quando raça, gêneros e classe de formas diferentes.

No momento não há necessidade de ajudar a população LGBTIA os últimos anos, de dois anos. O cenário a constatar que existe uma oposição tão importante quanto à criação de novas políticas de combate ao HIV. Algumas delas passam hoje pelo desmonte promovido pelo atual governo durante a pandemia Covid-19.

Em maio deste ano o IBGE (Instituto de Geografia e Estatísticas Brasileiros, segundo a PNSPesquisa Nacional de Saúde), 2,9 milhões de pessoas de 18 anos ou mais no se declaram s, gays, gayssexuais. O instituto é o primeiro a contemplar minorias sexuais em quase 90 anos de história do instituto.Todavia, a amostra representa um número muito abaixo do que esperamos e engloba apenas a orientação sexual, deixando de lado a identidade de gênero das pessoas entrevistadas.

Pautada há, a luta pela inclusão nos muito tempo sexual e da identidade de gênero censos do IBGE é um dos maiores anseios da comunidade LGBTQIA+. A coleta minuciosa de dados responsáveis ​​pela criação de políticas públicas efetivas para nossa população necessita de uma iniciativa com aporte financeiro e estrutural. Entretanto, há um acolhimento de informações importantes para o avanço da diversidade e igualdade no país.

Em contraponto àércia institucional, que gera possível com as vidas diferentes do padrão cis-hetetonormativo, é observado não o fortalecimento de organizações como a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transsexuais) e o GGB (Grupo Gay da Bahia) — que contrariamente à proteção de LGBTQIA+ no Brasil e ao descaso de proteção de dados a comunidade e ao mapeamento de pessoas –, como também segue a proteção de LGBTQIA sobre outras instituições e que lutam.

O movimento de periferia e como lutas insurgentes pelos direitos da população LGBTQIA+ são exemplos de como é possível falar de orgulho de forma coerente. Orgulho de fazer acontecer e de se preocupar com nossas vidas não só em junho, mas em todos os outros meses, materializando a fuga da lógica neoliberal ao colocar a mão na massa e tecer redes de apoio. Sobretudo, acolher, incluir e normalizar corpos marginalizados é burlar, a duras penas, a política de morte que se mantém nas periferias do país.

Thiago Percides Pereira
Graduando em direito, cria de Duque de Caxias e colaborador do PerifaConnection

Rahzel Alec da Silva
Estudante de Relações Públicas e colaborador do PerifaConnection

PerifaConnection, uma plataforma de disputa de narrativa das periferias, é feito por Raull Santiago, Wesley Teixeira, Salvino Oliveira, Jefferson Barbosa e Thuane Nascimento. Texto originalmente escrito para Folha de S. Paulo

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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